quarta-feira, novembro 27, 2013

Velocidade do trem estaria 76% maior que limite, diz laudo preliminar

Guindaste tenta retirar vagões que invadiram casa em tragédia em Rio Preto  (Foto: Jessâmine Barbosa/G1)A assessoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres se pronunciou pela primeira vez sobre o descarrilamento de vagões que matou oito pessoas no domingo em
São José do Rio Preto (SP).

A ANTT confirmou por meio da assessoria de imprensa que a velocidade do trem neste trecho do acidente deveria ser de no máximo 25 km/h . Isto porque é uma passagem de nível e em locais assim, por conta do risco, a velocidade estabelecida é menor que a outros trechos de área urbana, onde a velocidade pode chegar a 50 km/h.
A assessoria informou também que a agência, responsável pela fiscalização, aguarda o fim da investigação para saber se a composição trafegava em velocidade superior. Mas como o perito da Polícia Civil adiantou no dia do acidente, a velocidade era de 44 km/h, portanto 76%  maior que o limite estabelecido.
O prazo para investigação da ANTT é de 30 dias a partir da data do acidente, até lá deve ser elaborado um relatório técnico com as conclusões. A última fiscalização da ANTT na cidade foi feita em maio deste ano. Outra informação da agência é a de que só neste ano houve na malha ferroviária que corta o estado de São Paulo 60 acidentes  entre descarrilamentos e choques com veículos , com total de 88 vítimas.
A Polícia Federal vai investigar o acidente que matou oito pessoas e deixou várias feridas no último domingo (24). A Procuradoria da República quer saber se houve falhas da Agência Nacional de Transportes Terrestres, que tem a obrigação de fiscalizar a ALL, empresa responsável pela linha férrea. A falta de manutenção da malha ferroviária e falhas no sistema de freios das composições estão entre as possíveis causas do descarrilamento. A investigação deve ser em Rio Preto e também em Brasília.


O pedido de abertura de inquérito foi feito pelo grupo de trabalho e transportes do Ministério Público Federal. A Polícia Federal terá de apurar as responsabilidades da ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres e da ALL, América Latina Logística. Um inquérito também foi aberto na Polícia Civil.
O descarrilamento de nove vagões aconteceu na área urbana de Rio Preto e é considerado o pior acidente ferroviário da cidade. A população ficou muito sensibilizada com as mortes e quem vive perto da linha férrea está inseguro.
Moradores do Jardim Conceição, onde os vagões descarrilaram, participaram da sessão da Câmara e pedem o apoio dos vereadores para impedir que a ferrovia seja liberada. A linha férrea ainda não foi reconstruída e as famílias querem que os trens parem de passar por dentro da cidade. Os moradores temem que a ferrovia seja liberada e, com medo, tem família se mudando do bairro.
A auxiliar financeira Vanessa Gomes da Rocha mora há dois anos em frente à linha do trem e agora diz que não consegue mais viver no local. “Vou sair daqui porque pode acontecer outro acidente, porque o trem não vai parar de passar, e a gente não tem mais tranquilidade para morar aqui”, afirma.
Ela e o marido são mais duas vítimas do descarrilamento que matou oito pessoas. Tragédia que, na opinião da Associação dos Engenheiros, poderia ter sido evitada se a linha férrea tivesse recebido a manutenção adequada.  “Manutenção é prevenção e manter o sistema funcionando normalmente. O que acredito é um interesse econômico para manter o jeito que está para não gastar com que alguém possa achar desnecessário, mas que é muito necessário para a segurança”, diz Avilson Ferreira de Almeida, presidente da associação.
O delegado responsável pelo caso, Luíz Alberto Bovolon, esteve nesta quarta-feira (27) no local do acidente para ouvir um representante da ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, que teria dito que o limite de velocidade para o tráfego ferroviário, neste trecho, é de 25 km/h, o que contrasta com a versão da ALL.  “A velocidade permitira é até 50 km/h e ele estava a 42 km/h e a ANTT diz que o trecho é a 25 km/h então precisamos ver qual é a velocidade permitida”, afirma o delegado.
Nenhum representante da ANTT foi encontrado, mas ele afirma que o inquérito policial que apura os responsáveis pelo descarrilamento já está em andamento. Os depoimentos devem começar na semana que vem.  “Já foi ouvido o maquinista e retirada de sangue para ver o teor alcoólico”, diz Bovolon.
A Defensoria Pública de Rio Preto também acompanha o caso. O defensor Júlio Tanone informou que teve uma reunião com parentes das vítimas e representantes da ALL. A defensoria quer garantir que as famílias recebem assistência e informou que a empresa está fazendo a parte dela, prestando assistências às famílias.
As famílias que tiveram as casas destruídas estão em imóveis alugados pela empresa.  O defensor disse que será criada uma câmara de conciliação para ajudar nos acordos e pagamentos de indenizações de maneira mais rápida. A ALL também foi notificada e terá de informar quais dos itens acordados com o Ministério Público para melhorar a linha férrea na região foram cumpridos.
A ALL informa que priorizou o atendimento às vítimas e familiares. Para retomar os trabalhos de limpeza no local e reparos na via férrea, a companhia apresentou requerimento à Justiça para garantir as condições de segurança dos trabalhadores.

Reprodução Cidade News Itaú

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