quinta-feira, agosto 20, 2020

Saúde do Rio abre sindicância sobre morte de paciente; família diz ter sido comunicada 50 dias após o óbito

A Secretaria Municipal de Saúde determinou a abertura de uma sindicância para investigar a morte de um paciente no Hospital Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio.


Hospital Salgado Filho diz que comunicou a morte de Paulo César através de um telegrama — Foto: Divulgação
Hospital Salgado Filho diz que comunicou a morte de Paulo César através de um telegrama — Foto: Divulgação


A família diz que só foi informada da morte 50 dias depois e que o corpo já foi enterrado, mas eles não sabem quem autorizou o sepultamento.


Paulo César dos Santos Oliveira morreu no dia 1º de julho e a família diz que só ficou sabendo nesta quarta-feira (19), mais de um mês e meio depois do óbito.


De acordo com a filha do paciente, Paulo César estava internado com suspeita de Covid-19 desde o dia 25 de junho, sem nenhum contato com os familiares, pois em casos de pacientes infectados pelo novo coronavírus não estão liberadas as visitas.


No entanto, segundo a família, durante todo este tempo eles estiveram em contato com a unidade e enviavam mensagens perguntando se o paciente estava bem. Eles garantem que recebiam resposta do hospital informando que Paulo passava bem.


A filha dele, Tainara Oliveira, afirmou que muitas vezes ia até o Hospital Salgado Filho para levar roupa de cama limpa e ainda pegavam lençol sujo, levava para casa, lavava e devolvia para o hospital.


A mulher de Paulo diz que soube da morte do marido quando foi levar o filho, que estava passando mal, ao hospital. Ao chegar na unidade, Tainara disse que resolveu tentar ver o pai.


"Entrei lá, olhei leito por leito e ele não estava lá. Aí, a enfermeira falou: você vai na recepção e pede para puxarem o nome dele para saber onde ele está. Quando fui à recepção, ele não estava mais no sistema. E aí fiquei preocupada", disse a filha de Paulo.

Foi então que ela descobriu que o pai havia morrido no dia 1° de julho. Além disso, a filha descobriu que Paulo também só havia sido enterrado mais de um mês depois de declarado o óbito.


"Eu recebi várias mensagens dizendo que ele estava bem, estava estável. Mas aí, não foi nada disso. Eu cheguei aqui e vi. Lá no caderno tá escrito que ele morreu dia 1º do 7 de 2020 e foi enterrado dia 5 do 8 de 2020. Um mês e quatro dias pra ser enterrado. E aí, até agora, eu não entendi quem enterrou, como que enterrou porque os documentos dele todinhos estão comigo", disse Tainara.


A família não sabe por quem Paulo César foi enterrado. Apenas descobriram que o homem foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.


Direção do hospital diz não ter conseguido contato

A direção do Salgado Filho alega que não conseguiu contato por telefone com a família de Paulo César para informar sobre morte do homem. Por isso, a administração afirmou ter enviado um telegrama para os parentes do paciente no mesmo dia do óbito.


"O telegrama é enviado quando a unidade não consegue fazer contato por telefone. A unidade constatou também que o nome do paciente não consta mais na planilha diária de informação aos familiares desde a data do óbito", disse, em nota, a unidade de saúde.

O Salgado Filho acrescentou que está investigando a informação de que a família teria recebido boletins diários sobre o estado de saúde de Paulo César. "A direção garante que tudo será investigado, inclusive se houve algum reconhecimento do corpo", diz no texto.


'Protocolos foram seguidos', diz diretora

Sobre o caso, a diretora-geral do hospital, Carla Cantisano, disse que todos os protocolos foram seguidos. Ela afirmou que a equipe do Salgado Filho tentou entrar em contato com o telefone cadastrado no momento da internação, mas não houve retorno.


"[Então] Foi enviado um telegrama no mesmo dia do óbito para o endereço cadastrado. Os Correios tentou entregar esse telegrama quatro vezes, sem sucesso", alegou a Cantisano.

Sobre a identificação de Paulo César, a diretora afirmou que o procedimento foi realizado pelo Detran do Rio de Janeiro, que teria ido à unidade de saúde e fez a papiloscopia no corpo do homem.


"Nós fizemos o registros, como manda a lei, dentro do prazo, e quando expirou o prazo do sepultamento, nós realizamos o sepultamento porque a gente precisava fazer os procedimentos corretamente", afirmou a diretora.


Fonte: G1

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