terça-feira, fevereiro 20, 2018

Corpos de chefes de facção mortos no CE são reconhecidos pela família e devem seguir para SP

Foto: (Reprodução/TV Globo)

Familiares de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o "Paca", estiveram na sede da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) na manhã desta segunda-feira (19) para realizar os procedimentos necessários à liberação dos corpos. A informação foi repassada pela secretaria da Segurança do Ceará (SSPDS-CE). Gegê é apontado como um dos líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Um advogado, duas familiares e duas amigas das vítimas foram à Pefoce. O advogado Valdir Candeo disse estar em Fortaleza para acompanhar a liberação dos corpos. À tarde, os familiares prestaram depoimento na Delegacia de Represssão ao Crime Organizado (Draco). A expectativa, segundo o advogado, é levar os corpos para São Paulo ainda nesta segunda. Candeo afirmou não saber o que Gegê fazia no Ceará. "Desde que ele ganhou liberdade, perdi o contato com ele", disse.

Os corpos de Gegê e de Paca foram encontrados na tarde da sexta-feira (16) em uma mata, em área de reserva indígena em Aquiraz, a 30 km de Fortaleza, sem identificação. As informações foram confirmadas ao G1 pelo procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Marcio Sérgio Christino. A polícia investiga quem são os autores do crime.


A Pefoce identificou os corpos dos dois homens encontrados mortos em Aquiraz na última sexta-feira (16), segundo a secretaria. A identificação ocorreu após realização de exames necropapiloscópicos, que consistem na identificação humana de corpos a partir das papilas dérmicas.

De acordo com o procurador, os dois eram foragidos da Justiça de São Paulo e líderes da facção criminosa. As duas principais suspeitas da polícia para as mortes são execução por facção rival ou retaliação do próprio PCC. Eles foram mortos com tiro no rosto e facada no olho.

Moradores ouviram tiros

De acordo com uma moradora da reserva ouvida pela TV Verdes Mares, os corpos foram encontrados em uma área de mata fechada e de difícil acesso. Ela conta que na quinta-feira (18), ouviu um helicóptero sobrevoando a área por volta das 10h30. ”Pela zoada, ele não estava nem alto demais e nem baixo demais. Mas como aqui é um canto que passa muito helicóptero para Aracati [litoral do Ceará] a gente não estranhou”, conta.

Algum tempo depois ela conta que ouviu barulho de tiros. “Eu ouvi a zoada [dos tiros] mas não liguei porque muita gente caça nessa região e é uma barulho normal por aqui”.

Ela conta que no início da tarde do dia seguinte, um dos moradores da aldeia entrou na mata para colher murici, uma fruta típica da região. “Eram umam duas horas da tarde. Quando ele chegou lá se deparou com os dois corpos no chão. Quando viu, deixou os muricis e veio correndo para casa”.

Só quando a polícia chegou, junto com um carro do Corpo de Bombeiros e um rabecão da Pefoce foi que, segundo ela, percebeu a possível ligação entre o sobrevoo do helicóptero e os tiros ouvidos no dia anterior.

'Duro golpe', diz promotor
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya disse na tarde deste domingo (18) que a morte de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua dentro e fora dos presídios, "é um duro golpe na facção".

"É uma grande baixa para o PCC. Gegê era considerado o número 1 do PCC em liberade, abaixo apenas do Marcola. O Paca estava entre os seis da facção. Já não existem elementos da facção na rua para exercer essa liderança", afirmou Gakiya, que trabalha no Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual em Presidente Prudente e é um dos promotores que mais investigam a facção.

Segundo o promotor, "não há informações de conflito com outras facções" sobre a morte de Gege e Paca no Ceará. "Segundo as nossas investigações não se trata de briga de facções. Ninguém sabia, a não ser alguns integrantes do PCC, que eles estariam no Ceará nessa época. Possivelmente possa ser um racha dentro da facção que levou a essas mortes."

Ficha de identificação civil de Paca (Foto: Reprodução)
Ficha de identificação civil de Paca (Foto: Reprodução)

Gegê do Mangue
Em abril de 2017, Gegê foi condenado a 47 anos, 7 meses e 15 dias de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha armada. Para a fixação da pena, o magistrado levou em consideração, entre outros fatores, os antecedentes criminais do acusado, sua conduta social e personalidade voltadas a práticas delituosas.


Ele foi liberado antes de seu julgamento após a Justiça entender que houve excesso de prazo para ele ser julgado. Após a sua liberação, ele não se apresentou mais às autoridades e faltou ao próprio julgamento. Ele não foi localizado por ter mentido sobre os endereços que poderia estar e passou a ser considerado foragido da Justiça. Sua prisão prevntiva chegou a ser decretada.

Para o Ministério Público (MP), Gegê e Abel ordenaram as execuções de dois criminosos na favela do Sapé, no bairro do Rio Pequeno, Zona Oeste de São Paulo. Eles tinham dado as ordens por celular de dentro da cadeia para integrantes da facção matarem dois desafetos do grupo do lado de fora. Em abril de 2017, o promotor Rogério Leão Zagallo disse ao G1 que a suspeita era de que Gegê estaria no Paraguai desde que fugiu.

Fonte: G1

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