terça-feira, outubro 20, 2020

Após senador ampliar licença, Barroso suspende afastamento, e STF retira caso da pauta

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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta terça-feira (20) os efeitos da decisão que determinou o afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) do mandato. A decisão foi tomada após Chico Rodrigues ter se licenciado por 121 dias.


Chico Rodrigues foi flagrado na semana passada pela Polícia Federal com R$ 33 mil na cueca, e o plenário do STF julgaria o afastamento do parlamentar nesta quarta-feira.


No entanto, após o senador se licenciar, Barroso entendeu que "não mais se torna necessária a submissão imediata da matéria ao plenário". Assim, atendendo a um pedido do ministro, o presidente do STF, Luiz Fux, retirou o caso da pauta de julgamentos desta quarta.


Mesmo suspendendo os efeitos do afastamento, Barroso manteve a proibição de o senador fazer contato "pessoal, telefônico, telemático ou de qualquer outra natureza" com os demais investigados e testemunhas no inquérito que o envolve.


O suplente de Chico Rodrigues, Pedro Arthur Rodrigues, que é filho do parlamentar, deve ser convocado a assumir o mandato.


Os R$ 33 mil foram encontrados na cueca de Chico Rodrigues durante uma operação que cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do parlamentar. O DEM, partido ao qual Chico Rodrigues é filiado, pediu ao STF para acessar as investigações.


A operação apura suposto esquema de desvio de recursos públicos em Roraima. Rodrigues nega as acusações e afirma que o dinheiro serviria para pagar funcionários.


O dinheiro na cueca

Ao decidir pelo afastamento de Rodrigues, Barroso transcreveu parte do relatório da Polícia Federal sobre a operação da semana passada. O texto descreve a apreensão de dinheiro na casa do senador, em Boa Vista (RR), e a tentativa de esconder dinheiro nas roupas íntimas.


"Efetuamos a busca no cofre situado no quarto do Sr. Pedro Rodrigues, filho do Senador, no qual não foram encontrados valores ou documentos relacionados aos fatos sob investigação. Contudo, nesse momento, o Senador Chico Rodrigues indagou ao Delegado Wedson se poderia ir ao banheiro. O Delegado Wedson respondeu que sim, mas informou que o acompanharia", diz o relatório da PF.


"Nesta hora, o Delegado Wedson percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do Senador Chico Rodrigues, que utilizava um short azul (tipo pijama) e uma camisa amarela. Considerando o volume e seu formato, o Delegado Wedson suspeitou estar o Senador escondendo valores ou mesmo algum aparelho celular", prossegue o documento.


O relatório diz ainda que, ao ser perguntado sobre o "volume", Chico Rodrigues negou irregularidade. O delegado que comandava a busca e apreensão decidiu, então, fazer uma busca pessoal no senador. A ação foi filmada, mas o vídeo foi mantido em sigilo.


"Ao fazer a busca pessoal no senador Chico Rodrigues, num primeiro momento, foi encontrado no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas, maços de dinheiro que totalizaram a quantia de R$ 15.000,00", diz o relatório da PF.


A investigação

A investigação da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) apura desvios de cerca de R$ 20 milhões em emendas parlamentares destinadas para o combate à pandemia do novo coronavírus em Roraima.


Segundo a PF, um grupo criminoso formado por políticos, servidores e empresários fraudou licitações para contratar determinadas empresas pela Secretaria Estadual Saúde (Sesau) de Roraima.


A CGU identificou indícios de sobrepreço e superfaturamento nas contratações feitas pela pasta na compra de itens como Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e testes rápidos de detecção da Covid-19.


De acordo com a investigação, há indícios de que o senador utilizou sua influência política para favorecer empresas privadas ligadas a ele durante os processos licitatórios feitos na pandemia. O esquema, segundo a PF, contou com a participação de políticos, empresários e servidores.


O que diz Chico Rodrigues

O senador tem negado todas as acusações e afirma não ter relação com nenhum ato ilícito. Em nota, o parlamentar afirmou:


"Volto a dizer, ao longo dos meus 30 anos de vida pública, tenho dedicado minha vida ao povo de Roraima e do Brasil, e seguirei firme rumo ao desenvolvimento da minha nação."


"Acreditando na verdade, estou confiante na justiça, e digo que, logo tudo será esclarecido e provarei que nada tenho haver (sic) com qualquer ato ilícito de qualquer natureza. Acredito nas diretrizes que o grande líder e Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, usa para gerir a nossa nação", disse.


Análise

Ouça o episódio do podcast O Assunto sobre a situação de Chico Rodrigues:


Fonte: G1

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