sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Fátima: “Se comprovado que houve cobrança, que Agripino seja punido”

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A senadora Fátima Bezerra (PT), apesar de adversária política, é cautelosa ao tratar o pedido de abertura de inquérito contra o senador José Agripino Maia (DEM)
no Supremo Tribunal Federal. O pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está sendo apreciado pela ministra Carmem Lúcia.

“É preciso deixar claro que estamos falando de uma denúncia e não de uma condenação. Se comprovado que houve coação e cobrança de valores a um empresário que prestava serviços ao Estado – fazendo uso da prerrogativa do cargo como senador, e na condição de presidente do partido que governava ou governaria o Estado do RN – que seja punido. Se comprovada sua inocência, que seja absolvido”, disse a petista, em entrevista esta manhã ao Jornal de Hoje.

Agripino é acusado de cobrar e receber propina do empresário George Olímpio, réu e delator do esquema de corrupção que tentou implantar a inspeção veicular no Rio Grande do Norte, juntamente com a cobrança de taxas por aquisição de veículos financiados no Estado. Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o esquema começou a funcionar no governo Wilma de Faria, perdurou durante a gestão Iberê Ferreira de Souza e só foi estancada na gestão Rosalba Ciarlini (DEM). Agripino teria sido acionado pelo empresário na condição de aliado de Rosalba e Carlos Augusto Rosado para tentar dar sequencia ao esquema na gestão democrata.

A suposta conversa entre Agripino e George Olímpio teria ocorrido na cobertura que o senador potiguar mantém no bairro de Morro Branco, antes das eleições de 2010. Na oportunidade, Agripino teria cobrado o recebimento de R$ 5 milhões em propina para ajudar o esquema. No entanto, Olímpio achou alto demais o valor. O senador então teria dito que o governador Iberê, então candidato à reeleição, havia recebido esta quantia. Mas Olímpio insistiu que só poderia dar R$ 1 milhão, sendo duas parcelas inicias de R$ 100 mil, mas tendo chegado com R$ 300 mil. No suposto áudio, Agripino teria, então, dito, que os $ 700 mil restantes ficariam para a campanha. Este diálogo estaria em poder do procurador-geral da República.

RIGOR

Para Fátima Bezerra, a investigação precisa ser rigorosa. “Existe um réu confesso no processo, que em delação premiada denuncia o senador. Não estou aqui para fazer juízo de valor, mas é óbvio que uma informação deste porte precisa ser investigada com o rigor da lei”. De acordo com a petista, a figura do procurador-geral da República não só deve como tem obrigação de apurar qualquer indício de desvio de conduta por parte de agentes públicos. “Doa a quem doer, como tem ocorrido nos últimos 12 anos com o desaparecimento do que se convencionou chamar engavetador geral da república”, ironizou.

Evitando “por revanchismo usar a mesma régua que o senador costumeiramente utiliza para atacar o governo, o PT e adversários”, Fátima defendeu que este caso “seja tratado com a devida transparência e que a Agripino seja concedido o direito à ampla defesa, o mesmo que o senador normalmente nega aos que elege como desafetos”, disse. “Que a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República investiguem, apurem e a Justiça julgue”, considerou.

Instada se o Senado deveria abrir investigação contras o senador, Fátima disse que, confirmadas as denúncias, a Casa deverá fazer com Agripino o que fez com o ex-senador Demóstenes Torres (DEM). Acusado de favorecer o bicheiro Carlos Cachoeira, Demóstenes foi cassado e ficou inelegível por oito anos. “As investigações estão sendo conduzidas pelas instâncias adequadas. Somente com os elementos oriundos da investigação e apuração, o Senado deverá agir. Se forem comprovadas as denúncias, evidentemente que o Senado será provocado a tomar as providências cabíveis. Foi assim que a Casa agiu quando dos acontecimentos que envolveram outro ‘paladino da moral’, igualmente líder do DEM no Senado, o ex-senador Demóstenes Torres”, disse Fátima.

LUCENA

Fátima é a segunda liderança estadual petista a se manifestar sobre o envolvimento de Agripino na Operação Sinal Fechado. Nesta quinta, o vereador Fernando Lucena (PT) também analisou a situação delicada do senador. Segundo o petista, a posição de Agripino perante a operação assemelha-se a do ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, que foi cassado em 2012 por quebra de decoro parlamentar por favorecer o bicheiro Carlinhos Cachoeira, ficando inelegível por oito anos. “Acho que o caminho de Agripino está parecido com o de Demóstenes, também tido à época como uma reserva moral da direita, mas que caiu como castelo de areia. Infelizmente é o que está acontecendo”, disse o vereador, ao falar com a reportagem de O Jornal de Hoje nesta manhã.

Para Lucena, é lamentável que o senador Agripino esteja envolvido em um escândalo como esse. “Você não aponte os defeitos dos outros com os dedos melados. Agripino era a reserva moral da direita e agora se desmancha como castelo de areia”, frisou o vereador, ao fazer referência à postura de Agripino de sempre atacar o governo federal, durante as gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidente Dilma Rousseff.

Fonte: Portal JH

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