segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Família diz que PMs de UPP balearam mototaxista inocente no São Carlos

Vídeo mostra PMs segurando jovem baleado (Foto: Reprodução)Parentes de um mototaxista baleado durante ação policial no Morro São Carlos, na Tijuca, Zona Norte do Rio, acusam os policiais da UPP local de atirarem contra um
inocente, negligenciarem socorro médico e plantarem uma arma com ele para incriminá-lo.
Segundo a Polícia Civil, Lucas Florêncio Malta Mello foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e associação ao tráfico de drogas. Os policiais militares prestaram depoimento e a arma do PM e a que estava no local foram apreendidas e encaminhadas para confronto balístico. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) diz que o rapaz foi atingido durante confronto entre os PMs e bandidos armados e nega a negligência no socorro.

O caso ocorreu no sábado (7), um dia antes de outro mototaxista ser baleado e morrer, na Via Cruzeiro. De acordo com a CPP, os policiais da UPP São Carlos foram recebidos a tiros ao chegarem na localidade conhecida como Largo da Volta, por volta das 18h. Houve confronto e Lucas, de 20 anos, foi baleado.

Ainda segundo a CPP, Lucas foi levado pelos policiais ao Hospital Municipal Souza Aguiar e uma pistola foi apreendida na ação. O caso foi registrado na 17ª DP (São Cristóvão).

A versão dos familiares de Lucas, no entanto, contesta a da PM. Segundo Cristina Broad, tia do rapaz, moradores que presenciaram a cena afirmam que os policiais tentaram forjar a morte de Lucas.
“Meu sobrinho estava estendido ao chão, ensanguentando, então os policiais bateram na casa de uma moradora e pediram um lençol para cobrir o corpo de um bandido, enquanto plantaram uma arma no local como se fosse dele”, contou.

Um vídeo gravado por pessoas da comunidade, que circula em redes sociais, mostra Lucas com o referido lençol sendo arrastado pelos PMs por um beco. Enquanto isso, testemunhas, notavelmente revoltadas, gritam que ele é morador e não bandido e exigem que ele seja levado a um hospital.

Cristina afirma que Lucas foi salvo pelos moradores que “perceberam que ele não estava morto, pois se mexia embaixo do lençol”.

Estado estável
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Lucas sofreu uma fratura na perna direita e, nesta segunda-feira (9) seu quadro de saúde era considerado estável.

A mãe de Lucas, a vendedora Patricia Florêncio Alencar Seabra, se diz desesperada sem notícias do filho. “Eu fui visitar, mas ele está em custódia e disseram que eu só posso vê-lo com autorização do juiz. Aqueles homens [os policiais] são tão insensíveis que nem me dão notícia dele direito, só dizem que ele está ótimo. Eles são uns carrascos. Eu até me ajoelhei nos pés deles pedindo que me deixassem ver meu filho”, contou.

Patrícia diz que toda a comunidade está revoltada, porque Lucas é conhecido por todos com um jovem trabalhador e honesto. “Dois mototaxistas e o gerente do mototáxi disseram para eu não me preocupar porque eles vão depor a favor do meu filho. É um absurdo a PM balear um trabalhador e tentar forjar que ele é bandido”.

Mototaxista morto na Vila Cruzeiro (Foto: Reprodução / Globo)Diego morreu na Vila Cruzeiro
(Foto: Reprodução / Globo)
Mototaxista morto na Vila Cruzeiro
No domingo (8), um mototaxista que trabalhava na Vila Cruzeiro, na Zona Norte, foi baleado nas costas por policiais militares. O caso gerou revolta e protestos na comunidade. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que a "ação da polícia foi desastrosa".

Segundo a família, Diego estava voltando de uma festa na hora em que foi abordado. “Um garoto de 22 anos, trabalhador, desde os 15 anos trabalhando no mototáxi”, afirmou a prima Carolina Olveira das Neves. “É uma pessoa com boa índole. Não tem nada contra o rapaz. Isso foi uma injustiça, covardia tremenda”, criticou o padrinho de Diego, Antenor Paixão.

"Qualquer academia de polícia do mundo diz que o policial só deve atirar quando estiver com a vida em risco ou a vida de terceiros. Mas tudo isso será visto pelo inquérito policial. Se tiver que punir, vamos punir", disse o secretário.

Fonte: G1

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