quinta-feira, agosto 17, 2023

Após declarações sobre Bolsonaro, hacker diz que aceita acareação com o ex-presidente

Depoimento do hacker Walter Delgatti Neto na CPI dos Atos Golpistas — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O hacker Walter Delgatti Neto afirmou nesta quinta-feira (17), em depoimento à CPI dos Atos Golpistas, que aceita participar de uma eventual acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


Delgatti fez a declaração ao ser questionado sobre o tema pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Para que uma acareação aconteça, é necessário que um parlamentar integrante da CPI apresente requerimento e que este requerimento seja votado e aprovado pelo plenário da comissão.


Durante o depoimento, Walter Delgatti disse por exemplo que:


Bolsonaro lhe ofereceu indulto caso fosse preso por atuação contra urnas;

Bolsonaro lhe orientou a ir ao Ministério da Defesa e explicar a técnicos como fraudar as urnas;

Bolsonaro lhe pediu que assumisse a autoria de um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal;

o marqueteiro de Bolsonaro lhe orientou a usar um "código-fonte fake" para dizer que o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era passível de fraudes;

a deputada Carla Zambelli o prometeu emprego na campanha de Bolsonaro em 2022.


Diante da resposta de Delgatti, Veneziano Vital do Rêgo defendeu no plenário que a acareação com Bolsonaro seja feita.


Numa acareação, duas ou mais pessoas são colocadas frente a frente – geralmente em sessão aberta – para que os parlamentares possam fazer questionamentos a elas e concluir quem está falando a verdade.


A CPI dos Atos Golpistas ainda não aprovou nenhuma acareação entre investigados ou testemunhas.


A relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), no entanto, tem defendido que a comissão passe a fazer acareações, por entender que alguns depoentes têm mentido em seus depoimentos.


Sigilos de Bolsonaro na mira

À GloboNews, a relatora da CPI afirmou que pretende pedir quebra dos sigilos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele ainda não foi alvo de pedidos de quebra de sigilo ou de comparecimento ao colegiado.


Na última sexta, a PF pediu a quebra de sigilos de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle, e que ambos prestem depoimento no caso dos presentes oficiais negociados de forma ilegal no exterior por assessores presidenciais. Relator do inquérito, o ministro do STF Alexandre de Moraes ainda não analisou esses pedidos.


"Nós vamos pedir além do telemático também os RIFs ]Relatórios de Inteligência Financeira], porque uma das perguntas que nós temos hoje no nosso plano de trabalho é quem financiou. Nós temos quem pensou, quem projetou, mas temos também quem financiou", disse a senador.


"Então, pra gente entender quem financiou, a gente precisa entender esse fluxo financeiro. Daí a necessidade de fazer esse RIF, então é uma solicitação que nós faremos, e uma questão telemática. Então de fato esse é um ponto que nós estaremos apresentando. Sobre indiciamento dele, de posse desses elementos, nós vamos ter a confirmação se ele será indiciado ou não no nosso relatório final", finalizou.


Oferta de indulto


Segundo o hacker, durante reunião no Palácio da Alvorada, antes das eleições do ano passado, Bolsonaro questionou a Delgatti se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas. O hacker afirma que, no encontro, Bolsonaro prometeu que garantiria um indulto a ele, se fosse preso por conta da atuação.



Questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama(PSD-MA), se recebeu garantia de proteção do ex-presidente, Delgatti respondeu:


"Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia."


No encontro, que teria sido intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o hacker afirma que o ex-presidente disse que queria testar a "lisura" dos equipamentos.


"Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse... autenticasse a lisura das eleições, das urnas. E por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro. [...] Lembrando que eu estava desemparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que eu fui até eles."


Fonte: g1

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