quinta-feira, junho 16, 2016

Delegado afirma que vai analisar vídeos de médico xingando casal gay

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A Polícia Civil informou que vai analisar os vídeos gravados pelo casal de lésbicas em que um médico diz: “Veado, gay, se pegar, tem que matar”. Conforme o
delegado Isaias Pinheiro, do 1º Distrito Policial de Goiânia, o homem deve ser intimado para prestar depoimento e pode ser indiciado pelos crimes de perturbação e ameaça.
“O crime de homofobia ainda não está regulamentado. Então, temos que enquadrar a conduta dele em outro processo penal. Vou analisar para ver se também cabe o crime de injúria. Vamos ouvir o médico e outras pessoas e vai ser feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência [TCO]”, explicou o delegado ao G1.
A discussão aconteceu na madrugada de quarta-feira (15). O médico argumentou que só se manifestou porque, segundo ele, o casal estava “se exibindo”.
Já a agente de turismo Angélica Santana, de 27 anos, e a namorada, a turismóloga Giovana Alves, de 36, contam que estavam com uma amiga em uma loja de conveniência de um posto de combustíveis no Centro de Goiânia quando o médico se aproximou e tocou nelas.
As mulheres contam que insistiram para que ele saísse, mas ele continuou ao lado da mesa em que elas estavam sentadas. Segundo Giovana, o médico começou o discurso homofóbico quando ela pediu: “Por favor, não encoste na minha namorada”.
A advogada das vítimas, Líbia Lhanesa, afirmou que o crime de homofobia já está previsto na Constituição Federal, mas em Goiás ainda não é possível registrá-lo. “Aqui o conceito está atrasado. A Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás [OAB-GO] está lutando para que isso se consagre no estado e dê respaldo à comunidade LGBTT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais]. No caso delas [vítimas], elas têm apoio da Comissão da Diversidade Sexual da OAB-GO e o autor continua ameaçando elas, mas ele não vai ficar impune”, disse ao G1.
Em depoimento à Polícia Civil, elas afirmaram que foram chamadas de “aberração”, “anormal”, “mal amada” e “bosta”. Giovana pede justiça, mas ressalta que é importante não alimentar o discurso de ódio em nenhum dos lados. "O ódio oposto também não é legal, só queremos que ele pague pelo que fez", declarou.

Constrangimento
A turismóloga Giovana Alves lembra que se sentiu constrangida com a situação. Segundo ela, enquanto Ricardo Dourado falava, as duas ficaram sem ação.
“A gente se sentiu indefesa, por uma agressão tão gratuita e injustificada. A raiva que a gente sentiu dentro da gente foi administrada de outra forma porque eu não poderia ficar no nível dele”, disse.
Angélica disse que tomou a iniciativa de gravar a cena depois que o médico se afastou e voltou a discutir. “Ele falou muita coisa antes de eu começar a gravar, ele foi no banheiro, saiu e continuou falando. Fiquei sem reação, não ia bater boca com ele, só queria que ele parasse de falar”, explica a agente de turismo.

Outro lado
Por telefone, o médico Ricardo Dourado confirmou ao G1 que houve uma discussão no local e argumentou que só se manifestou porque, segundo ele, o casal estava “se exibindo”. Ele afirma que não se lembra exatamente do que falou porque tinha bebido cerveja e estava com “ânimos exaltados”.
“Eu só pedi respeito em um ambiente público, elas não quiseram. Se eu falei isso, de morte, infelizmente, falei sem ver, peço até desculpas, porque não é isso. Como médico, eu não vou querer matar ninguém, é lógico. Acho até incabível essa colocação, posso ter falado lá como qualquer um fala quando está exaltado”, afirmou.
O médico disse que não considera a atitude dele um crime, pois discutiu com o casal porque foi provocado. “Eu não acho certo, continuo achando que não é certo. Não tenho nada contra gay, eu só acho que essa exposição do gay, esse negócio de beijar em ambiente público, de querer se mostrar, eu não sou a favor. Isso é uma questão minha”, defende.
Ricardo Dourado diz que vai entrar na justiça contra Angélica por ter veiculado o vídeo nas redes sociais associando a imagem dele ao nome e profissão. Além disso, ele denuncia a agente de turismo de ter usado a imagem da família dele na divulgação da denúncia.

Fonte: G1

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