quinta-feira, julho 08, 2021

Ex-coordenadora do PNI diz que deixou cargo após 'politização' de Bolsonaro sobre vacina



A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato afirmou nesta quinta-feira (8), em depoimento à CPI da Covid, que decidiu pedir exoneração do cargo por "questões pessoais" – e após identificar um movimento de "politização" da vacinação.


"Eu deixei o cargo por questões pessoais. Estou desde 2019 na coordenação do PNI, venho trabalhando incansavelmente. Pelos últimos acontecimentos da politização do assunto em relação à vacinação, eu decidi seguir os meus planos pessoais", declarou.


"Há uma evidência muito forte de que [a vacina] tem resultado. Quando começa a se tratar o tema em relação à vacinação, e se coloca em dúvida essa prática, tendo o aval da Anvisa, tendo o aval em relação aos estudos, isso pode trazer prejuízos para a campanha de vacinação", detalhou Francieli.


O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), e o relator Renan Calheiros (MDB-AL) pediram mais detalhes sobre o que Francieli entendia como politização. Ao responder, a ex-gestora citou a postura do "líder da nação", em referência ao presidente Jair Bolsonaro.


"Ter uma politização do assunto por meio do líder da nação, que traz elementos que muitas vezes colocam em dúvida... [interrompida por senadores] Qualquer indivíduo, qualquer pessoa que fale contrário à vacinação, vai trazer dúvidas à população brasileira. Então há uma necessidade de uma comunicação única, seja de qualquer cidadão, seja de qualquer escalão", declarou.

"É uma opinião pessoal. Eu, enquanto coordenadora do programa de vacinação, eu preciso de apoio que seja favorável à fala em relação à vacinação. Quando o líder da nação não fala favorável, a minha opinião pessoal é que isso pode trazer prejuízos [...] Eu, enquanto coordenadora, precisava que a gente tivesse um direcionamento único."


Sem juramento

O nome de Francieli Fantinato consta na lista de investigados da CPI da Covid, anunciada por Renan Calheiros no último dia 18. No fim de junho, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso concedeu habeas corpus para que ela possa se recusar a responder perguntas.


No início da sessão desta quinta, a ex-coordenadora do PNI preferiu não fazer o juramento de dizer apenas a verdade.


Na quarta (7), o ex-coordenador de Logística do ministério, Roberto Dias, fez o juramento. Ao fim da sessão, teve prisão decretada por Omar Aziz por falso testemunho.


Exoneração

A exoneração de Francieli foi publicada no "Diário Oficial da União" na quarta-feira (7).


A agora ex-coordenadora também relatou que houve pressão por parte de diversos segmentos para que fossem alterados os grupos prioritários de vacinação. Segundo ela, essas pressões “para a entrada de grupos trouxe uma dificuldade para a campanha”


“Se tivesse vacina suficiente, não precisaria fazer essa fragmentação, porque a gente iniciaria a campanha com maior quantidade de doses”, afirmou.


Fonte: G1

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