Os rebeldes sírios tomaram este domingo um campo de petróleo, o primeiro desde o início do conflito, no leste da Síria, e derrubaram um avião na mesma região, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Em Damasco, o OSDH, ONG opositora radicada no Reino Unido, reportou ter havido uma mobilização policial importante, com interdição de estradas, após combates ao amanhecer e um atentado em um bairro que abriga vários centros do aparato de segurança.
Segundo a imprensa oficial, houve 11 feridos no atentado, que atribuiu a grupos "terroristas". O ataque ocorreu em um estacionamento atrás do hotel Dama Rose, onde está o representante do enviado internacional, Lakhdar Brahimi.
No leste do país, os rebeldes tomaram um dos principais campos petroleiros da província de Deir Ezzor, que possui as maiores reservas da Síria.
A produção de petróleo síria, que era de 420.000 barris por dia antes do início do conflito em março de 2011, caiu à metade.
"Os rebeldes tomaram o controle da jazida de Al Ward, ao leste da cidade de Mayadin, ao fim de um cerco de vários dias", destacou o OSDH.
Quase 40 militares responsáveis pela segurança do local morreram, foram feridos ou capturados, segundo a ONG.
Os combates duraram várias horas, afirmou à AFP Abdel Rahmane, diretor do OSDH.
Os rebeldes também assumiram o controle de um tanque, de vários veículos blindados e de munições. Segundo o OSDH, os insurgentes abateram na mesma região um avião do exército regular.
A aviação pró-Assad, o principal trunfo militar do regime, atacou este domingo várias regiões, entre elas a Ghuta Oriental, a zona rural que cerca a capital, segundo o OSDH. No sábado tinham morrido na região 14 pessoas, vítimas de bombardeios.
No norte do país, os aviões mataram quatro civis em Al Bab, segundo a mesma fonte, e atacaram a região de Idleb (noroeste), com um balanço de 19 mortos.
Em Deraa (sul), dois rebeldes e quatro soldados morreram em combates, segundo o observatório.
Este domingo, morreram no total 134 pessoas, entre elas 86 civis, 27 rebeldes e 41 soldados, segundo balanço do OSDH, que tem como base uma rede de militantes e fontes médicas.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou ter conseguido entrar pela primeira vez em dois bairros cercados da cidade de Homs (centro) para distribuir ajuda humanitária a seus moradores.
No nível político, começou este domingo em Doha uma reunião com vistas à reforma do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora acusada pelos Estados Unidos de não ser suficientemente representativa. Na quinta-feira estão previstas discussões com membros de outras organizações de oposição síria.
Em sua primeira visita como chefe de Estado à Arábia Saudita, o presidente francês, François Hollande, se pronunciou sobre o tema defendendo que "a oposição síria se constitua em um governo" transitório.
Washington, por sua vez, pressiona o CNS para que supere suas divisões. A criação de um governo no exílio dirigido por Riad Seif, ex-deputado que passou vários anos na prisão, chegou a ser aventada.
Seif, no entanto, negou neste domingo que tenha a aspiração de presidir um governo no exílio e afirmou que trabalha para que a oposição tenha uma nova direção política.
"Em nenhum caso serei candidato a dirigir um governo sírio no exílio", disse, antes do início da reunião do CNS, Seif, que passou vários anos na prisão.
"Tenho 66 anos e muitos problemas de saúde", argumentou Seif, que sofre de câncer.
Ele disse se limitaria a "ajudar a formar uma direção política que satisfaça o povo sírio e o mundo" e destacou que sua iniciativa "não é um substituto do CNS, mas deve ser um componente importante do mesmo".
Também neste domingo, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, chegou ao Cairo para abordar o conflito na Síria.
A Rússia, aliada antiga do regime sírio, a quem fornece armas apesar das críticas internacionais, bloqueou três vezes junto com a China as resoluções internacionais na ONU contra o regime de Bashar al Assad.
Pouco após sua chegada, Lavrov se reuniu com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, e com o emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, constatou a AFP.
Lavrov também se reunirá com o presidente egípcio, Mohamed Mursi, e seu chanceler, Mohamed Kamel Amr, para falar sobre a Síria e a Líbia.
Na segunda-feira, ele seguirá para a Jordânia para se reunir com o rei Abdullah II.
Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú
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