quarta-feira, junho 28, 2017

Maduro diz que prédio da Suprema Corte da Venezuela foi atacado por helicóptero

Óscar Pérez em vídeo publicado em sua conta no Instagram (Foto: Reprodução/ Instagram/ Óscar Pérez)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (27) que um helicóptero da polícia científica atacou a Suprema Corte em Caracas. Segundo ele, algumas granadas foram lançadas contra o prédio, e depois o helicóptero sobrevoou o prédio do Ministério do Interior.
O presidente de 54 anos, que enfrenta há três meses protestos da oposição e alguma dissidência dentro do governo, disse que as forças especiais venezuelanas estão buscando os que estão por trás do "ataque terrorista armado".
"Havia no TSJ uma atividade social, isto poderia ter causado uma tragédia. Atiraram contra o TSJ e depois sobrevoaram o Ministério de Interior e Justiça. Este é o tipo de escalada armada que venho denunciando", disse Maduro, acrescentando que uma das granadas não explodiu.
Maduro também disse que ativou as Forças Armadas "para defender o direito à tranquilidade". "A Força Armada toda foi acionada para defender a tranquilidade. Mais cedo ou mais tarde vamos capturar o helicóptero e os que realizaram este ataque terrorista", assinalou o presidente durante um ato por ocasião do Dia do Jornalista, no Palácio Presidencial de Miraflores.
Nas redes sociais, muitos usuários compartilham a foto do helicóptero exibindo uma faixa com os dizeres "350 Libertad", em referência ao artigo constitucional que permite ignorar os governos que não respeitam as garantias democráticas. Nas imagens é possível observar duas pessoas no helicóptero, sendo uma com o rosto coberto.
O artigo 350 da Constituição venezuelana diz que: "O povo da Venezuela, fiel à sua tradição republicana, à sua luta pela independência, a paz e a liberdade, desconhecerá qualquer regime, legislação ou autoridade que contrarie os valores, princípios e garantias democráticas ou mine os direitos humanos".
O presidente informou que a aeronave era conduzida por um homem que foi piloto do seu ex-ministro do Interior e Justiça, Miguel Rodríguez Torres, general reformado que se distanciou do governo e que Maduro acusa de envolvimento em um plano para derrubá-lo.
Segundo o jornal "El Universal", o piloto é Óscar Pérez, investigador do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cicpc).
Em sua conta no Instagram, Pérez publicou vários vídeos em que se identifica como membro de "uma coalizão entre funcionários militares, policiais e civis, em busca do equilíbrio e contra o governo transitório e criminoso".
"Não pertencemos nem temos tendência político-partidária; somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas. Este combate não é com o resto das forças de segurança do Estado, é com a impunidade imposta, e contra o governo nefasto", diz Pérez em um dos vídeos. "Contra a tirania, da morte de inocentes que lutam por seus direitos, contra a fome, contra a falta de saúde, contra o fanatismo", acrescenta.
A Venezuela vive uma onda de manifestações contrárias e favoráveis ao governo de Maduro. Segundo dados do Ministério Público da Venezuela, 76 pessoas morreram e mais de 1.500 ficaram feridas nos protestos.
Ataque no Parlamento
Pouco antes nesta terça, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, afirmou que grupos civis armados atacaram a sede do Legislativo após um confronto entre alguns deputados e agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). O enfrentamento, que ocorreu dentro da Assembleia, deixou duas mulheres feridas, disse Borges a jornalistas.
"Diferentes deputados e funcionários da Assembleia viram efetivos da Guarda Nacional entrando com algumas caixas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Lá ocorreu um confronto entre eles e os deputados", afirmou Borges.
A sessão da Assembleia Nacional foi interrompida, e Borges foi conversar com o coronel responsável pela segurança do parlamento para resolver o conflito de forma imediata. Foi quando os grupos civis, segundo o deputado, atacaram a sede do Legislativo.
O líder da oposição indicou que os deputados abordaram os agentes da GNB para saber o que estava ocorrendo, já que é irregular guardar conteúdos do Poder Eleitoral no Legislativo. Eles não deixaram que os parlamentares tivessem acesso ao conteúdo das caixas, o que deu início ao confronto.
Os civis lançaram rojões e outros artefatos dentro do parlamento, como mostram vídeos publicados nas redes sociais. Além disso, parte da fachada do prédio foi danificada e os manifestantes ameaçam entrar "violentamente" no prédio.
Deputados trancados
Os deputados e os funcionários da Assembleia Nacional permanecem trancados dentro do local, disse à Agência Efe a chefe de imprensa do parlamento, Alicia de La Rosa.
No Twitter, a Assembleia Nacional afirmou que entre os feridos está a deputada opositora Delsa Solórzano e vários profissionais da imprensa. Segundo o órgão, os jornalistas foram agredidos por agentes da GNB.
"Isso que ocorreu hoje se chama Nicolás Maduro, o mesmo Nicolás Maduro que disse hoje que se os votos não servirem, a violência servirá, que se os votos não servirem, as balas servirão", afirmou o presidente da Assembleia Nacional. "O que ocorreu hoje nos dá mais força para continuar lutando por um país democrático e livre", completou Borges.

Fonte: G1

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