terça-feira, maio 14, 2024

Justiça determina paralisação da obra na orla da Praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso

Canteiro de obras na Praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso — Foto: Cedida


A Justiça Federal determinou a suspensão imediata das obras do projeto de urbanização na Praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso, no litoral Norte potiguar, e a retirada dos barraqueiros que trabalham de forma irregular no trecho.


A decisão, anunciada nesta terça-feira (14), atendeu a um pedido do Ministério Público Federal do RN (MPF). Segundo o MPF, o projeto - que prevê a criação de dez quiosques - estava sendo executado sem o aval dos órgãos ambientais. A decisão cobra ainda do Município uma fiscalização no trecho.


Em nota, a prefeitura de São Miguel do Gostoso negou que as obras ocorressem em situação irregular, mas informou que vai cumprir a decisão e que retornará às obras "após a obtenção das devidas licenças ambientais".



A multa imposta pela Justiça Federal, em caso de descumprimento, é de R$ 5 mil por dia.


O MPF apontou que a elaboração e a execução do empreendimento ocorreram:


sem o devido licenciamento ambiental do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do estado (Idema);

e sem autorização da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), uma vez que a área é de interesse federal.

Entenda os pedidos das licenças ambientais

Em nota, a prefeitura de São Miguel do Gostoso informou que as solicitou as licenças necessárias ao Idema, que, por sua vez, teria cancelado a Dispensa de Licença e instruiu o município a solicitar a Licença Simplificada.


O Idema havia explicado anteriormente ao g1 que a Dispensa de Licença havia sido concedida inicialmente apenas para retirada das barracas, mas que tomou conhecimento de que a obra executaria serviços de esgotamento sanitário, o que exige uma Licença Simplificada, como determina o Conselho Estadual de Meio Ambiente.


Barracas na praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso — Foto: Fernanda Zauli/g1


Segundo o Idema, além da retirada das barracas, a prefeitura planejava construir um terminal de turismo, o que não estava previsto no pedido, e que necessita dessa nova licença.


Decisão cita risco de danos ao meio ambiente

Sobre os barraqueiros na praia de Tourinhos, a decisão da Justiça pontuou que a ocupação, "sem a adoção das necessárias cautelas ambientais, é causa de sérios danos ao meio ambiente, por estar situada em área de zona costeira".


A decisão citou também que a construção da orla sem o devido licenciamento ambiental "é causa permanente de dano ao frágil ecossistema”.


A medida cautelar foi concedida, segundo a Justiça Federal, porque o juiz entendeu que havia perigo de dano em caso de demora da resolução do caso. O MPF informou que fez "inúmeras tentativas de resolução" da situação por vias extrajudiciais, mas não teve êxito.


MPF cita retirada de vegetação e risco para tartarugas

Segundo o MPF, nos últimos 14 anos, danos ambientais têm sido causados na área da Praia de Tourinhos devido à retirada da vegetação de restinga por parte do Município.


Em 2010, a prefeitura construiu três quiosques abertos no local, suprimindo a vegetação da área, que é de preservação permanente, de acordo com o órgão federal.


Pôr do sol na praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso, um dos principais pontos turísticos do estado — Foto: Fernanda Zauli/g1


O local também é foco de reprodução de uma espécie de tartarugas marinhas em perigo de extinção. Recentemente, o MPF entrou com uma ação para coibir e proibir o trânsito de veículos em São Miguel do Gostoso para proteger as tartarugas.


Construção da orla: questão ambiental e social, diz MPF

A promessa do município, com a urbanização da orla, é regularizar a situação dos barraqueiros que trabalham na região. O projeto havia começado a ser executado.


A ação do MPF apontou que é necessário alinhar os interesses da recuperação ambiental e a questão social envolvida no caso, uma vez que a retirada dos quiosques afeta, diretamente, 12 famílias que têm como fonte de renda o trabalho nas barracas de praia.


O Município informou que os recursos estão na conta da prefeitura "aguardando a resolução do mérito e a breve liberação dos órgãos competentes".


Fonte: g1

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