quinta-feira, dezembro 01, 2022

PL articula operação para isolar Carla Zambelli e evitar atrito com governo Lula

Uma ala do PL – incluindo integrantes da cúpula do partido – defende isolar bolsonaristas radicais, como Carla Zambelli (SP), para evitar atrito com o novo governo Lula (PT).


Carla Zambelli saca arma contra homem negro em São Paulo em 29 de outubro, véspera do segundo turno. — Foto: Reprodução/Twitter


Esse grupo avalia que a relação e o protagonismo dado a Zambelli e outros bolsonaristas considerados bélicos é uma com Jair Bolsonaro (PL) no poder. Mas, com a saída do presidente, tem que ser outra.


“A maioria [do PL] não quer confusão. Se tiver que ser feito embate pela racionalidade, vamos fazer. Mas desse comportamento bélico, estamos fora”, disse ao blog um deputado federal do partido e aliado de Bolsonaro.


O incômodo no PL com radicais aumentou após um grupo de apoiadores de Bolsonaro ir até um jantar da legenda, na terça (29) em Brasília, para hostilizar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que recebeu apoio do PT para disputar a reeleição.


Na porta do jantar, apoiadores foram pautados para constranger Lira, convidado pelo PL, chamando-o de traidor e omisso, e cobraram dele uma posição sobre os atos – golpistas – que apoiadores do presidente têm feito junto a quartéis e em rodovias.


Um aliado de Lira e de Bolsonaro deu o tom da irritação do Centrão com esses radicais agora: após o episódio, sugeriu que Lira orientasse esse grupo a perguntar por telegrama a opinião de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que foi fotografado sorridente no Catar.


Eduardo Bolsonaro quer liderar a oposição a Lula na Câmara e precisa do PL para isso. Ele disputa espaço com Carla Zambelli, sem o pai no comando do Planalto e, por isso, apoia o isolamento da deputada.


No entanto, a vida de Eduardo também não está fácil dentro do partido: o episódio do Catar desgastou ainda mais e desmoralizou seu discurso radical de confronto com as instituições, liderado pelo pai. A avaliação de colegas da Câmara é de que o filho do presidente era o único que não podia ir ao Catar em meio a esse roteiro do pai – e, pior, roteiro que arrastou o partido para um confronto com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).



Portanto, Eduardo também deve ser esvaziado, aos poucos, pela cúpula do partido.


Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no estádio no Catar no jogo do Brasil contra a Suíça na segunda (28). — Foto: Reprodução


Climão: Zambelli questiona Bolsonaro

Durante o mesmo jantar, Carla Zambelli cobrou de Bolsonaro uma orientação do presidente aos apoiadores após a derrota nas eleições.


O presidente se irritou e desviou o assunto, dizendo que não iria falar nada, mas o questionamento aumentou o mal-estar entre os dois. Bolsonaro não perdoa Zambelli por, na véspera do segundo turno, ter perseguido de arma em punho um homem negro em São Paulo. A avaliação é que a cena afastou eleitores indecisos.


Fonte: Blog da Andreia Sadi

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!