quinta-feira, fevereiro 02, 2023

Do Val diz que Bolsonaro enviou carro oficial para levá-lo à reunião em que foi discutido plano de golpe


O senador Marco do Val (Podemos-ES) afirmou nesta quinta-feira (2), em entrevista à GloboNews, que o ex-presidente Jair Bolsonaro enviou um carro oficial da Presidência da República, com motorista, para levá-lo à reunião em que foi discutido um plano para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.


Mais cedo nesta quinta, o senador revelou que, no início de dezembro passado, participou de uma reunião com Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira em que se discutiu o plano golpista.


Segundo do Val, o plano envolvia uma tentativa de gravar uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para tentar obter provas que pudessem levar à anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (leia mais abaixo).


Do Val conta na entrevista que tinha a intenção de ir à reunião com Bolsonaro no carro oficial de senador, mas que Silveira pediu a ele que o encontrasse antes em um estacionamento em Brasília, de onde seguiriam juntos para o encontro.


"Quando eu cheguei lá, o carro já tava lá, o carro do Daniel e mais um motorista do presidente [Bolsonaro]", conta do Val.


"Eu saí do carro e entrei no carro deles e, assim, nós seguimos", completou o senador.


Questionado se ele havia seguido para a reunião num carro oficial da Presidência da República, com motorista da presidência, do Val confirmou: "isso".


Reunião na Granja do Torto


De acordo com ele, no encontro que aconteceu na Granja do Torto, residência de campo da presidência da República em Brasília, Silveira pediu que ele marcasse uma reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.


O ex-deputado, afirma o senador, queria que ele gravasse a conversa com Moraes e tentasse fazer com que o ministro admitisse ter agido de maneira ilegal na condução das eleições presidenciais de 2022.


Moraes era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições do ano passado. Bolsonaro o acusa de ter agido de maneira parcial com o objetivo de beneficiar o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que o derrotou na disputa e foi eleito presidente.


O objetivo seria usar o áudio da conversa com Moraes para anular o resultado das eleições e manter Bolsonaro na presidência.


Segundo do Val, Bolsonaro estava presente no encontro na Granja do Torto, ouviu a proposta de Silveira, mas não se pronunciou enquanto o ex-deputado detalhava o plano.


Bolsonaro, diz o senador, apenas falou ao final do encontro, quando disse que aguardaria uma resposta dele ao pedido para que gravasse a conversa com Moraes.


"Aí, a única coisa que o presidente [Bolsonaro] falou foi o seguinte: 'então tá, então a gente aguarda, e você manda a mensagem'. E aí eu saí dali", relata do Val.


Na entrevista à GloboNews, o senador diz que, para ele, "ficou claro que o presidente [Bolsonaro] já sabia desse assunto antes", ou seja, já tinha conhecimento do plano golpista que seria discutido na reunião.


Do Val conta que Bolsonaro nunca cobrou resposta dele para o pedido de gravar Moraes. O senador diz que comunicou o plano ao ministro do Supremo e, depois, enviou mensagem a Daniel Silveira dizendo que não atenderia ao pedido.


Também nesta quinta, a Polícia Federal solicitou, e o ministro Alexandre de Moraes autorizou, que seja tomado depoimento de Marcos do Val na investigação que apura atos golpistas.


Silveira foi preso nesta quinta, também por decisão de Moraes, devido ao descumprimento de medidas cautelares.


Fonte: g1

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