terça-feira, junho 06, 2017

Alves foi preso para evitar destruição de provas e movimentação em contas suspeitas, diz juiz

Ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves foi preso na manhã desta terça-feira (6) no apartamento onde mora, no bairro de Areia Preta, Zona Leste de Natal, durante operação da Polícia Federal (Foto: Frankie Marcone/Futura Press/Estadão Conteúdo)

A prisão do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves nesta terça-feira (6) foi baseada no suposto risco, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF), de que o político ocultasse ou destruísse provas, ou movimentasse contas bancárias investigadas na operação Sépsis – um dos desdobramentos da Lava Jato. O argumento do MP foi acatado pelo juiz da 10ª Vara Federal Vallisney de Souza Oliveira.
"Em liberdade como está até agora, Henrique Alves pode livremente movimentar as contas, colocar em nome de laranjas, apagar ou tentar apagar o produto do que se diz ser crime, usar os valores para fins diversos, em prejuízo do processo penal a que responde ou outras investigações que eventualmente venham a ocorrer", diz a sentença.
Os mandados de prisão foram cumpridos na manhã desta terça pelo MPF e pela PF, em operação para apurar irregularidades nas vices-presidências de Fundos e Loterias e de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal.
Além de Henrique Eduardo Alves, a decisão atinge o ex-deputado Eduardo Cunha, o consultor André Luiz de Souza, o banqueiro José Augusto Ferreira dos Santos e o gerente nacional de Fundos Imobiliários da Caixa Econômica, Vitor Hugo dos Santos Pinto. Até as 18h desta terça, apenas André Luiz seguia foragido.
Operação Sepsis
A operação Sepsis foi deflagrada em 1º de julho de 2016 como desdobramento da operação Lava Jato. O objetivo era investigar um suposto esquema de pagamento de propina para liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal.
Entre os alvos da primeira fase da Sepsis estavam o doleiro Lucio Funaro – ligado a Eduardo Cunha, segundo o MP –, o sócio do grupo J&F Joesley Batista e o empresário Henrique Constantino.
Em notas divulgadas à época, Joesley Batista não se manifestou sobre as investigações. Cunha, Funaro e Constantino alegaram inocência, e disseram que prestariam as informações solicitadas pela Justiça.
Também em nota lançada em junho de 2016, a Caixa disse lamentar que " apesar de sua rígida estrutura de governança e de qualidade técnica dos investimentos, um suposto esquema possa ter se utilizado de informações encaminhadas aos membros dos órgãos deliberativos do fundo [FI-FGTS] para obtenção de vantagens escusas".
Os desdobramentos da Sepsis tramitam na primeira instância desde setembro. O caso chegou a ser remetido ao Supremo Tribunal Federal, mas foi entregue à 10ª Vara Federal porque Eduardo Cunha foi cassado e perdeu o foro privilegiado.
Segundo a denúncia, Cunha teve "atuação de destaque" na implantação e no funcionamento do esquema de propina, que também teria beneficiado o ex-ministro Henrique Eduardo Alves. Os crimes teriam sido auxiliados pelo ex-vice-presidente de Loterias da Caixa, Fábio Cleto, que teve a delação premiada homologada pelo STF em junho de 2016.
As ações também se baseiam em depoimentos de oito executivos da Odebrecht, remetidos à primeira instância há pouco mais de um mês pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin.

Fonte: G1

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