O advogado do hacker Walter Delgatti Neto, condenado pela Vaza Jato, falou à GloboNews sobre o depoimento dele à CPI dos atos golpistas na última quinta-feira (16), onde ele fez acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli, além de revelações contra outros atores políticos da gestão passada.
Ariovaldo revelou que o motivo dele ter se afastado do hacker no ano passado foi justamente ter percebido que ele seria utilizado como o nome que impulsionaria a campanha de reeleição do ex-presidente em 2022 - ele voltou à defesa de Delgatti para defendê-lo das acusações no caso da Lava-Jato.
“Me afasto do Walter exatamente por esse motivo, porque percebo que a intenção de Carla Zambelli é usar o Walter como garoto-propaganda da campanha do Bolsonaro, tão somente por esse motivo”, relatou.
"E eu ouvi do próprio Duda Lima, num telefonema com presidente do PL - eu estava presente - o agendamento de reunião que ia acontecer naquele dia, um dia antes do encontro do Jair Bolsonaro às 15h na sede do PL. Eu sou testemunha disso. Não posso afirmar como seria detalhes de como iam utilizar a pessoa do Walter Delgatti. Mas posso garantir que existiu sim uma reunião entre Walter Delgatti e o marqueteiro Duda Lima na sede do PL às 15h, um dia antes dele encontrar com presidente Jair Bolsonaro", disse.
Também à GloboNews na segunda-feira (21), o advogado de Zambelli, Daniel Bialsky, afirmou que o hacker seria uma pessoa “mitômana”, nas palavras dele, “em algo dito até pelo inquérito”. Ariovaldo respondeu à fala de Bialsky, afirmando que o seu cliente não inventa histórias, mas se sentiu prestigiado ao ter sido procurado por Zambelli e por Bolsonaro.
“Já questionei o Walter várias vezes sobre isso, essa necessidade que ele tem de estar causando essas polêmicas no meio político. O Walter é uma pessoa carente. O Walter é isso, ele acaba mudando de lado, não de acordo com a sua conveniência, porque ele se aproximou da Carla Zambelli, não vejo conveniência nisso, mas se sentiu prestigiado pela direita quando foi recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Então o Walter é isso, é uma pessoa carente, que muda de lado não por conveniência, mas com a forma como as pessoas o tratam”, explicou.
Ainda refutando as falas de Bialsky, o advogado de Delgatti afastou a ideia do defensor de Zambelli de que a deputada não teria conhecimento de quem era o homem que depois veio a ser seu funcionário.
“Todos têm o currículo do Walter, e muito provável que Zambelli tinha o currículo do Walter, e muito provável que o presidente tinha o currículo do Walter. Então essa fala dele tentando denegrir o Walter não se sustenta porque todos sabiam disso, ela sabia com quem ela estava se envolvendo e sabia dos riscos que ela corria naquele momento. Então penso que a fala do advogado cai por terra porque todos sabiam quem era o Walter Delgatti”, argumentou.
Tentando reforçar a credibilidade de Delgatti, o advogado questionou as dúvidas colocadas por Bialsky sobre a fala do hacker à CPI. Segundo ele, todos os questionamentos caem à medida em que Zambelli e Bolsonaro tentaram esconder os encontros com o hacker.
“Por qual motivo uma deputada federal encontra uma pessoa que, segundo o advogado dela, é criminoso, à beira de uma rodovia? Então esses são os indícios de prova que o Walter apresentou: informações de que houve encontros. Se o Walter foi contratado para fazer coisas ilícitas, por qual motivo eles esconderam isso em um primeiro momento?”, explicou.
Fonte: Blog da Camila Bomfim
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