O presidente nacional do PT, Rui Falcão, defendeu nesta sexta-feira a cassação do mandato de Demóstenes Torres e avaliou que, na sua opinião, houve quebra de decoro parlamentar no suposto envolvimento do senador com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse hoje que as novas gravações - que mostram que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) usou o cargo para beneficiar o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira -, “são graves e devem ser esclarecidas”. No entanto, ele evitou fazer comentários sobre os diálogos divulgados pelo GLOBO nesta sexta-feira e afirmou que espera explicações do senador na próxima semana.
Nas escutas, Demóstenes acerta com Cachoeira - preso em fevereiro pela Polícia Federal na operação Monte Carlo por envolvimento com jogos de azar em Goiás - táticas que vão da interferência em processo judicial ao lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso Nacional.
- De posse das informações das investigações, Demóstenes tem que ir à tribuna do Plenário. Não pode demorar. A Casa e o partido esperam as explicações. Ele se comprometeu em carta enviada a todos os senadores e tem o direito legítimo da defesa – disse o presidente do DEM, completando: - Eu acho que esse fim de semana é suficiente para que ele prepare suas respostas.
Segundo Agripino Maia, ainda não foi marcada uma data para reunião da Executiva do partido discutir sofre o desfecho para o caso do senador goiano.
PT pediu à PGR explicações sobre demora para iniciar investigações
Já o presidente do PT considerou que, embora o episódio ainda esteja sendo apurado, tudo indica, pelos depoimentos e gravações, que há uma relação estreita entre o senador e o empresário.
- O Conselho de Ética, se chegar à conclusão de que houve falta de decoro, e no meu entendimento houve, a medida de punição da falta de decoro é a cassação do mandato - afirmou o presidente nacional do PT, que acrescentou: - Tudo indica, pelos depoimentos e pelas gravações apresentadas, que há uma aproximação, uma relação muito estreita entre o senador e o empresário. Se os fatos todos se comprovarem, é preciso que haja medidas legais cabíveis.
Rui Falcão ressaltou que o PT requereu ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel Santos, explicações sobre a demora para iniciar investigações sobre as denúncias contra o senador do DEM. Segundo a Polícia Federal, documentos sobre a relação do senador com o bicheiro foram protocolados na Procuradoria em 2009. No entanto, até hoje, o processo não havia andado. Somente após pressão, a PGR pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a apuração do caso. Na quinta-feira, o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizou a quebra do sigilo bancário do senador.
No Senado, ficou para o dia 10 de abril, depois da Páscoa, reunião para eleição do novo presidente do Conselho de Ética, acéfalo desde setembro do ano passado quando o senador João Alberto (PMDB-MA) se licenciou para assumir a Casa Civil do Maranhão. Quem responde atualmente pelo Conselho é o senador Jayme Campos (DEM-MT), que se declarou impedido de conduzir uma eventual abertura de processo contra Demóstenes por pertencer ao mesmo partido.
O PSOL protocolou representação em que pede a cassação do senador goiano devido às denúncias de ligação do parlamentar com o empresário Carlinhos Cachoeira.
Fonte: Agência O Globo
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