No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, Mossoró não tem motivos para comemorar. Números oficiais fornecidos pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) mostram que a cidade registra mais de 50 inquéritos policiais por mês, números considerados alarmantes pela própria Delegacia e também por profissionais que atuam diretamente no combate à violência contra a mulher.
De acordo com a Deam, até este mês já foram instaurados 598 inquéritos, o que representa uma média de aproximadamente 54 casos mensalmente. Tem mais, a maior parte das ocorrências é praticada pelos companheiros das vítimas, havendo também um percentual de agressões entre mãe e filho.
Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Mulheres (NEM), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Janaiky Almeida, os índices apresentadas pela Deam reafirmam uma realidade preocupante. "Os dados divulgados pelo último Mapa da Violência também comprovam que o total de denúncias das mulheres vítimas de agressões vem crescendo. E isso se deve principalmente a dois fatores: primeiro, as pessoas estão conhecendo mais os mecanismos de proteção, com serviços mais ágeis, como a Lei Maria da Penha. Segundo, por uma questão cultural, ainda permanece muito presente em nossa sociedade, apesar das diversas campanhas realizadas, o sentimento de dominação do homem sobre a mulher", destaca.
Segundo a pesquisadora, para que esse quadro seja amenizado é preciso que os mecanismos de atendimento e de punição ao agressor continuem exercendo o seu papel ativamente, e que haja ainda um processo de educação na sociedade, quanto às relações estabelecidas entre homens e mulheres. "Esse processo educacional começa na infância, quando deve ser trabalhado o fim da relação de dominação, em todas as instâncias da sociedade. Essa mudança exige tempo, não pode ser feita a curto prazo", diz Janaiky Almeida.
Ainda conforme a integrante da NEM, o dia de hoje representa um momento de luta, mas que esse sentimento não seja resumido apenas a essa data. "O 25 de novembro é um momento de luta internacional, quando pactos mundiais são selados com o objetivo de acabar com a violência contra a mulher. Mas essa luta é permanente, diária", enfatiza.
Núcleo de Estudos sobre a Mulher promove ações de conscientização na comunidade
O NEM da Uern está promovendo uma série de ações que visam conscientizar a população e os profissionais que trabalham na área de assistência à mulher vítima de violência. Na última semana, o Núcleo encerrou o 5º módulo das atividades, que consistiu na realização de cursos de capacitação com o tema relacionado às relações entre os gêneros masculino e feminino.
"Nessa etapa, nós atuamos diretamente com os profissionais da rede de enfrentamento, que contempla áreas como o Ministério Público, Poder Judiciário, Deam, Creas Mulher. Ao total, cerca de 60 pessoas participam da capacitação", diz Janaiky Almeida.
O próximo passo da NEM é discutir os temas debatidos pelo Núcleo com as mulheres nos bairros, ações essas que serão promovidas ao longo dos meses de dezembro até fevereiro.
Fonte: O Mossoroense/Cidade News Itaú
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!