quinta-feira, setembro 04, 2014

Família de cearense morto no RN pede que promotor denuncie mais 7 PMs

José Fernandes Castelo foi morto após furar barreira policial em Mossoró (Foto: Reprodução/Facebook e Gilli Maia/G1)Advogados da família de José Fernandes Castelo, universitário cearense de 19 anos morto por
policiais militares após furar uma barreira policial em abril de 2013 na cidade de Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte, entraram com uma petição junto ao Ministério Público potiguar para que todos os PMs envolvidos na perseguição sejam denunciados à Justiça. Dos oito policiais que participaram da ação, apenas um responde pela morte do rapaz. O MP ainda não se manifestou quanto à petição.
Em fevereiro deste ano, o promotor titular da 5ª Promotoria de Justiça Criminal de Mossoró, Armando Lúcio Ribeiro, ofereceu denúncia apenas contra o soldado considerado responsável pelo disparo que atingiu as costas de José Castelo. Socorro Noronha, mãe da vítima, não concorda com o entendimento do promotor. “O que nós desejamos é que seja feita justiça, e que todos os envolvidos sejam devidamente incluídos na acusação. Três policiais admitem que atiraram contra o carro do meu filho sem qualquer motivo. Então, por que só um deles foi denunciado?”, questiona.

Em contato com o G1, um dos advogados da família acrescentou que a própria Lei Penal impõe que todos sejam responsabilizados na exata medida de cada participação.

Advogado da família argumenta pelo aumento do número de denunciados (Foto: Arquivo pessoal)Advogado da família argumenta pelo aumento do
número de denunciados (Foto: Arquivo pessoal)
“Não dá pra compreender o oferecimento de denúncia somente em relação a um dos envolvidos, quando todos contribuíram, intencionalmente, para a morte de um jovem. Embora ela tenha desobedecido a ordem policial, em momento algum esboçou risco à integridade física dos militares que o perseguiam, a ponto de justificar que nove disparos, pelo menos, fossem direcionados ao veículo da vítima”, comentou Leandro Vasques.
Ainda de acordo com os advogados da família, a concentração das marcas dos disparos, no lado esquerdo do veículo, e em altura acima da dos pneus, caracteriza o risco assumido pelos policiais militares de causar a morte da vítima.

“Protocolamos uma petição ratificando todas essas informações ao Ministério Público, inclusive com base em minucioso laudo pericial que juntamos ao processo. Estamos esperançosos de que o Promotor de Justiça irá corrigir os rumos da apuração”, acrescentou o outro advogado da família, João Victor Queiroz.

Já a família, tem a expectativa de que, ainda este ano, todos os policiais envolvidos sejam denunciados e submetidos a julgamento popular.
Entenda o caso
José Fernandes Castelo, de 19 anos, nasceu em Tauá, no Ceará. Ele morava em Mossoró desde o início do ano passado, onde cursando engenharia civil no campus da Universidade Potiguar (UnP). Ele foi morto na noite de 13 de abril de 2013 após levar um tiro nas costas. O disparo foi feito pela Polícia Militar após o jovem furar uma barreira de fiscalização de trânsito. Na época, segundo informações do 12º Batalhão da PM, o rapaz conduzia um Honda Civic com placas de Fortaleza e, ao ser perseguido, atropelou três pessoas.

Familiares do universitário foram de Tauá (CE) para Mossoró (RN) exigir justiça (Foto: Geangelles Pinheiro/G1)Familiares do universitário foram de Tauá (CE)
para Mossoró (RN) exigir justiça
(Foto: Geangelles Pinheiro/G1)
Ainda de acordo com informações da PM, familiares do rapaz teriam confirmado que ele havia bebido. Segundo perícia preliminar do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), foi encontrado um copo com bebida alcoólica dentro do veículo. O tiro que atingiu as costas de Castelo perfurou a lanterna traseira do lado direito e atravessou o banco do motorista.

A perseguição, conforme registrado pela PM de Mossoró, aconteceu a partir da avenida Leste-Oeste, no Centro da cidade. Consta que o universitário ainda foi perseguido por guarnições da Departamento de Polícia Rodoviária Estadual (DPRE) por várias ruas do bairro Boa Vista, só parando o veículo ao ser alvejado no bairro Nova Betânia.
'Dor sem limites'
Em outubro do ano passado, após seis meses da morte do filho, o G1 entrevistou o pai do universitário. Tyrone Castelo, de 54 anos, é engenheiro civil. Na ocasião, ele disse que ainda tentava superar a perda inesperada do filho. "É uma dor sem limites, um sofrimento profundo que abalou a família por inteiro. Perder um filho é brutal, algo que não desejo nem para o meu pior inimigo", desabafou.
Durante a entrevista, o pai também falou sobre a atitude do filho. "É preciso ser sincero. Ele tinha tirado a carteira há pouco tempo. Acredito que ele bebeu e ao passar pela barreira ficou com medo de ser pego". Entretanto, Tyrone acrescentou que o rapaz só acelerou o carro depois que foi perseguido. "O carro passou com 40 quilômetros na barreira e depois acelerou. Quem não faria isso sendo perseguido, ouvindo tiros?", ressaltou.
Por fim, o pai cobrou punição para os policiais. "Queremos que seja apurado. Que os responsáveis respondam pela ação desastrosa", disse. Além da morte do filho, Tyrone acusa os policiais militares de mentir sobre o que aconteceu no dia da morte de Castelo. "Meu filho não atropelou três pessoas como foi dito pelos policiais. Apenas um motociclista foi atingido e fraturou o pé. Demos toda a assistência e pagamos o tratamento. Além de tirar a vida do meu filho, difamaram o nome dele", acrescentou o engenheiro.

Fonte: G1

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