terça-feira, janeiro 29, 2013

Polícia Civil diz que extintores de boate em Santa Maria (RS) "não funcionavam ou eram falsificados"



Extintores supostamente falsificados, falta de iluminação de emergência e o uso de sputniks de uso externo, "por uma questão de economia", foram as principais irregularidades destacadas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na boate Kiss em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29). O incêndio causou a morte de 234 pessoas --a maioria jovens universitários.

Na entrevista, delegados e promotores criminais do caso falaram sobre as provas técnicas e testemunhais coletadas até o momento. De acordo com o delegado, a maior parte das provas veio a partir das mais de 40 testemunhas já ouvidas no inquérito, que durará, segundo ele, "no mínimo 30 dias".

Arigony citou "cinco ou seis circunstâncias" que, avaliou, se referem a irregularidades na boate e que contribuíram para as mortes e as dezenas de feridos.

"Pela prova testemunhal, temos indícios de que os extintores da casa não funcionavam ou mesmo podiam ser falsificados", citou.

"Já o sputnik [artefato pirotécnico] usado pela banda era um elemento para ser jogado ao ar livre, e os responsáveis sabiam disso. E mesmo sabendo disso, quem o jogou no ambiente fechado usou aquele que é mais barato por uma questão de economia: ao ar livre, se usaria o sputnik de R$ 2,50. Para ser usado ali dentro, teria que ser um de R$ 70".

O delegado afirmou ainda haver indícios, conforme os depoimentos, de que as iluminações de emergência da boate não estivessem funcionando adequadamente. Para Arigony, isso fez com que, por exemplo, muitos jovens corressem para os banheiros da Kiss pensando ser saídas de emergência. Com isso, morreram asfixiados.

"Por uma série de circunstâncias, esta casa não deveria estar funcionando", atestou o policial, pouco antes de a entrevista coletiva ser interrompida por um grupo de manifestantes que pediam justiça e gritavam em coro: "Prefeitura omissa, queremos Justiça". 

A reportagem do UOL tentou contato com os advogados dos sócios da boate, mas nem Jader Marques, que defende Elissandro Spohr, nem Mário Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, atenderam os telefonemas.

Desrespeito às leis estaduais
Conforme apuração feita pelo UOL, a boate Kiss não poderia funcionar, segundo as leis do Rio Grande do Sul. Um decreto estadual de 1998, válido em todo o território gaúcho, obriga casas noturnas construídas em casas térreas a terem ao menos duas saídas, sendo uma de emergência, em lados opostos do imóvel.

O estabelecimento onde aconteceu a tragédia tinha apenas uma porta que funcionava como entrada e saída, o que dificultou a saída dos clientes quando o fogo começou e obrigou os bombeiros a abrirem um buraco na parede externa para auxiliar no salvamento.

Reprodução Cidade News Itaú

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