quinta-feira, novembro 01, 2012

Brasileira é condenada na França por matar marido por envenenamento


  • BBC
    A brasileira Denize Soares, que foi condenada pela Justiça francesa pelo assassinato de seu marido
A brasileira Denize Soares foi condenada nesta quarta-feira (31) pela Justiça francesa a 17 anos de prisão pelo assassinato premeditado, em 2004, de seu marido francês, Sébastien Brun, durante as férias do casal no Bahia, afirmou à BBC Brasil Claude Coutaz, advogado da família da vítima.

Brun, 31 anos, dono de uma floricultura em Grenoble, no sudeste da França, foi envenenado com cianureto, segundo as investigações.

Seu corpo, enterrado em uma pedreira em Cabuçu, na Bahia, só foi encontrado em 2008, após uma denúncia anônima feita por uma testemunha brasileira.

A sentença, determinada na noite desta quarta-feira da França pelo tribunal criminal de Isère, foi superior à pena requerida pelo ministério público, de 15 anos de prisão.

"Nossa interpretação é que a Justiça acrescentou dois anos à pena requerida em razão da atitude de Soares, que mentiu até o fim do julgamento afirmando ser inocente para escapar da punição, e também pelo seu comportamento no tribunal, que misturou gritos de raiva e lágrimas", disse Coutaz.

"A família de Brun está decepcionada por não ter ouvido a verdade da boca de Soares, mas está satisfeita com a sentença e com o fato de que a Justiça estabeleceu a verdade sobre os fatos", acrescentou o advogado dos parentes.

Fraude e falsificação
A brasileira também foi condenada por fraude e falsificação de documentos, já que ela esvaziou, segundo as autoridades, as contas bancárias de Brun, imitando sua assinatura, e liquidou dois seguros de vida em seu nome no valor de 30 mil euros, além de vender o carro do marido.

Durante o julgamento, iniciado em 15 de outubro, a brasileira negou o crime e acusou seu irmão, Messias Soares, como o único autor do assassinato.

Messias, que confessou à Justiça brasileira ter ajudado a enterrar o corpo do francês e está em liberdade, declarou no julgamento, por teleconferência, "não ter nada a ver com isso".

Segundo Coutaz, a Justiça brasileira irá realizar uma nova perícia psicológica para determinar se Messias teria distúrbios mentais e poderia ser considerado incapaz de responder pelos seus atos.

Falsos postais
O ministério público francês apontou nas audiências as inúmeras contradições da brasileira, que apresentou várias versões sobre o desaparecimento do marido no Brasil.

"Faz anos que eu tento fazer com que ela diga a verdade, mas ela não quer e não consegue falar a verdade", disse aos jurados uma das advogadas da brasileira, Joëlle Vernay.

Segundo ela, Soares seria uma mulher "destruída, sozinha, perdida e mitômana".

Após a viagem de férias do casal ao Brasil, em agosto de 2004, Soares retornou à França com o filho do casal, Pierre, na época um bebê de oito meses, e disse à família do florista que Brun havia "caído no charme do Brasil" e decidido prolongar sua estadia no país.

A baiana, que fez viagens ao Brasil para supostamente buscar o marido que a teria abandonado, chegou a enviar à família do francês falsos cartões postais, escritos em nome de Brun, para não levantar suspeitas sobre o seu sumiço.

Ela também fingiu ter recebido um suposto telefonema do marido para anunciar a ruptura do casal.

Sete meses após o desaparecimento de Brun, seus pais decidiram, em março de 2005, ir à Bahia para procurá-lo.

Mas eles descobriram no Brasil que ninguém morava no endereço indicado e que a família de Soares pensava que o marido tivesse voltado à França após suas férias.

Como a brasileira já está em detenção preventiva há cinco anos e quatro meses, esse período será deduzido de sua pena de 17 anos de prisão.

De acordo com Coutaz, ela poderá recorrer à liberdade condicional no prazo de três anos, após ter cumprido metade da sentença.

No julgamento, um ex-amante de Soares, um engenheiro francês que a ajudou a falsificar papéis do florista, testemunhou ter sido drogado com uma forte dose do tranquilizante Lexomil, pouco após ter anunciado o fim da relação.

Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú

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