quinta-feira, março 22, 2018

Temer diz que EUA vão suspender sobretaxa do aço para o Brasil e abrir negociações

O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (21) que, segundo declaração da Casa Branca, o governo americano vai negociar uma "eventual" retirada do Brasil da lista de países que terão de pagar uma sobretaxa ao aço e alumínio importados pela indústria americana.

Conforme o presidente, a sobretaxa, anunciada em 8 de março pelo presidente americano Donald Trump, não será aplicada ao Brasil enquanto durarem as negociações. Temer deu a declaração em discurso de abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o "Conselhão".

Mais tarde, Itaramaty informou que o embaixador do Brasil nos EUA, Sérgio Amaral, enviou para o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, informação sobre a fala do representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, à Câmara dos Deputados daquele país. De acordo com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), essa informação foi repassada ao presidente Michel Temer, que a tomou como base para fdazer o discurso no Conselhão.

À noite, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgou nota na qual informou que o governo Trump "avalia" a não aplicação das sobretaxas ao Brasil. É a seguinte a íntegra da nota:

O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) recebeu bem as declarações feitas pelo representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer. Em sua fala hoje pela manhã, amplamente divulgada pela imprensa internacional, Lighthizer disse que a administração do presidente Donald Trump avalia a não aplicação das sobretaxas às importações de produtos siderúrgicos e de alumínio, durante o período de contatos bilaterais com determinados países, inclusive o Brasil. Na avaliação do ministro Marcos Jorge, o gesto pode ser interpretado como um sinal positivo por parte do governo norte-americano no sentido de evitar a imposição de sobretaxas. O governo brasileiro tem feito diversas gestões com os Estados Unidos, a fim de demonstrar que as suas exportações de aço e alumínio para aquele mercado não representam risco à segurança nacional daquele país. O ministro reforça que espera um desfecho positivo, no qual o Brasil não seja indevidamente atingido por restrições comerciais.


"Estou vendo uma declaração feita pela Casa Branca de que o Brasil é um dos países com quem começarão as negociações visando a eventual exceção nas tarifas sobre a importação de aço e alumínio", disse Temer no discurso.

"As novas tarifas – mensagem da Casa Branca – não se aplicarão enquanto estivermos conversando sobre o tema, uma boa notícia", completou.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no início do mês a criação de novas taxas para a importação do aço e do alumínio. Segundo os EUA, serão cobrados 25% a mais para o aço e 10% a mais para o alumínio. A medida entrará em vigor nesta sexta (23).

Segundo a agência de notícias Reuters, o representante de Comércio norte-americano, Robert Lighthizer, disse nesta quarta-feira (21) que os Estados Unidos devem iniciar conversas com o Brasil em breve sobre possível isenção das tarifas de importação sobre o aço e alumínio.

Em audiência em comitê da Câmara dos Deputados dos EUA, Lighthize disse que as conversas com a União Europeia, Argentina e Austrália já começaram.

Temer vem falando que aposta no diálogo com os EUA, contudo, na semana passada, declarou que avalia enviar uma representação à Organização Mundial do Comércio (OMC) – junto com outros países – caso não haja uma solução rápida para o impasse.

O presidente disse, também, que o governo brasileiro incentiva as empresas a atuar de tal forma a conseguir modificar a sobretaxa no Congresso do Estados Unidos.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás do Canadá (excluído da taxação). Com a decisão de Trump, cerca de 1/3 das exportações brasileiras de aço devem ser afetadas.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que também participou de reunião do Conselhão nesta quarta, comentou o anúncio do governo americano. O ministro afirmou que a decisão de negociar a taxação do aço e do alumínio com o Brasil mostra que o trabalho conjunto de diversos órgãos do governo brasileiro "já está mostrando resultado".


Meirelles contou que, nesta terça-feira (20), tratou do assunto com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin. A conversa foi em Buenos Aires, durante a reunião de ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20.

"Ontem tivemos exatamente um diálogo sério, profundo, franco, cordial, com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, onde apontei a ele que no caso do Brasil não faz sentido essa sobretarifa, por várias razões. Uma delas é que o Brasil produz aço que é usado pela indústria americano para finalizar e para constituir seus produtos.

Portanto, uma sobretaxa do aço brasileiro vai em algumas circunstâncias prejudicar a própria fabricação do aço americano, prejudicando evidentemente a indústria americana e em última análise, o consumidor americano", declarou.

Fonte: G1

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