quarta-feira, março 15, 2017

Cabral exigiu pagamento de propina logo após assumir governo, diz delator

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá, confirmou o pagamento de propinas ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, em troca da participação da empresa em
contratos com o estado. O executivo revelou que, logo após assumir o comando do Executivo estadual, Cabral o chamou para uma reunião em sua casa e pediu uma "contribuição" mensal de R$ 350 mil, e que os pagamentos foram feitos durante cerca de um ano e três meses.
Sá fez as afirmações na manhã desta quinta-feira (15), durante audiência, na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, de processo derivado da Operação Calicute, que levou Sérgio Cabral para a cadeia em novembro do ano passado. Segundo ele, houve uma reunião no Palácio Guanabara, sede do governo, na qual Cabral disse que o então secretário de Governo, Wilson Carlos, cuidaria da distribuição das obras.
"Ficamos com as obras de Manguinhos [PAC das Favelas] e do Arco Metropolitano", disse, acrescentando que a Andrade Gutierrez acabou desistindo do Arco após perceber que não "teria resultados" participando da obra, e que foi acertado o pagamento de 5% do valor do contrato das obras de Manguinhos, realizadas por um consórcio liderado pela empreiteira.
Rogério Sá também afirmou ao juiz Marcelo Bretas que as propinas eram pagas com o uso de notas fiscais falsas ou superfaturadas de empresas que prestavam serviços durante as obras, como aluguel de equipamentos ou terraplanagem. Ainda de acordo com o executivo, o caixa 2 da Andrade Gutierrez era operado pelo superintendente comercial da empresa, Alberto Quintaes.
Segundo a ser ouvido na audiência, o ex-diretor da empreiteira Clóvis Renato Peixoto Primo também confirmou os pagamentos - informação que já havia dado em sua delação premiada, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu me lembro que em 2007, quando começou o novo governo, a Andrade Gutierrez queria participar de algumas obras aqui no Rio, como o Arco Metropolitano e o PAC das favelas. Nessa época eu recebi a informação do Rogério [Nora de Sá] que havia a solicitação do governo de pagamento de um valor mensal até que as obras fossem contratadas, e depois o pagamento de 5% do valor de cada obra", afirmou Primo, que também atribuiu a Alberto Quintaes a organização da planilha de pagamentos, em geral feitos em espécie.
Sobre a escolha das empresas que fariam as obras, Clóvis Primo afirmou ter conhecimento de que isso era definido pelo governo e que a Andrade Gutierrez teve prejuízo com algumas das obras que assumiu. "O Arco Metropolitano não rendeu nada porque saímos no início, o Maracanã deu prejuízo e Manguinhos [PAC Favelas] deu resultado, mas não foi grande, deu um lucro pequeno".
Superintendente comercial da empresa, Alberto Quintaes também foi ouvido pelo juiz Bretas e afirmou ter sido informado em 2007 por Rogério Nora de Sá, então presidente da empreiteira, de que deveria ser paga uma "mesada" de R$ 350 mil a Cabral.
"Eu tinha uma planilha e cumpri a ordem fazendo os pagamentos a Carlos Miranda. Algumas vezes paguei no escritório da empresa no Rio, outras nos de São Paulo e Minas Gerais e ainda no escritório de Miranda", disse Quintaes, referindo-se ao homem apontado pelas investigações como o operador financeiro do ex-governador.
Ainda segundo o superintendente, único dos três que não chegou a ser preso e que continua na Andrade Gutierrez, o ex-secretário de Governo Wilson Carlos cobrava os pagamentos, sempre de 5% do valor dos contratos, e determinou que fosse feito o pagamento de 1% ao então secretário de Obras, Hudson Braga, também preso na Calicute - os envolvidos no esquema chamavam o percentual de "taxa de oxigênio".
Os advogados do ex-governador Sérgio Cabral foram procurados, mãs não quiseram se pronunciar. A Andrade Gutierrez informou, em nota, que reafirma o "compromisso de colaborar com as autoridades para esclarecer e sanar os erros cometidos".

Fonte: G1

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