terça-feira, maio 16, 2023

Caso Wallace: acordo dá fim à suspensão da CBV e diminui gancho de oposto

O Caso Wallace chegou ao fim. Após meses de imbróglio, nesta segunda-feira, a Confederação Brasileira de Vôlei e o Comitê Olímpico do Brasil chegaram a um acordo para diminuir as sanções a todos os envolvidos. Após consenso, a suspensão à entidade que gere o vôlei nacional foi substituída por uma multa. Por outro lado, o gancho de cinco anos dado ao oposto do Cruzeiro diminuiu para 90 dias. A informação foi adiantada pela coluna "Panorama Esportivo", do jornal "O Globo", e confirmada pelo ge.


O acordo desta segunda-feira foi assinado pelo presidente do COB, Paulo Wanderley; pelo presidente da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca; além do próprio Wallace, do Conselho de Ética do COB e da Advocacia Geral da União (AGU). Com o documento, todas as partes se comprometem em não questionar mais a decisão em nenhuma das instâncias judiciais.


Wallace foi punido primeiramente em 90 dias por publicar enquete sobre tiro no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais tarde, amparado por liminar do Supremo Tribunal de Justiça do Vôlei, o jogador entrou em quadra pelo Cruzeiro na final da Superliga Masculina. Por conta disso, o Conselho de Ética do COB puniu o oposto em mais cinco anos de suspensão, além de suspender o repasse de verbas públicas à CBV. Com a decisão desta segunda, porém, as sanções foram diminuídas.



A nova punição a Wallace, no entanto, não tem efeito prático. Fora da seleção brasileira que vai disputar a Liga das Nações, o jogador cumprirá o restante da suspensão durante suas férias. No acordo, porém, o COB declara que não reconhece a última final da Superliga masculina, vencida pelo Cruzeiro, com Wallace em quadra.


A multa à CBV será revertida em projetos voltados para o uso consciente das redes sociais por parte dos atletas. Além disso, também cai a suspensão de Radamés Lattari, vice-presidente e que ocupava o cargo de presidente em exercício da CBV.


Wallace, oposto do Cruzeiro, em ação pela Superliga de vôlei masculino — Foto: Agência I7


- Desde o início, apesar do expresso repúdio do COB e da CBV ao ato do atleta, a tentativa foi sensibilizar todos os envolvidos para que houvesse o menor prejuízo possível para o esporte olímpico e o vôlei brasileiro na caminhada a Paris 2024. A todos eles deixo um agradecimento, pois houve um esforço multilateral para que se chegasse ao entendimento. Entendemos que o momento é de união e retomada, e o acordo consensual não deixa de espelhar valores olímpicos. Entre eles o respeito, que sempre nutrimos pela CBV - disse Paulo Wanderley, em nota oficial do COB, que você pode ler na íntegra abaixo.



A CBV também divulgou uma nota para comentar o fim do imbróglio judicial, que já se arrastava desde o fim de janeiro deste ano.


- A CBV agradece o empenho de todos os envolvidos em encontrar uma solução consensual. A CBV reafirma que não compactua com atos de incitação à violência, conforme manifestado desde o início. O momento é de retomar os valores do esporte como instrumento de união e não como meio de acirrar rivalidades. As partes têm a oportunidade de usar esse episódio como instrumento de transformação e educação para o uso responsável das mídias sociais. O voleibol brasileiro vai em busca da excelência, como potência mundial, ao lado dos seus parceiros, do Comitê Olímpico do Brasil e do Ministério do Esporte - diz a nota.


Na última semana, a CBV chegou a dar entrada em um processo na Justiça Comum para tentar reverter a punição imposta pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB). A entidade fez o pedido de uma tutela antecipada junto à 5ª Vara Cível da Regional de Jacarepaguá.


No início do mês, o O Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil decidiu aumentar de 90 dias para cinco anos o tempo de suspensão de Wallace por post com enquete sobre tiro no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O oposto entrou em quadra na final da Superliga masculina, respaldado por uma liminar do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva.


Além disso, o Conselho também havia punido a CBV com a perda de repasses de verba por seis meses. Radamés Lattari, presidente em exercício da entidade, também foi suspenso. A defesa de Wallace, por outro lado, decidiu recorrer ao Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem.


Com o acordo desta segunda, o processo chega ao fim. Nas últimas semanas, o COB já havia conseguido a garantia da participação do Brasil nos torneios classificatórios para Paris 2024 e dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile.


Confira a nota oficial do COB

"O Comitê Olímpico do Brasil (COB) informa que as partes envolvidas no processo ético relacionado ao jogador de vôlei Wallace Leandro de Souza chegaram a um acordo nesta segunda-feira, dia 15 (veja abaixo).


A intenção das entidades esportivas, da Advocacia Geral da União e do Conselho de Ética do COB foi preservar a preparação de atletas e seleções brasileiras, adultas e de base, do vôlei e do vôlei de praia até o fim do ciclo Paris 2024.



“Desde o início, apesar do expresso repúdio do COB e da CBV ao ato do atleta, a tentativa foi sensibilizar todos os envolvidos para que houvesse o menor prejuízo possível para o esporte olímpico e o vôlei brasileiro na caminhada a Paris 2024. A todos eles deixo um agradecimento, pois houve um esforço multilateral para que se chegasse ao entendimento. Entendemos que o momento é de união e retomada, e o acordo consensual não deixa de espelhar valores olímpicos. Entre eles o respeito, que sempre nutrimos pela CBV”, afirmou o Presidente do COB, Paulo Wanderley.


Além disso, COB e CBV promoverão um programa educacional voltado a atletas, treinadores e gestores das confederações para a correta utilização das mídias sociais. O conteúdo será financiado com recursos próprios da confederação.


Confira os pontos do acordo celebrado:


1 – COB e CBV reconhecem a punição de afastamento das competições por 90 (noventa) dias do jogador Wallace Leandro de Souza das quadras, em razão de ter descumpridor punição do CECOB, o que lhe impõe cumprir novamente o período de suspensão antes aplicada por disseminação de violência através de redes sociais, tendo por ofendido o Sr. Presidente da República. Fica mantida a suspensão por 1 (um) ano de convocações ou participações na Seleção Brasileira da Modalidade.



A CBV compromete-se a não questionar o presente acordo em nenhum juízo, instância ou Tribunal, seja no âmbito esportivo ou na Justiça Comum, fazendo cumprir a decisão punitiva em todos os seus termos.


O atleta se compromete a cumprir o afastamento das quadras por esse período.


2 - O COB não reconhece a validade do resultado do jogo Minas Tênis x Sada/Cruzeiro em razão da participação de atleta afastado por determinação do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil, resultado que permanece nulo, para todos os efeitos, para o Comitê Olímpico do Brasil.


3 - A CBV fica obrigada a financiar, com recursos próprios, programa de valorização da postura ética de atletas nas redes sociais, sob a coordenação do Compliance Officer do COB.


4 - Ficam retiradas as demais condenações impostas à CBV.


5 - Ficam retiradas as demais condenações impostas ao senhor Radamés Lattari Filho".


Entenda o caso

Em janeiro, o jogador Wallace postou fotos em um clube de tiro e abriu uma caixa de perguntas para os fãs. Um deles pergunta se o jogador daria um tiro no rosto do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, Wallace abriu uma enquete para saber se algum de seus seguidores faria isso. O post logo teve grande repercussão. Wallace apagou o post horas depois, mas os prints circularam nas redes sociais.



A publicação foi alvo de repúdio de entidades como a CBV, o COB e o Governo Federal. O ministro da Secretaria da Comunicação do Governo Federal, Paulo Pimenta, acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) que, então, solicitou ao Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil e à Confederação Brasileira de Vôlei a instauração de processos contra Wallace.


O jogador foi suspenso provisoriamente e no julgamento recebeu a punição de 90 dias de suspensão. A decisão definiu a suspensão do atleta com início a partir de 3 de fevereiro, data de entrada do processo, até 3 de maio. O período esbarrava na data da final da Superliga Masculina, o que fez Wallace e o Cruzeiro a buscarem caminhos para reverter a suspensão.


A defesa de Wallace deu entrada com processo no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva do Vôlei. Os advogados do jogador usaram o argumento de que a punição do Conselho de Ética do COB "deixou dúvidas acerca da punição no âmbito das competições nacionais", uma vez que determina a impossibilidade temporária de exercício de quaisquer funções junto ao COB e Confederações.


O STJD do vôlei concordou com o argumento e concedeu liminar ao jogador. A CBV, porém, viu um impasse entre a decisão do Conselho de Ética do COB e a liminar emitida pelo STJD do vôlei. A entidade acionou o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem, órgão privado que é usado para avaliar e mediar casos conflitantes, que deu razão à liminar emitida pelo STJD.



Na final da Superliga Masculina, Wallace entrou em quadra e marcou o ponto do título do Cruzeiro. O fato não agradou ao Conselho de Ética, que se reuniu por uma nova punição. De 90 dias, o oposto passou a ter suspensão de 5 anos. O CECOB também anunciou punição à Confederação Brasileira de Vôlei, que foi desvinculada do COB e punida com a perda de repasses de verba por 6 meses. Além disso, Radamés Lattari, presidente em exercício da entidade, foi suspenso por 1 ano.


Fonte: g1

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