terça-feira, junho 06, 2017

Justiça italiana determina libertação de um dos chefes mais sanguinários da máfia


O Supremo Tribunal de Justiça da Itália determinou que o "poderoso chefão" da máfia siciliana, Totó Riina, pode sair da prisão para “morrer com dignidade” em sua casa. Riina, um dos mais sanguinários mafiosos da história da Itália, tanto que ganhou o apelido de “o animal” entre os próprios integrantes do grupo criminoso, está preso desde 1993 e foi condenado dezessete vezes a penas de prisão perpétua por uma longa série de homicídios.
“O direito de morrer com dignidade tem que ser garantido para qualquer preso”, mesmo considerando o “calibre criminal” de Riina", diz a decisão do STJ italiano, que intimou o juiz da Corte de Bolonha, competente em analisar o pedido de liberação de Riina, a reabrir o caso. Até hoje, todas as petições apresentadas pelos advogados de Riina foram rejeitadas pelos juízes.
Segundo o STJ italiano, é necessário verificar se Riina ainda representa uma ameaça à sociedade, considerando sua idade (86 anos) e suas graves condições de saúde (o mafioso sofre de numerosas patologias cardíacas, nervosas e renais).
A decisão do STJ italiano provocou reações enfurecidas das famílias das vítimas de Riina. “Os nossos parentes não tiveram mortes dignas”, protestou a associação dos familiares das vítimas da máfia. Outra razão que gerou protestos foi o fato que a decisão da Justiça da Itália não é comum. Outros poderosos chefões, como Bernardo Provenzano o Luciano Liggio, terminaram seus dias atrás das grades.
Chefe dos chefes
Salvatore Riina, chamado de Totó, foi chefe da Máfia siciliana desde 1982 até sua prisão, ocorrida em 15 de janeiro de 1993. Mas sua carreira criminal começou aos 19 anos, em 1949, quando matou a primeira pessoa, e prosseguiu registrando mais de 200 homicídios realizados com suas próprias mãos ou encomendados.
Entre eles, os atentados que assassinaram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, em 1992. Falcone foi morto junto a sua mulher e aos policiais da segurança em um ataque a bomba que destruiu uma rodovia inteira em Capaci, perto de Palermo. Borsellino foi assassinado junto aos policiais que garantiam sua segurança com um carro bomba posicionado perto da casa da mãe, em Palermo, que ele visitava toda semana. Naquela época, a cidade siciliana era chamada de “Beirute da Europa”, pelo elevado número de homicídios na rua e de carros-bomba que explodiam em suas estradas. Quase todos organizados por Riina, que, não por acaso, era extremamente temido entre os mafiosos.

Riina ficou foragido da Justiça italiana por 23 anos. Mas isso não o impediu de se casar e ter quatro filhos, todos regularmente registrados nos órgãos públicos e batizados em igrejas. Chefe da família dos Corleonesi, Riina desencadeou uma guerra de máfia violentíssima contra a famílias rivais que ensanguentou a Itália entre os anos 1970 e 1980.
Sua ascensão até a cúpula da organização mafiosa ocorreu através de homicídios de outros chefes, sequestros, controle da prostituição, extorsão e, principalmente, tráfico de drogas. Riina eliminou com violência a velha guarda dos chefões mafiosos que eram contrários a se envolver com o tráfico de entorpecentes e chegou a um poder econômico e político tal que conseguiu até eleger um mafioso como prefeito de Palermo: Vito Ciancimino.
Após sua captura, a Justiça italiana o considerou tão perigoso que o condenou não somente a prisão perpétua, mas ao regime carcerário duro do “41 bis”, ou seja, sem nenhum tipo de contato com o mundo externo, nem com sua família nem com seus advogados. A única forma encontrada para evitar que o chefão dos chefões continuasse a controlar seu império.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!