quarta-feira, agosto 18, 2021

Relator inclui líder do governo na Câmara em lista de investigados da CPI da Covid



O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), informou nesta quarta-feira (18) que incluiu o deputado Ricardo Barros (PP-PR) na lista de investigados da comissão de inquérito.


Barros é líder do governo do presidente Jair Bolsonaro na Câmara. O nome dele entrou na mira da CPI depois que também deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, revelaram suspeitas na negociação da vacina indiana Covaxin.


De acordo com relatos dos Miranda à comissão, Bolsonaro citou o nome de Barros ao ser informado sobre as suspeitas em relação à compra da vacina.


“Nós estamos agregando o nome do Ricardo Barros ao nome dos já investigados em função dos óbvios indícios da sua participação na rede criminosa que tentava vender vacinas através dos atravessadores, comprometendo muitas vezes setores da sua própria família, e fazendo com que o país perdesse oportunidade de comprar vacina na hora certa”, informou Renan pouco antes da sessão da CPI.


Ao incluir alguém na lista dos investigados, o relator sinaliza que vê indícios de crimes cometidos pela pessoa.


Após a manifestação de Renan, Barros escreveu em uma rede social que tem uma "conduta exemplar" e que as investigações "nada encontrarão".


"CPI interrompe o meu depoimento, anuncia que sou investigado e que não pretende mais me ouvir. Não suportam a verdade e usam táticas covardes de vazamento. Minha conduta parlamentar é exemplar. Nada encontrarão. Agora, meus advogados conduzirão o relacionamento com a CPI", escreveu o deputado.


Cabe a Renan elaborar um parecer ao fim da CPI e encaminhar ao Ministério Público eventuais pedidos de indiciamento.


O relator disse que o Barros passou a constar como investigado “pelo conjunto da obra, pelos indícios, pelo envolvimento, pela comprovação da participação dele em muitos momentos”.


Renan também destacou o possível envolvimento de Barros no caso Covaxin.


“A comissão parlamentar de inquérito tem notícia de outras pessoas que negociaram vacinas com o Ricardo e que foram mandados para o Roberto Ferreira Dias”, afirmou o relator.


Roberto Dias foi diretor de Logística do Ministério da Saúde durante as aquisições de vacinas. Ele é acusado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti de ter cobrado propina de US$ 1 por dose do imunizante AstraZeneca. Após a denúncia, Dias foi exonerado. Ele nega as acusações.


Depoimento à CPI

Barros prestou depoimento à CPI da Covid na última quinta-feira (12). Em sessão tumultuada, o líder do governo irritou senadores ao dizer que a comissão estaria afastando do Brasil as empresas fabricantes de vacinas.



Antes do encerramento, a reunião gerou bate-boca, houve acusações de que o deputado estava mentindo e a audiência chegou a ser suspensa duas vezes.


Barros ainda negou que tivesse atuado para favorecer irregularmente vendedores de vacina.


Ao fim, Barros foi novamente convocado pela comissão – o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), havia transformado a ida do parlamentar em convite, quando não é necessário dizer a verdade.


Histórico da Covaxin

Após suspeitas de fraude e irregularidades, o governo brasileiro cancelou a compra do imunizante. A aquisição da Covaxin e a participação da empresa Precisa Medicamentos também são alvos de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público.


Segundo o deputado Luis Miranda, ao ouvir as denúncias em uma reunião no Palácio do Alvorada, em março, Bolsonaro disse que "isso era coisa" de Ricardo Barros e que acionaria a Polícia Federal. A PF apura se o presidente cometeu crime de prevaricação por, supostamente, não ter pedido a apuração do caso.


Bolsonaro confirma ter se reunido com os irmãos Miranda. O presidente já defendeu a credibilidade de Barros, mas nunca confirmou ou negou que tenha citado o nome do líder do governo no encontro com Luis Miranda.


Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!