segunda-feira, maio 27, 2013

"Somos todos vítimas", diz piloto de balão que caiu na Capadócia

Piloto do balão que caiu na Capadócia diz que "todos foram vítimas"O piloto do balão que caiu na Capadócia na semana passada, matando três brasileiras e ferindo outras 22 pessoas, diz acreditar que ele e os passageiros foram "vítimas de uma infeliz tragédia", ocasionada por "distração" do balonista que voava por cima.

Em entrevista por e-mail à BBC Brasil, o português Rodrigo Neves, que ainda tem dificuldades para falar por causa dos ferimentos que sofreu na boca, afirmou que o acidente foi o primeiro "em 16 anos de experiência profissional". Ele teve alta do hospital na última sexta-feira, dia 24 de maio.

"Tenho claro que este acidente não tinha que ter acontecido e era totalmente inevitável. Aconteceu por total distração do piloto que voava por cima", afirmou.

"Mas o pior já passou e agora toca a todos devemos ser fortes e nos recuperarmos das feridas do acidente. Entre passageiros e piloto somos todos vítimas deste infeliz acidente e temos de nos manter unidos e confiantes na nossa recuperação física e psicológica."

Na última segunda-feira, um balão com turistas brasileiros, espanhóis e argentinos caiu na região da Capadócia, na Turquia, ponto de encontro internacional de balonismo. Três brasileiras, Ellen Kopelman, de 81 anos, Marina Rosas, de 77 anos e Maria Luiza Góes, de 85 anos, morreram no acidente.

Segundo Neves, o balão voava a uma altitude de cerca de 500 metros do solo quando foi atingido no topo pela cesta de outro balão "sem qualquer pré-aviso". A colisão teria provocado um rasgo de 15 metros no tecido, de acordo com o piloto.

"Como consequência, nosso balão perdeu parte do ar quente que o sustentava e começou a descer sem parar. Acabamos por bater no chão na vertical a uns 50 km/h", relembra.

Neves diz que "tudo aconteceu em poucos segundos". Ao perceber que o balão despencava, ele afirma ter ligado os dois queimadores "para compensar a perda de ar quente e tentar travar a descida". Logo sem seguida, deu instruções a todos os passageiros.

A recomendação, segundo o piloto, era ficar com os joelhos flexionados e segurar nas cordas com as duas mãos.

"Dei instruções a todos os passageiros para como se preparar para o inevitável embate no solo e se tentarem proteger ao máximo de possíveis ferimentos. Todos participaram e obeceram às minhas instruções".

A versão de Neves contrasta com a da brasileira Vera Monteiro, que estava no balão. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, ela afirmou que quando questionou o piloto sobre o que tinha acontecido momentos após a colisão, Neves teria dito que "não tinha acontecido nada".

Monteiro, entretanto, confirmou ao jornal as recomendações dadas por ele. "Depois ele (Neves) mandou a gente abaixar e segurar nas argolas (na parte interna do cesto)".

Distração
Neves diz que houve "distração" do piloto que voava por cima e provocou a colisão, uma vez que, segundo ele, o balão que voa por cima tem o dever de avisar por rádio ou manter-se a uma distância de segurança do que voa por baixo.

"Os balões que estão por baixo de outros não têm qualquer visibilidade para cima pois o seu próprio balão tapa a sua visão vertical. Por isso o balão de cima tem de reagir e informar o balão de baixo do possível perigo", afirmou.

"Quero acreditar que o piloto do balão em cima estava distraído e nem sequer se apercebeu que se aproximava de um balão que voava por baixo dele. Por isso não fui chamado pelo rádio nem o balão voando sobre mim fez qualquer tentativa para evitar a colisão", acrescentou.

Na semana passada, em entrevista à BBC Brasil, o dono da empresa Anatolian Balloons, que operava o balão pilotado por Neves, já havia recorrido ao mesmo argumento e isentado o piloto de culpa.

Balões só possuem dirigibilidade vertical; sua direção é definida pelos ventos.

Por essa razão, regras internacionais preveem que a preferência é de quem voa por baixo, uma vez que o piloto não consegue enxergar o que está sobre ele.

Neves afirma que já se encontrou com todos os passageiros do balão que ainda estão internados para "dar-lhes todo o apoio necessário".

"A empresa (Anatolian Ballons) também está ajudando financeiramente a trazer familiares dos passageiros acidentados dos seus países aqui para a Turquia".

Reprodução Cidade News Itaú

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