Manifestantes protestam no acesso ao estádio Mané Garrincha neste sábado, dia de abertura da Copa das Confederações com o jogo entre Brasil e Japão. O grupo se posiciona contra a realização da Copa do Mundo no país e alega que o dinheiro utilizado para a realização do Mundial poderia ser usado em educação e saúde. A construção do estádio em Brasília consumiu cerca de R$ 1,5 bilhão dos cofres públicos.
Após um início de protesto pacífico, houve correria e tumulto por volta das 13h30. Controlados pela Tropa de Choque, os manifestantes passaram a chamar a atenção dos torcedores que estavam na fila para entrar no Mané Garrincha com gritos de "vendidos" e "vocês também estão sendo roubados" . O clima ficou tenso e houve princípio de confusão.
Como a proximidade entre manifestantes e torcedores era muita, a cavalaria da polícia entrou em ação para dispersar os participantes da marcha. A ação, no entanto, provocou efeito contrário. Parte dos manifestantes passaram a jogar água nos cavalos, que acabaram por esbarrar tanto em quem protestava quanto em quem estava na fila para entrar no estádio. Foi o momento mais tenso do protesto. A cúpula da manifestação pediu para que os adeptos parassem de jogar água nos cavalos. Não houve nenhum ferido.
O protesto havia começado apenas com cartazes com frases contra os eventos da Fifa no Brasil. Os manifestantes foram em direção à avenida Eixo Monumental, próxima ao estádio. Quando chegaram em frente ao Mané Garrincha, foram impedidos de avançar. A polícia já havia posicionado a Tropa de Choque para fazer uma barreira.
Não houve confronto nesse momento, mas os policiais chegaram a usar três bombas de efeito moral para dispersarem a manifestação.
"Até agora é um protesto pacífico. A ação da Polícia vai acontecer se houver ataque ao patrimônio. Ninguém foi atingido (sobre as bombas jogadas)", disse o tenente-coronel Adilson Evangelista.
Segundo o tenente-coronel, não houve conversa com os manifestantes, pois não há uma liderança. São vários movimentos que se juntaram na frente do Estádio e querem apenas protestar.
De acordo com a Polícia Militar ouvida pelo UOL Esporte na porta do estádio, são cerca de 600 os manifestantes. O Governo do Distrito Federal divulgou nota oficial dizendo serem 200 os envolvidos no protesto. Dos 3.200 policiais militares mobilizados para a segurança da abertura da Copa das Confederações, 1.700, mais da metade, foram deslocados para controlar a manifestação.
Na linha de protesto sem violência, os manifestantes também tentaram "cooptar" policiais que cuidavam da segurança. "Você aí fardado, também já foi roubado", gritavam.
O estádio será palco da estreia da seleção brasileira na Copa das Confederações, contra o Japão, às 16h, neste sábado. A cerimônia de abertura está marcada para as 14h30.
A mobilização para o protesto deste sábado foi feita durante toda a semana pela internet. "Frente a todas as violações aos Direitos Humanos trazidos pela Copa do Mundo. Brasília se tornará, neste sábado, a capital da vergonha nacional", diz a convocação para o protesto na página "Copa para Quem?", que convida "a todos e todas para trazerem seu cartaz, seu apito, seu protesto para o dia da abertura desta Copa que não é do povo".
Um dos manifestantes, o estudante Daniel Gomes citou problemas na área da saúde para justificar sua participação no protesto. "Abandonaram Brasília por causa do estádio. Fecharam o hospital, adiaram cirurgias e uma criança já morreu", disse.
Na sexta-feira, um enorme tumulto ocorreu também nos arredores da arena. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) assumiu a autoria do protesto justificando que milhares de famílias foram despejadas em Brasília, considerando que o governo federal dá prioridade apenas à realização da Copa.
Reprodução Cidade News Itaú
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!