quarta-feira, julho 18, 2012

Annan pede que potências se unam para cessar violência na Síria



O enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) à Síria, Kofi Annan, condenou os atos de violência ocorridos nesta quarta-feira no país e pediu que os membros permanentes do Conselho de Segurança se unam para aprovar resoluções para acabar com a onda de violência, que dura 16 meses.

Em comunicado, Annan condenou "a violência em todas as formas", mas sem se referir diretamente ao atentado que matou pelo três membros do alto escalão do regime do ditador Bashar Assad, em Damasco, nesta manhã.

"O enviado especial condena todo o derramamento de sangue e a violência em todas as formas e acredita que os atos de violência de hoje apenas aumentam a urgência de uma ação decisiva do Conselho de Segurança".

Mais cedo, a votação do Conselho de Segurança da ONU da resolução sobre a Síria foi adiada para quinta (19), a pedido de Annan. Na terça, o mediador e o secretário-geral Ban Ki-moon conversaram com autoridades russas e chinesas para pedir consenso entre os países com poder de veto sobre a resolução.

RESOLUÇÃO

Proposta por Reino Unido, EUA, França e Alemanha, a resolução estenderia a atual missão de observadores não armados da ONU por 45 dias (ela expira no próximo dia 20).

Coloca ainda o atual plano de paz de Annan, enviado especial da ONU para a Síria, sob o capítulo 2 da Carta da ONU, que permite ao Conselho de Segurança autorizar ações que vão de sanções econômicas e diplomáticas à intervenção militar no país.

A resolução também estabelece que a Síria vai ser submetida a sanções se não retirar suas tropas e armas pesadas das principais cidades em até dez dias a partir da adoção do texto.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse na segunda-feira que a Rússia vai bloquear a resolução, justamente pela ameaça de sanções. O país quer que a missão de observadores da ONU seja estendida e tenha suas competências ampliadas, mas se opõe a qualquer sanção ao regime, assim como a China.

VIOLÊNCIA

Nesta quarta, pelo menos 62 pessoas morreram em confrontos entre as forças de segurança do regime e opositores, de acordo com o grupo rebelde Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres. Dos óbitos registrados, 20 ocorreram em Damasco.

Enquanto isso, os Comitês de Coordenação Local elevam a estimativa para 102 mortos. As organizações ainda relatam mortes nas Províncias de Deraa e Idlib, regiões com maioria de opositores.

Durante a manhã, três membros do alto escalão do regime foram mortos em um atentado no prédio da Segurança Nacional, em Damasco, em meio a uma reunião com ministros de autoridades governamentais.

O ministro da Defesa, general Dawoud Abdelah Rayiha, o vice-ministro e general Assef Shawkat (cunhado do ditador Bashar Assad), e o general Hassan Turkmani, chefe do grupo encarregado da crise, foram atingidos pelo ataque, reivindicado pelo ELS (Exército Livre Sírio), formado por desertores e civis armados.

De acordo com os rebeldes, a explosão aconteceu com um artefato explodido por controle remoto, enquanto o regime diz que a ação foi feita por um homem-bomba.

Outras altas autoridades também ficaram feridas, a exemplo do ministro do Interior, Mohammed al Shaar. Não há informações imediatas sobre a gravidade desses ferimentos.

MINISTRO MORTO

O regime já nomeou o substituto de Rayiha. Em seu lugar deve assumir o general Fahd Yasem al Freich, chefe do Estado Maior.

A explosão, realizada por um camicase munido de um cinturão de explosivos, aconteceu poucas horas depois de uma votação no Conselho de Segurança da ONU sobre uma resolução que ameaça a Síria com novas sanções.

Nascido em 1947, Rayiha era também vice-presidente do Comando Geral do Exército e do Conselho de Ministros. Com longa carreira nas Forças Armadas, das quais foi comandante de batalhão e de brigada, ele ocupou o posto de chefe do Estado-Maior até ser nomeado ministro da Defesa, em agosto de 2011.

Fonte: Folha de São Paulo/Cidade News Itaú

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