quinta-feira, dezembro 15, 2022

PF faz operação contra bolsonaristas radicais suspeitos de organizar atos antidemocráticos

A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (15) 103 mandados de busca e apreensão contra apoiadores radicais do presidente Jair Bolsonaro (PL) suspeitos de organizar atos antidemocráticos.


A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e é relacionada à investigação sobre atos antidemocráticos contra o resultado das eleições.


Também foram autorizados mandados de prisão. Além disso, há ordens de:


bloqueio de contas de investigados;

quebra do sigilo bancário de investigados.

Alvos em 8 estados e no DF

Segundo a PF, a operação foi deflagrada em razão dos bloqueios ilegais em rodovias contra o resultado das eleições.


Os mandados de busca são cumpridos em oito estados (Acre, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e Santa Catarina) e no Distrito Federal (leia detalhes abaixo).


No Espírito Santo, um dos alvos é o deputado estadual Carlos Von (DC-ES). O outro é o também deputado estadual Capitão Assumção (PL-ES). Ao todo, no Espírito Santo, foram 4 ordens de prisão. Os nomes dos alvos da operação não haviam sido divulgados até a última atualização desta reportagem.


Carlos Assumção (PL) e Carlos Von (DC) — Foto: Reprodução | Ales


Pouco antes das 9h, a PF informou ter cumprido quatro mandados de prisão preventiva. A TV Gazeta apurou, no entanto, que apenas uma das prisões tinha sido realizada até as 14h45.


No Mato Grosso, Rafael Yonekubo, Analady Carceiro e Adaviso Azevedo da Silva foram à delegacia para prestar depoimento.


Em 17 de novembro, Alexandre de Moraes já havia determinado o bloqueio de bens de 43 empresas e pessoas suspeitas de financiar os atos antidemocráticos. A maioria delas é de Mato Grosso.


Rafael Yonekubo exibe fotos com o presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. — Foto: Reprodução/Instagram


Nos estados do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, foi apurada insistência no bloqueio de rodovias e abuso reiterado do direito de reunião mesmo após proibição do STF. As investigações atingem ainda os deputados Carlos Von Schilgen (DC) e Capitão Assumção (PL).


Vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos) — Foto: Reprodução/Redes sociais


Em Santa Catarina, por exemplo, são cumpridos 15 mandados. Em um dos locais, ainda não informado, a PF apreendeu 11 armas, entre as quais submetralhadora, fuzil, rifles com luneta e munições – o que policiais consideraram um arsenal. Não havia ninguém no momento da apreensão.


Na noite anterior à operação, um grupo bloqueou uma rodovia federal com pneus queimados e "miguelitos" em Santa Catarina. O ato foi considerado "terrorista" pela Polícia Rodoviária Federal.


Medidas

Moraes determinou medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar o estado, proibição de uso de redes sociais ainda que por interpostas pessoas, proibição de concessão de entrevistas de qualquer natureza e de participação em qualquer evento público em todo o território nacional. Em caso de descumprimento, há previsão de multa diária de R$ 20 mil.


Ainda não se sabe se os alvos da decisão estão entre os alvos da operação desta quinta-feira (15).


Veja abaixo alguns dos atos antidemocráticos das últimas semanas:

Tocantins: Em 23 de novembro, agentes da Polícia Civil foram hostilizados por bolsonaristas radicais acampados em frente ao 22º Batalhão de Infantaria do Exército, em Palmas, ao averiguar a presença de crianças e adolescentes no local;

Rondônia: Em 18 de novembro, a tubulação de bairros da cidade de Ariquemes foi arrebentada por supostos manifestantes, e a população ficou sem água tratada. Além disso, uma mulher contou em um vídeo não ter chegado a tempo de ver a mãe doente ainda com vida por ter sido barrada em um bloqueio ilegal;

São Paulo: No dia 23 de novembro, dois trechos da Rodovia Anhanguera, em Campinas, foram bloqueados por bolsonaristas radicais que danificaram caminhões. Além disso, um servidor do IBGE foi espancado por bolsonaristas radicais, em Amparo, ao tentar fugir de um protesto;

Paraíba: No dia 2 de novembro, uma mulher foi agredida por bolsonaristas radicais e presa pela PM por embriaguez, mesmo sem fazer teste;

Mato Grosso: No dia 22 de novembro, um pai implorou para que bolsonaristas radicais o deixassem passar com o filho, que faria uma cirurgia, e disse que o grupo usava facões. Em outro caso, um grupo de estudantes foi impedido de passar de ônibus e caminhou mais de 5 km para fazer o Enem. Ainda no estado, dois suspeitos foram presos por atos análogos a terrorismo e por porte ilegal de armas ao tentar incendiar caminhão, em Sinop. Um homem também foi agredido por participantes de um bloqueio;

Pará: No dia 24 de novembro, no Pará, a Polícia Federal prendeu seis suspeitos de atos golpistas e ataque à Polícia Rodoviária Federal;

Santa Catarina: No dia 18 de novembro, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu bombas, "miguelitos" e comparou bolsonaristas radicais a black blocs. Em outro caso, um vídeo mostra um grupo de bolsonaristas radicais agredindo uma mulher após derrota nas urnas. Ainda em SC, policiais rodoviários levaram golpes de barras de ferro em um bloqueio bolsonarista.

Paraná: No dia 8 de novembro, um caminhoneiro foi agredido ao tentar furar um bloqueio feito por bolsonaristas radicais em uma rodovia;

Acre: No dia 22 de novembro, Rio Branco enfrentou redução da frota de ônibus por causa do desabastecimento de combustível, além de sofrer com falta de cimento e alimentos perecíveis por conta de bloqueios golpistas em Rondônia.


Íntegra

Leia a íntegra da nota da PF sobre a operação:


"Brasília/DF – A Polícia Federal cumpre, nesta quinta-feira (15/12), 81 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em apuração que tramita na Corte acerca dos bloqueios de rodovias após a proclamação do resultado das Eleições Gerais de 2022.


As medidas estão sendo cumpridas nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal, em face de pessoas físicas e jurídicas identificadas pelas forças federais e locais de Segurança Pública.


As informações estão restritas à nota."


Fonte: g1

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