quinta-feira, agosto 20, 2020

Bolsonaro contraria ciência e diz a apoiadores que eficácia de máscara é 'quase nenhuma'

 O presidente Jair Bolsonaro fez críticas nesta quarta-feira (19) ao uso de máscaras como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus. Segundo o presidente, a eficácia da máscara é "quase nenhuma".


O presidente Jair Bolsonaro usa máscara durante cerimônia nesta quarta (19) em Brasília — Foto: Adriano Machado/Reuters
O presidente Jair Bolsonaro usa máscara durante cerimônia nesta quarta (19) em Brasília — Foto: Adriano Machado/Reuters


A declaração foi dada no início da noite a apoiadores que aguardavam o presidente na porta da residência oficial do Palácio da Alvorada. Nesta quarta-feira, o Congresso derrubou o veto de Bolsonaro ao uso obrigatório da máscara obrigatório em áreas públicas em todo o território nacional (leia mais abaixo).


No encontro com os apoiadores, por duas vezes, o presidente da República negou a eficácia da máscara, sem apresentar qualquer evidência.


O equipamento de proteção, assim como o uso do álcool e gel e o distanciamento social, reúne consenso da comunidade científica internacional. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda essas medidas para frear o espalhamento da Covid-19.


O diálogo envolveu dois apoiadores, e começou porque uma mulher disse que preferia fazer foto com Bolsonaro em outra oportunidade, quando a máscara não fosse mais necessária. Nesse momento, o presidente usava máscara.


"Foto, só quando não precisar de máscara, viu? Eu espero", disse a apoiadora.


"Tem algum médico aí? Eficácia dessa máscara é quase nenhuma", respondeu Bolsonaro.


"Não, eu espero o dia que a gente não usar mais", comentoua mulher.



"Acho que não tem que ter máscara nenhuma, tem nada ver", afirmou outro apoiador.


Daí, Bolsonaro repetiu: "Eficácia da máscara é quase nenhuma."



Bolsonaro contra a máscara

Em julho, Jair Bolsonaro chegou a vetar trechos de um projeto aprovado pelo Congresso Nacional que tornava o uso da máscara obrigatório em áreas públicas, em todo o território nacional.


Bolsonaro decidiu retirar, do texto, os trechos que falavam do uso em escolas, comércios, templos religiosos e outros locais que geram aglomeração.


O veto foi derrubado pelo Congresso nesta quarta-feira e, com isso, as regras serão promulgadas e entrarão em vigor.


Além das regras gerais, o governo federal acionou a Justiça para que o próprio presidente não fosse obrigado a usar máscara.


A Advocacia-Geral da União (AGU) obteve decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região para derrubar sentença anterior que obrigava Jair Bolsonaro a usar o equipamento em locais públicos.


Mesmo enquanto estava com a Covid-19 – um diagnóstico anunciado por Bolsonaro em redes sociais –, o presidente foi visto pilotando uma moto e conversando com garis, sem máscara, na área aberta do Palácio da Alvorada.


O que diz a ciência?

Desde o início da pandemia, autoridades científicas em todo o mundo revisaram diversas vezes as recomendações para o enfrentamento do novo coronavírus. As mudanças refletem as conclusões de novos estudos e a comparação de evidências que são coletadas conforme a pandemia avança.


Até junho, por exemplo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmava não haver evidências sobre o uso de máscaras por pessoas saudáveis. A prioridade era dada ao uso por profissionais de saúde e pacientes com o vírus.


Naquele mês, a orientação mudou e o uso passou a ser encorajado, ainda que a máscara, sozinha, não seja suficiente para blindar pessoas saudáveis.


Desde então, o uso de máscaras segue recomendado por autoridades sanitárias em todo o mundo. Se utilizada de forma correta, a máscara evita que pessoas doentes projetem o vírus em secreções, e que pessoas saudáveis absorvam o vírus projetado no ar pela boca ou pelo nariz.


Na última semana, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelos médicos Monica Gandhi e Eric Goosby, da Universidade da Califórnia, e pelo pesquisador Chris Beyrer, da Universidade Johns Hopkins, apontou que as máscaras também reduzem a carga viral à qual estamos expostos.


Se infectados, o estudo diz que a manifestação da doença pode ser mais branda ou mesmo assintomática, graças ao uso dos equipamentos. O estudo foi publicado no "Journal of General Internal Medicine".


Fonte: G1

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