terça-feira, agosto 13, 2013

Família ainda acredita na inocência de suspeito de matar PMs, diz prima

Sandra  (Foto: Roney Domingos/ G1)
Familiares das vítimas do crime que deixou cinco mortos na Vila Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo, voltaram ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na tarde desta terça-feira (13) para prestar depoimento. O adolescente Marcelo Pesseghini, de 13 anos, é suspeito de matar os pais, a avó e uma tia-avó e em seguida cometer suicídio.
Sandra Cordeiro Feitosa da Silva, prima da cabo Andréia Pesseghini, acompanhou a mãe dela, Neusa, que foi ouvida por investigadores. Sandra voltou a dizer que a família acredita na inocência do garoto.
"É difícil. A gente não consegue acreditar. Não vejo como uma criança pode ter feito isso, um jovem. Tanto que a médica foi entrevistada e falou que ele não tinha nenhum problema mental. Só se for uma coisa muito maligna que entrou nele, deu uma força e uma estratégia sobrenatural. Na lógica humana, a gente não tem como acreditar nisso", afirmou.
Sandra que também mora na Vila Brasilândia e disse desconhecer o fato de o garoto saber dirigir. A polícia considera que ele dirigiu o carro da mãe até uma rua próxima de sua escola. Ela acredita em uma outra hipótese para o crime.  "Se teve denúncia por parte da minha prima, foi vingança", afirmou. O comandante do batalhão de Andréia chegou a declarar a uma rádio que ela colaborou com investigações sobre o envolvimento de colegas com roubo de caixas eletrônicos, mas depois voltou atrás e negou a denúncia.


Perfil das vítimas
A delegada Elizabeth Sato, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), quer interrogar os colegas de trabalho das vítimas para descobrir como era a vida pessoal do casal e conhecer o perfil dos mortos.

"Quero interrogar os parceiros do casal para saber quem eles eram. Também quero ouvir os policiais que foram os primeiros a chegar à cena do crime", afirmou na manhã desta terça-feira. A delegada quer saber quem entrou na casa logo após os corpos serem descobertos e como era o cenário encontrado pelos policiais militares.
Ninguém prestou depoimento na manhã desta terça. A expectativa é que, durante a tarde, a diretora do Colégio Stella Rodrigues, onde Marcelo estudava, e um colega de classe compareçam ao DHPP, no Centro de São Paulo, fossem ouvidos.
Nesta segunda (12), o Instituto de Criminalística de São Paulo recebeu cinco celulares, um computador e um tablet da família Pesseguini. Os peritos vão analisar as ligações feitas e recebidas pelos ocupantes da casa entre a noite do dia 4 e a manhã do dia 5. Quatro pessoas foram ouvidas nesta segunda: um tio-avô do menino, um policial que trabalhava como pai dele, a mãe de um aluno e o aluno.
Já  se sabe que o celular do policial tinha duas ligações não atendidas, feitas por um oficial da Rota, que comandaria um pelotão até a região de Presidente Prudente. Ele estranhou que o sargento não apareceu no batalhão.  Dos computadores, a perícia vai verificar se Marcelo Pesseghini deixou alguma mensagem ou se apagou algum arquivo no dia em que a família inteira morreu.
Os médicos legistas já sabem a posição e a distância dos tiros que mataram as cinco pessoas. Mas ainda não concluíram qual foi a sequência das mortes.

Exames como a concentração de substâncias químicas podem dar essa resposta. Alguns não podem ser realizados pelos laboratórios da Polícia Científica e devem ser feitos na Universidade de São Paulo (USP). Por causa disso, os primeiros laudos sobre o local do crime e a análise dos corpos só devem sair na semana que vem.
A polícia já ouviu 21 pessoas. Nesta segunda-feira foi a vez do tio-avô do menino prestar depoimento.

Até agora a polícia afirma já ter certeza que depois dos crimes, Marcelo dirigiu o carro da mãe até a escola de madrugada, assistiu às aulas, voltou pra casa de carona e se matou. 

Também sabe que o menino tinha adoração pelo pai. Depois de uma semana fechada, a escola onde Marcelo estudava reabriu as portas e retomou as aulas.
Laudo
No sábado (10), peritos do IC relataram ao SPTV que o sargento da Rota foi morto dez horas antes das demais vítimas. A informação é baseada na análise das manchas de sangue e constará no laudo do Instituto de Criminalística que será entregue à Polícia Civil.
Exames preliminares da Polícia Civil já apontavam a sequência de mortes na residência da Rua Dom Sebastião. Primeiro teria morrido o pai do garoto, depois a mãe, a cabo Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, em seguida, a avó dele, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, e a tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos.
A Polícia Civil quer ouvir também duas vizinhas da família do garoto. Uma delas teria presenciado por diversas vezes Marcelo colocando e tirando o carro da garagem da casa onde ocorreram os crimes.
A outra vizinha, segundo Franco, relatou a uma emissora de televisão ter visto um carro rondando a casa da família Pesseghini. A polícia tenta ainda localizar outras duas vizinhas que teriam ouvido os tiros e outros colegas de Marcelo. Para a Polícia Civil, Marcelo é suspeito de assassinar a própria familia e depois se matar.
O delegado geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazec, disse que a investigação ainda não está concluída. "A linha de investigação principal ainda é a autoria atribuída ao menino. O caso ainda não está concluído, aguardamos os laudos a fim de que eles possam ou não comprovar de forma concreta esta tese", disse Blazec.
Na quinta-feira (8), um policial militar ouvido no DHPP disse que o sargento da Rota havia ensinado o filho a atirar. O delegado Itagiba Franco, que coordena as investigações, informou que Marcelo tinha 1,60 metro e não era um garoto franzino - ele teria condição de manipular a arma. A testemunha disse ter presenciado uma dessas "aulas de tiro", que ocorriam em um estande na Zona Sul da capital paulista.
O PM, que morava na mesma rua da família, também informou ao DHPP que o sargento e a mãe do jovem ensinaram o filho a dirigir automóveis e que o garoto tirava o carro da família todos os dias da garagem. O automóvel foi localizado na rua onde o garoto estudava e a polícia investiga se ele dirigiu até lá, assistiu à aula e só depois retornou para casa e se matou
O procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, designou os promotores Norberto Joia e André Luiz Bogado Cunha para acompanhar as investigações sobre as mortes da família na Zona Norte. Os promotores deverão acompanhar Franco em todas as oitivas.
Motivação
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo disse na quinta-feira que as investigações buscam, agora, a motivação do crime. Questionado se existe a possibilidade da participação de outra pessoa no crime, Blazeck informou que essa “não é uma questão fechada”. “Dependemos dos laudos para confirmar isso. Por enquanto, continua a versão inicial”, disse, em relação ao envolvimento apenas do garoto de 13 anos nos assassinatos.

Reprodução Cidade News Itaú

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