domingo, outubro 01, 2017

Pipeiros entregam água imprópria para consumo de milhares no Piauí

No Piauí, o exército descobriu uma fraude contra quem mais sofre com a seca. Motoristas de caminhão pipa, os pipeiros, contratados pelo governo, estavam entregando água imprópria para milhares de moradores.
A família de José Nivaldo está entre as 200 mil pessoas beneficiadas com a operação carro-pipa no Piauí.  Lá, água da cisterna só para cozinhar e beber. Mas o agricultor anda desconfiado da qualidade da água.
“De vez em quando, corre um com dor de barriga danada. As crianças faltam é morrer. Vem e quando chega um: ‘Estou com dor de barriga, mãe’”, disse o agricultor José Nivaldo de Macedo.
A 15 quilômetros da casa de José Nivaldo, há um barreiro já completamente seco. Mas o dono do lugar afirma que, até julho, muitos pipeiros andaram por lá pegando água. O manancial não está autorizado pela Defesa Civil para abastecer as cisternas dos moradores da região. Para impedir a ação criminosa dos pipeiros, José Francisco precisou fechar o terreno com cadeado.
“Na verdade, eles ganham para pegar água no poço, né? Então, aqui, depois que eu botei o cadeado, eles não pegam mais não”, afirmou o agricultor José Francisco Coelho.
O poço com água potável fica na cidade vizinha, Jaicós, a 140 quilômetros. No Piauí, 89 cidades estão em situação de emergência por causa da seca. Em 40 delas existem decretos de racionamento. Na zona rural, 574 pipeiros distribuem água para população de 69 cidades do semiárido.
Há cinco anos o exército adotou um sistema de monitoramento para controlar essa entrega. Cada caminhão cadastrado recebe um equipamento que registra data, hora e a rota de cada caminhão. Um sistema de controle que o Exército descobriu que estava sendo fraudado.
Duas pessoas foram presas em flagrante acusadas de fazer parte de uma quadrilha especializada neste tipo de fraude. O Exército afirma que eles usavam motos para registrar o percurso que vários caminhões deveriam fazer.
“Com isso aí, o pipeiro fica livre, sem o equipamento, para pegar uma água mais próxima, nos barreiros mais próximos da cidade, e entregar nesse local como se fosse água de um manancial cadastrado pelo Exército”, explicou o capitão Veloso, do Exército.
Uma carga de oito mil litros de água, por causa da distância, chega a custar para o Governo Federal até R$ 600. O Exército diz que afastou os pipeiros já identificados na fraude e que aumentou a fiscalização na região.

“O que uns fazem, todo mundo paga. Aumenta a fiscalização sobre a gente, todo mundo quer julgar a gente, como se a gente fosse todo mundo igual”, disse o pipeiro José Bibiano.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!