segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Município não iniciou trabalho de combate ao mosquito


Apesar do último boletim da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) apontar Natal e mais 47 municípios do Rio Grande do Norte com risco muito alto de epidemia de dengue, pouca coisa foi feita no sentido de combater o vetor desde o início do ano. A paralisação dos agentes de endemias e a falta de insumos têm contribuído para aumentar o risco de epidemia de dengue, e o Fórum criado pela Prefeitura de Natal para discutir ações e estratégias integradas de combate ao mosquito transmissor da doença só deve surtir algum efeito após o mês de abril.

A chefe do Departamento de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Sidneide Ferreira, reconhece a dificuldade de combater o vetor da dengue, pois a Secretaria não dispõe de insumos necessários para o trabalho de campo. Além disso, desde o mês de outubro, o trabalho de campo realizado pelos agentes de endemias, que deve ser um trabalho permanente, estava suspenso. Desde a última quinta-feira (21), os agentes voltaram ao campo.

“Estamos trabalhando em duas frentes. Na primeira, estamos tentando agilizar a burocracia de nove processos que estão tramitando para compra de insumos e de contratação de serviços. E por outro lado, desde quinta-feira, os agentes retornaram ao trabalho e os enviamos para o campo, com o pouco de material que tinha, para fazer um levantamento rápido de índice do vetor. O trabalho tem que ser permanente e não foi. Daí o prejuízo já vem desde outubro quando eles pararam, mas as medidas cabíveis já foram tomadas”, garantiu Sidneide Ferreira.

Diante do risco do município de Natal sofrer uma epidemia de dengue já no primeiro semestre de 2013, a Prefeitura de Natal criou um fórum, envolvendo diversas secretarias municipais e órgãos da administração, para discutir as ações e estratégias integradas de combate ao mosquito transmissor da doença.  No início do mês, no dia 7 de fevereiro, foi realizada a primeira reunião do Fórum, onde foi apresentada a proposta de regulamento, definindo os objetivos, atribuições e a forma de funcionamento. Uma nova reunião está agendada para o dia 28 de março, quando será aprovado o regulamento e eleito o coordenador do Fórum. “As ações de combate ao vetor da dengue independem do início das atividades do fórum. O fórum veio para somar e agilizar as ações. Conseguiremos dar mais resposta e resolutividade aos problemas”, afirmou.

Sidneide Ferreira, chefe do Departamento de Vigilância à Saúde, conta que o Fórum pretende ir além das ações de combate à Dengue, mas abranger outras possíveis epidemias como as Leishimanioses, raiva, questões relativas à vigilância sanitária, ao meio ambiente, poluição sonora, dentre outras. “Na prática, o fórum formado por secretarias pretende otimizar  e potencializar as ações a serem desenvolvidas em prol da vigilância à saúde, através de reuniões sistemáticas. Os problemas vão aparecendo, a população repassa essa demanda para os entes públicos e estas ações necessárias não podem ser solucionadas apenas no âmbito da saúde, por isso a necessidade desse trabalho conjunto”, afirmou  Sidneide Ferreira.

A representante da Secretaria Municipal de Saúde está confiante de que o fórum possa trazer resultados positivos e concretos. “O diálogo entre os órgãos é a saída mais rápida para solucionar o problema, através do planejamento eficaz das ações”, afirmou Sidneide Ferreira. Para a chefe do Departamento de Vigilância à Saúde, a situação da Dengue em Natal não é animadora.

“Esse é um ano propício para termos uma epidemia da doença, que está clamando por ações emergenciais. Há uma necessidade urgente de eliminarmos os ambientes propícios para a proliferação do mosquito. Em 2011 e 2012, o município de Natal teve picos de dengue, somado a isso, o Programa de Combate ao Vetor sofreu uma descontinuidade, principalmente em relação ao levantamento que é feito das áreas mais afetadas. Para complicar a situação, existem quatro sorotipos circulando na população, deixando todos mais vulneráveis a doença”, destacou Sidneide Ferreira.

A finalidade do Mapa de Vulnerabilidade divulgado pela Sesap é fornecer subsídios que possam auxiliar na delimitação das áreas que necessitam de maior fortalecimento das ações de combate ao vetor e organização dos serviços de saúde. A possibilidade de ocorrência de chuvas na capital e em algumas cidades do interior do Estado, a partir do mês de março, também é um fato que serve de alerta para um possível aumento no número de casos da doença.

O mapa de vulnerabilidade é elaborado a partir de uma matriz estatística, cuja classificação final de risco é um indicador composto pelos seguintes parâmetros: Incidência de dengue nos últimos 10 anos (número de casos suspeitos por cada 100.000 habitantes), Índice de Infestação Predial de 2009 a 2011 (Porcentagem de imóveis que possuíam focos positivos de dengue), Índice de Infestação Predial de 2012, Índice de Pendências de 2012 (Porcentagem de imóveis que não foi realizada a visita domiciliar do agente de endemias) e Densidade Demográfica de 2012.

Em 2012, foram notificados 12.529 casos de dengue em Natal, tendo a zona Leste como a área de maior incidência de focos do mosquito. Entre os bairros, os riscos estavam localizados em Igapó, Potengi e Nova Descoberta. O Ministério da Saúde recomenda a cobertura de trabalhos preventivos em 90% dos imóveis da cidade. Natal chegou apenas a 55,9%, agravando o quadro projetado na reunião.

Reprodução Cidade News Itaú

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