segunda-feira, julho 06, 2015

'Vossa excelência vestiu a carapuça de golpista', diz petista a senador tucano

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), no púlpito, discute com Aloysio Nunes (PSDB-SP)Diante do cenário de crise política no governo Dilma Rousseff, senadores do PT e do PSDB bateram boca nesta segunda-feira
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Ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR) acusou o PSDB de adotar uma postura "golpista" e de "criar um clima" para desestabilizar a gestão petista.

Presente durante a fala, o tucano Aloysio Nunes (SP) reagiu: "Eu sou um senador da oposição. Você chamou a oposição de golpista. Estou contestando". A petista rebateu em seguida: "Não lhe chamei de golpista. Vossa excelência vestiu a carapuça".

Gleisi criticou o tom adotado em convenção nacional do maior partido de oposição. No domingo (5), o senador Aécio Neves (MG) disse que o PSDB terá "coragem para fazer o que tem que ser feito" e que deve se preparar para "ser governo" em breve, em alusão a uma saída de Dilma antes do fim de seu mandato, em 2018.

"Quer se criar um clima de que tudo está ruim, de que a presidenta não tem mais credibilidade. () Não estou dizendo que o país está uma beleza. Eu subo a essa tribuna para dizer que esse país não é a feiura que vossas excelências pintam", disse a petista.

Gleisi teve o apoio do vice-presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO). "Cadê o fato consumado para afastar a presidente da República e o vice? Não tem", disse o peemedebista.

Na tribuna em seguida, Aloysio Nunes rebateu as críticas e comparou o governo do PT a uma "bananeira que já deu cacho, não tem mais o que sair de bom".

"Não desejo o fim do governo da presidente. Quero ganhar deles no voto, em 2018. Mas se acontecer algo antes, () no sentido de interromper o mandato, estaremos em condição de fazer uma transição tranquila e assumir as rédeas", completou.

O PSDB teme ser acusado de golpista, mas optou, durante a convenção do partido, por uma postura agressiva para não repetir o que avalia ser um erro do passado. Em meio ao escândalo do mensalão, em 2005, a sigla resistiu à pressão para encampar o pedido de impeachment do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a tese de que os tucanos estarão, "a depender das circunstâncias, prontos para assumir o que vier pela frente". Para ele, o país perdeu o rumo. "O PT quebrou o Brasil", sentenciou.

Apesar do tom, os tucanos insistiam em dizer que qualquer desfecho se daria "dentro da lei". "Não cabe ao PSDB antecipar a saída de presidente da República. Não somos golpistas", afirmou Aécio.

REUNIÃO

As especulações sobre um fim antecipado do mandato de Dilma motivaram a presidente a convocar, para o fim da tarde desta segunda, uma reunião de emergência com presidentes de partidos aliados e líderes da base no Congresso.

Nas palavras de um aliado, Dilma quer acalmar a base e pedir que os parlamentares a defendam no Congresso "diante desse clima de impeachment".

Auxiliares estimularam que a presidente conversasse com os aliados antes de viajar para a reunião da cúpula dos Brics –Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul–, na Rússia. Ela deve embarcar nesta terça-feira (7) e, em seguida, terá compromissos diplomáticos na Itália. Seu retorno está previsto somente para o fim de semana.

Uma das principais queixas da base, inclusive do PT, é a falta de diálogo da presidente. A última vez que Dilma reuniu o conselho político foi em maio, quando pediu que, em meio ao ajuste fiscal, os parlamentares aliados evitassem apresentar projetos que aumentassem gastos aos cofres públicos.

Fonte: Folha de São Paulo

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