terça-feira, maio 27, 2014

Igreja católica é incendiada em Jerusalém durante visita do papa

Imagem mostra restos de cruzes queimadasUm incêndio de origem criminosa foi deflagrado em uma das principais igrejas católicas de Jerusalém, no Monte Sião, durante a visita do papa Francisco, declarou à AFP o porta-voz da Abadia da Dormição, frei
Nikodemus Schnabel.

"Alguém entrou na igreja, desceu à cripta, pegou o livro de ouro assinado por peregrinos e o levou a uma pequena sala perto do órgão, onde incendiou o livro, queimando cruzes de madeira", disse o monge, explicando que o fogo foi constatado às 19h locais (13h de Brasília).

Pouco antes do incidente, o papa celebrou uma missa no edifício vizinho do Cenáculo, local sagrado para cristãos, judeus e muçulmanos que reflete as tensões na cidade sagrada.

"Não sabemos quem fez isso. Existe uma atmosfera muito desagradável, com manifestações contra a vinda do papa. Não sei se há alguma ligação, pode ser um ato de uma pessoa perturbada", afirmou o monge beneditino.

Procurada pela AFP, a polícia israelense indicou que estuda todas as pistas.

"De acordo com os primeiros testemunhos, um homem que não é judeu entrou na Abadia da Dormição, pegou uma vela e ateou fogo em um livro", disse à AFP o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld, acrescentando que "a pista de um incidente interno na igreja não está descartada".

Israelenses chegaram espontaneamente para manifestar apoio à comunidade dos monges da Dormição, uma abadia beneditina alemã. A abadia é uma imponente construção, cujo teto em forma de cone se destaca sobre as muralhas da cidade velha. Ela foi construída em 1900, onde morreu Maria, mãe de Jesus, de acordo com a tradição cristã.

"A polícia está no local e nos disse que não é um acidente", informou o monge beneditino.

Parte do mobiliário e cruzes de madeira foram queimados e os monges, que conseguiram controlar o fogo com extintores de incêndio, estavam cobertos de cinzas, constatou um jornalista da AFP no local.

Segundo a tradição cristã, foi no Cenáculo, no Monte Sião, que ocorreu a Última Ceia, a última refeição de Jesus com seus apóstolos, em que se instituiu a Eucaristia.

No mesmo local, de acordo com o Evangelho, o Espírito Santo apareceu no Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. Esses dois eventos marcam o nascimento da Igreja cristã.

Para os judeus, a construção abriga o túmulo do rei David, venerado desde o século 12. E, para os muçulmanos, que tinham uma mesquita construída no local até a conquista do Monte Sião pelos israelenses em 1948, o lugar também é considerado um santuário.

Hoje, os cristãos pedem autorização para fazer uso do lugar, onde têm acesso livre, mas só podem celebrar uma missa duas vezes por ano, na Quinta-Feira Santa e em Pentecostes.

A missa provocou a ira de extremistas judeus, que temem que a visita do papa ao Cenáculo faça parte das negociações entre Israel e a Santa Sé que poderia colocar um fim às restrições para as cerimônias cristãs no local.

A polícia israelense deteve dezenas de extremistas judeus suspeitos de querer perturbar a visita do papa.

O papa Francisco concluiu nesta segunda-feira à noite sua primeira visita à Terra Santa, em uma peregrinação de três dias com forte conotação religiosa, mas também políticas.

Reprodução Cidade News Itaú via Uol

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