sexta-feira, agosto 29, 2014

AUTOESCOLA INFORMA, MAS NÃO FORMA

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Aprender a dirigir na autoescola é uma loteria, que na maioria das vezes só há perdedor. E perder significa tornar-se um motorista despreparado para encarar o
trânsito. Em geral, alunos de autoescolas aprendem somente os ensinamentos para aprovação no exame prático e não para dirigir corretamente, afirmam especialistas do setor ouvidos por Car and Driver.

O casal Juan Morilhas e Victoria Cincotto, ambos de 19 anos, é exemplo do problema. "Minhas aulas foram apenas em uma praça na Chácara Klabin (bairro na Zona Sul de São Paulo) e o instrutor me fazia dar voltas a menos de 30 km/h", diz Victoria, que está para receber a CNH definitiva. "Tenho medo de dirigir no trânsito. Quando engato a 3ª marcha, parece que o carro está muito rápido e não sei o momento certo para trocar de marcha", desabafa. Seu namorado teve mais sorte e dirigiu em uma via mais rápida. "Na terceira aula, o professor me mandou andar na avenida Aricanduva (uma das principais da Zona Leste de São Paulo). Aos poucos fui aprendendo a fazer ultrapassagens e a andar no ritmo da via", explica Juan.

REFORMA DE ENSINO
"O tempo todo o aluno é adestrado para passar na prova", explica Márcia Pontes, especialista em educação de trânsito e coordenadora do grupo Aprendendo a Dirigir, de apoio para pessoas com dificuldades para guiar. "A cada passo, o aluno deveria aprender sobre como o carro reage a cada movimento. O que é a embreagem, por exemplo, qual é a sua função. E o básico: como fazer uma baliza de forma adequada.” Márcia defende uma reforma nos métodos de ensino. “Muitos instrutores ainda dizem para o aluno soltar a embreagem até ‘sentir a tremidinha’, só que esse é o ponto em que o motor pode morrer.”

Juan deu de cara com a dificuldade. “Fui reprovado na primeira vez porque não sabia como funciona a embreagem. Só recebi uma boa explicação quando troquei de instrutor”, afirma o jovem. “Mesmo depois de passar na prova, levou um tempo para entender. E a aprendizagem se deu no dia a dia.”

Superar as deficiências exige dedicação do aluno. “Ele precisa se acostumar com o movimento do carro e entendê-lo”, ensina Márcia. O ideal é que o aspirante a condutor dirija em um trajeto curto em que se sinta confortável. “Vá até o fim da rua e volte. Quando se acostumar e sentir confiança, dê a volta no quarteirão. Aumente o trajeto aos poucos.”

Sem saber, Victoria adotou tal técnica. “Quando estou sozinha, dirijo de casa até o curso de inglês, por alguns quarteirões. Ando um pouco mais quando estou com meu namorado ao lado, mas sempre em caminhos conhecidos. Se tiver que ir para um lugar novo, deixo que outra pessoa dirija.”

CONFUSÃO LEGAL
Não basta os instrutores ensinarem apenas o suficiente para passar na prova, a forma como os novos motoristas são avaliados é causa para muita confusão. Embora a Resolução 168 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) dite como o candidato deveria ser avaliado, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de cada estado utiliza portarias para alterar a regra e criar seu método de avaliar o aluno no exame prático. Em Minas Gerais, por exemplo, a baliza deve ser feita sem que o motorista olhe para o retrovisor, enquanto no Rio ele deve colocar a cabeça para fora do carro e olhar para trás.

“Ambas situações ignoram completamente os três espelhos, que são equipamentos de segurança obrigatórios”, diz Márcia. “Uma integrante do nosso grupo de apoio, por exemplo, relatou sua experiência no exame prático, em que o instrutor deu uma bronca por ela utilizar o retrovisor interno na hora de fazer a baliza.”

EXEMPLO SUÍÇO
A ONG Observatório Nacional de Segurança Viária trabalha em um projeto para mudar a forma como se ensina para evitar o adestramento e a aprendizagem se tornar significativa, baseado na forma utilizada em países com menor índice de fatalidades no trânsito, como a Suíça. Lá, os alunos passam por curso de primeiros-socorros e de visão. A prova teórica tem 50 questões e a taxa de acerto deve ser de 90%. Ao passar, o adolescente recebe a sua permissão, mas só pode dirigir com a presença de um adulto com mais de 24 anos – e que tenha pelo menos três anos de habilitação.Com a permissão em mãos, o jovem pode aprender com um familiar ou procurar uma autoescola. O documento é válido por 24 meses, período em que o condutor deve tentar passar no exame prático. Se falhar três vezes, ele perde a permissão. Se aprovado, recebe o direito a uma habilitação temporária de três anos. Após o período, se não tiver cometido nenhuma infração ou acidente, enfim, o aluno recebe sua habilitação final. Segundo a ONG brasileira, o projeto baseado na experiência suíça foi enviado ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Não há previsão de aprovação.

OUTRAS EXPERIÊNCIAS: COMO É TIRAR HABILITAÇÃO LÁ FORA


EUA: As regras nos EUA variam a cada estado. No geral, o candidato passa por um exame teórico minucioso, com questões sobre a que distância de um carro na contramão é preciso abaixar o farol e valores de multa. Os adolescentes, que recebem a permissão para dirigir com 16 anos, aprendem com os pais e fazem a prova prática com carro próprio.

JAPÃO: O Japão tem um dos exames mais rigorosos do mundo. O candidato passa por uma prova teórica com 50 questões e tem que acertar no mínimo 90% para ser aprovado; Em seguida vem uma prova prática, na qual o motorista não pode cometer um único erro. Ao ser aprovado, ele recebe uma permissão para dirigir chamada karimenkyo. Para a habilitação definitiva, o condutor passa por mais uma prova teórica com 100 questões e um exame prático no trânsito.

INGLATERRA: Os ingleses também passam por exame severo. Os alunos assistem vídeos interativos com ordens sobre o que fazer a cadasituação perigosa. Erros são fatais na prova prática. Basta dirigir a 25 km/h em uma via de 20 km/h que você é reprovado na hora. A taxa de aprovação é de apenas 65,4%.

Fonte: Carand Driver Brasil

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