quinta-feira, janeiro 21, 2021

Justiça de SP condena Eduardo Bolsonaro a indenizar jornalista em R$ 30 mil por danos morais

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou nesta quinta-feira (21) o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que é filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a indenizar em R$ 30 mil a jornalista Patricia Campos Mello, do jornal "Folha de S.Paulo", por danos morais.


Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de São Paulo e filho do presidente da República. — Foto: GloboNews


Ainda cabe recurso da decisão do juiz Luiz Gustavo Esteves, da 11ª Vara Cível de São Paulo, que também determinou o pagamento de custas processuais e honorários advocatícios no valor de 15%.


A jornalista acionou a Justiça após ter sido alvo de ofensa de cunho sexual, feita por Eduardo durante uma live transmitida em maio do ano passado nas redes sociais (leia mais abaixo). Na ocasião, o deputado afirmou que a repórter "tentava seduzir" fontes para obter informações que pudessem prejudicar o governo de Bolsonaro.


O G1 procurou a assessoria de Eduardo Bolsonaro, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.


Ofensas

A live de Eduardo Bolsonaro foi ao ar pelo canal do YouTube chamado “Terça Livre TV”, em 27 de maio de 2020. Na transmissão, o deputado também insinuou que Patricia Campos Mello propagava "fake news" contra o presidente para ganhar promoção no jornal.


“É igual a Patrícia Campos Mello. Fez a fake news de 2018, para interferir na eleição presidencial, entre o primeiro e segundo turno, e o que ela ganhou de brinde? Foi morar no Estados Unidos. Correspondente, né?, acho que da 'Folha de S.Paulo', lá nos Estados Unidos”, disse o deputado.


Para o magistrado que julgou a ação, entretanto, o filho do presidente cometeu "ofensa à honra da autora, posto que o requerido lhe imputou, falsamente, (a) a prática de fakenews e, via consequência, a conquista de uma promoção no trabalho e (b) que teria se insinuado sexualmente para obter informações do seu interesse".

"Ocupando cargo tal importante no cenário nacional –sendo o deputado mais votado na história do país, conforme declarado na contestação– e sendo filho do atual presidente da República, por óbvio, deve ter maior cautela nas suas manifestações, o que se espera de todos aqueles com algum senso de responsabilidade para com a nação", disse o juiz Luiz Gustavo Esteves.


"Nesse momento tão sensível pelo qual passamos, com notícias terríveis sendo divulgadas pela imprensa todos os dias, muitas das quais, diga-se de passagem, poderiam ter sido evitadas, com o mínimo de prudência das figuras públicas, sem divulgação, aqui sim, de fake news."


Patrícia Campos Mello é uma das jornalistas mais premiadas do país, vencedora da última edição do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa e do Prêmio Rei da Espanha.


Ela também é autora de um livro chamado "A máquina do ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital" (Cia. das Letras), que investigou o uso de fake news e disparos em massa por WhatsApp na campanha de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro presidente.


Fonte: G1

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