quarta-feira, junho 06, 2012

Mulher diz que matou executivo com arma que ganhou de presente


Elize Ramos Kitano Matsunaga, 38, suspeita de ter matado o executivo da Yoki Marcos Kitano Matsunaga, 42
A arma usada para matar o executivo Marcos Kitano Matsunaga, 42, foi um presente dele para a mulher, Elize Ramos Kitano Matsunaga, 38, que confessou o crime nesta quarta-feira.

Segundo a polícia, ela disse em seu depoimento --que durou oito horas-- ter usado uma pistola automática calibre 380. O tiro foi disparado na sala, após uma discussão conjugal por conta de uma traição que teria sido descoberta por ela.

A mulher revelou também que a arma não estava entre as que foram entregues para a Guarda Municipal de Cotia destruir --Matsunaga era colecionador de armas. Elize disse que guardou a pistola em uma gaveta do apartamento onde eles moravam, na Vila Leopoldina (zona oeste) --a arma já foi apreendida e encaminhada para a perícia.

Após o disparo, que atingiu o lado esquerdo da cabeça de Marcos, Elize disse ter levado o corpo para um quarto do imóvel e ter aguardado cerca de 10 horas antes de começar a cortar seu corpo no banheiro da empregada. Os vestígios de sangue foram limpos depois.

Conhecedora de anatomia --é técnica de enfermagem e trabalhou em um centro cirúrgico--, ela disse ter usado uma faca com lâmina de 30 cm para cortar os braços, pernas, tronco e a cabeça do executivo. Após o trabalho, que durou cerca de quatro horas, ela embalou os pedaços em sacos plásticos azuis.

Em seguida, disse que usou três malas para transportar o corpo e dirigiu até uma estrada de terra em Cotia, na Grande São Paulo, onde atirou todos os pedaços em um matagal. Ela disse que o casal frequentava um sítio em Ibiúna, então costumava passar pela estrada no trajeto.

As malas e a faca foram jogadas em outro local, que Elize já indicou para a polícia. O delegado Jorge Carrasco, chefe do DHPP (departamento de homicídios), que investiga o crime, disse que a polícia vai apreender os objetos.

Uma testemunha de Cotia disse à polícia ter visto quando um motociclista, vestido de preto e em uma moto escura, jogou os sacos plásticos azuis no matagal. O marido de uma das três empregadas do casal também chegou a ser investigado, mas agora a polícia descarta ajuda no crime.

"Não houve mentira, o depoimento foi seguro. Os indícios eram muito fortes e foram apresentados para ela. Não acredito que ela esteja acobertando ninguém", disse Carrasco.

PERÍCIA

Carrasco disse que será feita uma nova perícia no imóvel do casal, que é composto de duas coberturas e tem cerca de 500 m². Na primeira análise, a polícia disse não ter encontrado muitos vestígios de sangue, o que levantou a suspeita de que ele tivesse sido esquartejado em outro local.

Agora serão aplicados reagentes nos locais indicados no depoimento da mulher. Também será feita uma reconstituição do crime com a presença dela, mas a polícia ainda não sabe a data.

"Não tenho dúvidas da autoria e da materialidade e acredito que ela agiu sozinha realmente. Não houve premeditação, eu acredito que foi uma briga", disse Carrasco.

Segundo a polícia, enquanto a Elize saiu para desovar o corpo do marido, a filha deles, de um ano, ficou no apartamento com uma babá. O delegado disse que dificilmente a menina viu alguma coisa, pois os cômodos do imóvel são distantes. O barulho do tiro também não deve ter sido ouvido, pois as janelas têm proteção antirruído.

COLCHÃO

Elize também revelou em seu depoimento que, após cometer o crime, doou o colchão onde o casal dormia para uma babá. A polícia chegou a examinar o colchão, mas não identificou vestígios de sangue.

Uma babá será ouvida pela polícia ainda hoje. O casal tinha três empregadas: uma doméstica e duas babás. Elas não tinham acesso a todos os cômodos do apartamento, segundo a polícia.

Segundo o delegado Carrasco, Elize não disse em seu depoimento se estava arrependida pelo crime. Ela foi presa na noite de segunda-feira (4) e passou a noite de hoje em um presídio feminino em Itapevi (Grande SP), para onde deve voltar. Segundo a polícia, ele teve a prisão prorrogada pela Justiça por mais 15 dias.

"A família se sente reconfortada com a confissão e com o trabalho da polícia. A família está absolutamente chocada, é um grande desastre familiar", disse o advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, contratado pela família da vítima.

Fonte: Folha de São Paulo

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