quinta-feira, março 03, 2022

Ciro diz que governo brasileiro não pode ter 'dubiedade' ao falar sobre guerra na Ucrânia e deve condenar invasão russa

Pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes afirmou nesta quinta-feira (3) que o governo brasileiro não deve ter "dubiedade" ao falar sobre a guerra na Ucrânica e condenar a invasão russa ao país. A fala ocorre em um cenário no qual a diplomacia brasileira e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda hesitam em criticar o governo de Vladimir Putin, embora o Brasil tenha votado a favor da resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o ataque dos russos.


Ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), em evento de lançamento da pré-campanha — Foto: PDT/Divulgação


Ciro fez a declaração durante entrevista à rádio Rádio Brasil Campinas. "O Brasil não pode ter dubiedade, nem dupla palavra. Temos que pura e simplesmente condenar a invasão unilateral da Ucrânica pela Rússia, aferrado ao princípio mais importante da nossa política externa, que foi amadurecida há mais de século. Há mais de quase 200 anos o Brasil vai construindo uma reputação internacional de um país que não tem conflito de fronteiras, de um país que não pretende roubar um metro de ninguém, um país que lidera um continente desnuclearizado", afirmou o pré-candidato.


Ciro também afirmou que na própria Constituição brasileira há proibição contra a produção de artefatos nucleares. "Então, o Brasil tem uma linha de coerência pacifista, que pugna pelo respeito à autodeterminação dos povos, pela solução pacífica dos conflitos e pela não intervenção. Então, baseado nos princípios que vêm do Barão do Rio Branco, vêm de Santiago Dantas, nós temos que repudiar pura e simplesmente [a invasão russa]", completou.


A Constituição diz que "toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional".


Preço do petróleo

Também sobre a guerra na Ucrânia, Ciro acredita que haja um reflexo na economia brasileira e criticou a política de preços de combustíveis do governo federal.


"Nesse momento, o barril de petróleo bateu, hoje de manhã, 120 dólares. E aí parece que está acontecendo uma guerra lá não sei aonde e que a gente pode só assistir pela televisão. Não. A Petrobras do Brasil está administrando uma política de paridade de preço internacional e vai explodir o preço do diesel, do gás de cozinha, do querosene de aviação, da gasolina em função de uma política internacional tão equivocada que tem a ver com a consequência lá de fora", afirmou.


Voto na ONU

O Brasil votou a favor da resolução da ONU contra a invasão russa a Ucrânia, que foi aprovada por ampla maioria na quarta-feira (2). Mas alertou para que o texto não seja visto como permissivo à "aplicação indiscriminada de sanções e ao envio de armas."


"Essas iniciativas não conduzem à retomada adequada de um diálogo diplomático construtivo e correm o risco de aumentar ainda mais as tensões com consequências imprevisíveis para a região e além", alertou o embaixador do Brasil na ONU Ronaldo Costa Filho.


Desde o início da ofensiva russa à Ucrânia, a diplomacia brasileira tem pedido suspensão das "hostilidades" entre os países, mas vem hesitando em expressar uma condenação ao governo Putin.


Uma mudança de posicionamento só veio na sexta-feira (25), quando o país votou por condenar a invasão russa no Conselho de Segurança da ONU. Mas as falas de Bolsonaro e de membros do governo tem revelado contradições em relação à posição do Brasil, o que vem preocupando aliados do próprio presidente.


Viagem de Bolsonaro

Uma semana antes da eclosão do conflito, Bolsonaro fez uma viagem oficial a Rússia, em um encontro com Vladimir Putin. Na ocasião, ele declarou ser solidário à Rússia, o que gerou um desgaste para a diplomacia brasileira, em especial com os Estados Unidos.


Logo após o início da guerra, Bolsonaro desautorizou as falas do vice Hamilton Mourão, que se pronunciou antes mesmo do presidente, ao afirmar que o Brasil não era neutro no conflito. Em uma coletiva no domingo (27), o presidente chegou a dizer que o Brasil adotaria uma postura de neutralidade, e que seria um exagero chamar de massacre o cerco do exército russo na capital ucraniana Kiev.


Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, encontraram-se no Kremlin, em Moscou, no dia 16 de fevereiro de 2022 — Foto: Alan Santos/PR


No dia seguinte à declaração, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse à Globonews que a posição brasileira era de "equilíbrio, não neutralidade."


Na segunda-feira (28), Bolsonaro disse que o Brasil concederá vistos humanitários para receber refugiados ucranianos que deixarem o país por conta da invasão russa.


Fonte: g1

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