segunda-feira, abril 10, 2023

'A gente não vai admitir o racismo', diz Lula após professora tirar roupa em supermercado como protesto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, nesta segunda-feira (10), o caso da professora Isabel Oliveira, que acusa de racismo o supermercado Atacadão, em Curitiba (PR). Na sexta (7), ela tirou a roupa dentro do estabelecimento, que faz parte do grupo Carrefour, em forma de protesto.


Isabel Oliveira — Foto: Reprodução/Redes sociais


A declaração do presidente foi feita durante discurso de abertura da reunião para debater os 100 primeiros dias do governo. Lula acusou a empresa de cometer crime e disse que "neste país a gente não vai admitir o racismo".


"Ontem, [...] o Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Mais um crime. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compra, achando que ela ia roubar, ela teve que ficar só dE calcinha e sutiã para provar que ela não ia roubar. É a segunda vez que o Carrefour faz esse tipo de coisa", disse.


"Então, a gente tem que dizer para A direção do Carrefour, se quiserem fazer isso no seu país de origem, que façam, mas neste país a gente não vai admitir o racismo", finalizou.

Em nota, a empresa disse que apurou o caso, ouviu os funcionários e analisou as imagens de câmera de segurança. Disse ainda que não identificou indícios de abordagem indevida e que se colocou à disposição de Isabel (veja mais abaixo).


Protesto em Curitiba


Ao g1, a professora Isabel Oliveira, de 43 anos, relatou que foi até o estabelecimento para fazer compras para a Páscoa programada com a família. Em certo momento, começou a reparar que um segurança a seguia em todos os lugares em que ia.


Isabel alega que, em seguida, foi conversar com o homem e perguntou se ela apresentava ameaça para a loja. Ele negou.


A professora afirma que se sentiu constrangida e tentou denunciar o caso à polícia, mas foi questionada pelos policiais se os funcionários da empresa recusaram atendimento ou se houve algo que caracterizasse crime de racismo.


Horas após a situação, Isabel voltou ao supermercado para fazer o protesto. Escreveu em seu corpo "sou uma ameaça?". Dentro do estabelecimento, retirou a roupa e ficou somente com as roupas íntimas, deixando a frase à mostra.


"Eu não fui sexualizar nada, era um corpo perguntando se podia ser uma ameaça para aquele ambiente", concluiu.

O que diz a empresa?

Em nota, a empresa disse que não identificou indícios de abordagem indevida durante uma apuração interna da denúncia. Alegou, ainda, que se colocou à disposição de Isabel.


"Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada", diz a nota.



A empresa afirmou ainda na nota que realiza treinamento rotineiro com funcionários para que essas ações não aconteçam.


"Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes", conclui.


Outro caso


Em novembro de 2020, um outro caso de racismo dentro de uma unidade do grupo empresarial provocou indignação. João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, foi espancado e morto por dois seguranças brancos de um Carrefour, em Porto Alegre (RS).


O crime foi registrado em vídeo. Antes das agressões, João teve um desentendimento com uma funcionária da unidade. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no local.



Os dois suspeitos foram presos. Outros quatro funcionários do supermercado também respondem pelo assassinato.


Fonte: g1

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