A capital do Rio Grande do Norte tem a segunda pior sinalização de transporte público entre as principais cidades do país. Esse “pódio” foi obtido em uma pesquisa
da organização não-governamental Mobilize que trata de temas referentes à mobilidade urbana em todo Brasil.
O estudo analisou três fatores de sinalização no trânsito: para pedestres, para ciclistas e para transporte público. Neste último quesito isoladamente, apenas Manaus é pior que Natal. A capital amazonense conquistou 0,2 décimos. A cidade do sol ficou com 0,8 décimos. O mais gritante é que a escala de avaliação vai de 0 a 10 pontos.
Não precisa nem ir à periferia da cidade para verificar que em muitos pontos de ônibus não falta somente a sinalização. Em frente ao Campus Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), na Avenida Senador Salgado Filho, o antigo abrigo da parada ônibus foi retirado recentemente.
Agora, só quem é bom observador, ou quem já utilizar o ponto de ônibus regularmente, sabe que na calçada do instituto há um ponto de ônibus. “Só tive a certeza que parada ainda era aqui porque tinha algumas pessoas e os ônibus estavam parando”, disse Elizangela Soares, técnica em geologia.
Ela estava no IFRN e foi em busca do ponto de ônibus mesmo com o prenúncio de chuva nos céus na manhã desta quarta-feira (14). “Quando eu saí, a chuva estava fininha. A sorte que não aumentou. Isso é horrível porque a gente paga tanto impostos, não tem abrigo, não tem informação sobre os ônibus que passam. Eu já moro aqui e conheço, mas quem vem de outra cidade tem dificuldade com certeza”, analisou.
Elizangela observa no seu cotidiano que informação nas paradas é um elemento raro. “Ali na [avenida] nove com a quatro eu pego ônibus todos os dias. Só tem uma placa dizendo que é ponto de ônibus, mas não diz quais”, acrescentou.
Na Via Costeira, onde tem placa não tem abrigo e onde tem abrigo não tem placa nas proximidades da entrada do bairro de Mãe Luíza. E nos dois pontos de parada não há informação alguma sobre as linhas que passam por ali. Além disso, o abrigo não protege da chuva fina que caia hoje pela manhã. A moradora de Mãe Luíza Sebastiana Freitas lutava contra o vento com seu guarda-chuva para se proteger da água, mesmo sob a “proteção de um abrigo”. “Deveria mesmo ser uma parada melhor. Nem com um guarda-chuva aberto a gente se protege. Com cobertura só tem essa parada aqui, as outras são todas descobertas”, disse.
Somando-se a pontuação dos três fatores analisados (sinalização para pedestres, ciclista e usuários de transporte público), Natal fica em 8º lugar – com 2,5 pontos – entre as 13 capitais destacadas pela pesquisa. No total, 25 cidades foram pesquisadas. O único aspecto bom a se destacar é que a capital do RN ficou à frente das vizinhas nordestinas, Maceió, Salvador e Fortaleza quando se analisa os três fatores juntos.
Novas tecnologias
De acordo com a ONG Mobilize, foram verificados itens informativos tanto nas paradas de ônibus quanto no interior dos veículos. Em Natal, o itinerário de ônibus foi afixado em algumas paradas de ônibus ainda na gestão passada do Prefeito Carlos Eduardo Alves. Mas atualmente os pontos de ônibus da Avenida Bernardo Vieira e da Ribeira foram completamente depredados há muito tempo. Sem manutenção, a população e principalmente turistas ficam no escuro quando se dirigem às paradas sem informação prévia.
Outra mobilidade que poucas cidades têm investido é na informação de itinerário por de novas tecnologias, como aplicativos em celular ou mesmo a simples medida de expor o itinerário das linhas de ônibus no site da Prefeitura. Mas numa cidade com uma nota risível como a de Natal, não era de se esperar que o poder público lançasse mão dessas alternativas para dar um alento ao já tão precário sistema de transporte.
O site da Prefeitura de Natal até tem um espaço destinado para oferecer informações sobre o percurso das linhas, mas desde meados da gestão de Micarla de Sousa a ferramenta está fora do ar. Ou seja, há quase quatro anos.
Fonte: Portal JH
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