terça-feira, junho 05, 2012

Com perícias, PF espera provar cartel e se havia apoio legislativo


Cézar Alves

Delegado Eduardo Bonfim (à esq) mostra-se confiante com as apreensões; ao seu lado, Marinaldo Bar
Os equipamentos eletrônicos que foram apreendidos nos escritórios dos empresários e nos gabinetes da Câmara Municipal de Mossoró deverão confirmar a existência de um cartel de combustível, apoiado pelo poder público. Essa é a expectativa da Polícia Federal. O delegado responsável pela investigação, Eduardo Benevides Bonfim, afirma que a perícia será parte fundamental para “corroborar com o que já foi descoberto”, pela investigação.
O material eletrônico foi entregue a um departamento especializado, na Superintendência da Polícia Federal de Natal, e não há um prazo para a conclusão das perícias. O delegado Eduardo Bonfim mostra-se otimista com o que foi apreendido, já analisando preliminarmente pelos policiais.
“O que foi encontrado era o que já se imaginava que seria encontrado. O que estamos com maior ânsia de saber é o resultado das perícias, dos documentos que estão contidos nos equipamentos eletrônicos. A gente não acredita que trará novidades, acredita que vai corroborar com o que já foi descoberto”, esclarece Bonfim.
Por enquanto, o delegado federal diz não ter um prazo de quando essa parte da investigação será concluída, deixando transparecer que irá pedir prorrogação de sua investigação devido a grande quantidade de objetos que foram apreendidos.
Segundo Bonfim, somando escritórios dos postos de combustíveis investigados e os gabinetes da Câmara dos Vereadores de Mossoró, dá um total de 20 mandados cumpridos, apreendendo documentos em papel e inúmeros arquivos digitais em aparelhos eletrônicos.
“Foi apreendido o necessário para elucidar alguns pontos que ainda restam obscuros. A análise da documentação não tem prazo. Foram apreendidos computadores e outros equipamentos eletrônicos, que precisam de análise do setor técnico da PF. Após a realização da perícia, é analisado o que foi verificado e por isso não tem como dar um prazo para que seja concluído”, fala Bonfim.
O delegado mostra-se satisfeito com o que foi colhido e explica que, por isso, não foi necessário solicitar a prorrogação dos pedidos de prisão contra os empresários e os dois vereadores investigados. Dos nove suspeitos, oito foram presos na quarta-feira passada. O prazo acabou a 0h de ontem, mas eles foram soltos ainda na noite do domingo passado.
Conforme Bonfim, a liberação dos investigados não representará prejuízo à investigação, ainda em pleno curso. “Estava previsto para acabar ontem (segunda-feira). Foram feitas as diligências necessárias, enquanto eles estavam presos, que foi a reinquirição de todos os envolvidos”, esclarece, referindo-se aos depoimentos prestados pelos oito investigados.
Cada um dos presos prestou depoimento duas vezes. A primeira foi em Mossoró, logo após a deflagração da Operação Vulcano, e a segunda ocorreu na Superintendência da PF, em Natal, onde eles estavam.
O conteúdo dos depoimentos prestados pelos investigados não foi revelado. No entanto, pelas declarações dadas à imprensa pelos advogados que representam os alvos da operação Vulcano, provavelmente, todos negaram a existência do cartel e que também houvesse participação dos vereadores ou dos funcionários da Prefeitura

Revogada prisão de Silveira
O vereador Francisco José Lima Silveira Júnior, um dos alvos da Polícia Federal, teve a ordem de prisão temporária revogada ontem pela Justiça.
Com isso, ele deixa de ser considerado um foragido e ontem mesmo organizou sua viagem de volta ao Brasil. O presidente da Câmara dos Vereadores estava em Cancun, no México, quando a operação da Polícia Federal foi realizada.
O delegado responsável pelas investigações, Eduardo Bonfim, avaliou como desnecessária a prisão do vereador, diante da liberação dos outros.
“Findado o prazo das prisões temporárias concedidas, não seria mais necessário para a investigação a realização de novas prisões que não foram efetuadas”, explica o delegado.
“As pessoas que não foram presas, até agora, não há necessidade de serem presas. A não ser que se escusem a comparecer a intimações... Aí seria uma outra espécie de prisão”, acrescenta Bonfim, referindo-se claramente a Silveira Júnior, único alvo que não foi localizado.
“Em virtude da prisão da maioria dos investigados, entendemos que não se faz mais o cumprimento dessa prisão”, reforça o delegado federal.
Segundo a assessoria de imprensa do presidente da Câmara de Mossoró, Silveira sairia ainda ontem do México, em direção ao Brasil. Ele irá se apresentar espontaneamente na Delegacia da Polícia Federal de Mossoró na quinta-feira. O horário, porém, não foi revelado.

Suspeitos foram soltos no domingo
O vereador Claudionor Antônio dos Santos e os seis empresários que estavam presos na Superintendência da Polícia Federal, em Natal, foram liberados no domingo passado. O prazo da prisão decretada pela Justiça era de apenas cinco dias e não foi solicitada renovação. Ao todo, oito suspeitos de envolvimento com um cartel de combustíveis foram presos. 
Além de Claudionor, foram soltos: Pedro de Oliveira Monteiro Filho, do posto Mossoró; Otávio Augusto Ferreira da Silva, da rede Fan; Pedro Edilson Leite Júnior, Posto Santa Luzia; Robson Paulo Caval-cante, Posto Nacional; Sérgio Leite de Souza, Posto Olinda; e Carlos Otávio Bessa e Melo, Posto Nova Betânia. Na quinta-feira, o empresário José Mendes da Silva, da rede 30 de Setembro, já havia sido solto.
O caso dele foi diferente dos demais investigados. A defesa do empresário alegou que ele tinha mais de 70 anos e tinha problemas de saúde. A estratégia surtiu efeito e ele foi solto um dia após a sua prisão.
Os outros tentaram recursos judiciais, através dos seus advogados, buscando evitar o cumprimento da prisão, que era de cinco dias, mas não foram atendidos pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Norte. O prazo exato de cinco dias acabava a partir da 0h de ontem, mas eles foram soltos na noite do domingo passado.
Os investigados aguardam agora o desenrolar das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal, ainda sem prazo para serem concluídas.


Fonte: Defato/Cidade News Itaú

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