quarta-feira, abril 09, 2014

Comerciante acusado em morte de radialista do RN vai a júri nesta quinta

Radialista F. Gomes foi morto em 2010, em Caicó (Foto: Sidney Silva/Cedida)Começa na manhã desta quinta-feira (10) em Caicó, na região Seridó potiguar, o júri popular do comerciante Lailson Lopes. Mais conhecido como Gordo da
Rodoviária, ele é um dos acusados de envolvimento no assassinato do radialista potiguar Francisco Gomes de Medeiros, de 46 anos. F. Gomes foi morto a tiros na noite de 18 de outubro de 2010 em frente da casa onde morava. Ele levou três tiros, foi socorrido ao hospital mas não resistiu.
Segundo o juiz Luiz Cândido de Andrade Villaça, o julgamento será realizado a partir das 9h no Fórum Amaro Cavalcante, no Centro da cidade. O comerciante, que possuía uma loja de celulares na cidade, nega ter qualquer envolvimento no crime.

No dia 6 de agosto do ano passado, também em júri popular realizado em Caicó, o mototaxista João Francisco dos Santos, o Dão, foi condenado a cumprir 27 de prisão em regime fechado pela morte do comunicador. Foi ele quem puxou o gatilho. Já Lailson e outros quatro réus, que ainda aguardam julgamento, são acusados de envolvimento no crime como mentores intelectuais, pois segundo denúncia do Ministério Público, “ambos encomendaram a morte de F. Gomes”.
Além do magistrado, participam do júri o promotor Geraldo Rufino de Araújo Júnior e o advogado Janduí Fernandes, que atuam na acusação. O advogado Anesiano Ramos fará a defesa do réu. O conselho de sentença é formado por sete jurados.

João Francisco, o 'Dão', foi condenado pela morte do radialista F. Gomes, em Caicó (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)João Francisco, o 'Dão', foi condenado pela morte
do radialista (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
O assassino
O mototaxista João Francisco dos Santos pegou pena base de 25 anos e seis meses pelo assassinato. O juiz ainda acrescentou à pena um ano e meio pela resitência à prisão, totalizando 27 anos de reclusão em regime fechado. Além disso, Dão foi condenado a pagar R$ 300 mil à família de F. Gomes.
À época, ao final do julgamento, o juiz Luiz Villaça avaliou como tranquilo o júri. "O povo de Caicó, mais uma vez, deu provas de urbanidade e de educação. O júri foi extremamente tranquilo. A meu ver, a sentença dada por mim ao condenado corresponde ao que a população caicoense queria", falou ao G1.
O comerciante Lailson Lopes, que também deveria ter sido julgado em agosto do ano passado, teve o júri cancelado porque a advogada Maria da Penha Batista de Araújo abandonou a defesa do acusado logo após o início da audiência. A advogada alegou foro íntimo para deixar o caso. Pela renúncia, ela foi multada em 50 salários mínimos.


ENTENDA O CASO
Radialista F. Gomes foi morto em 2010, em Caicó (Foto: Sidney Silva/Cedida)Radialista F. Gomes foi morto em 2010
(Foto: Sidney Silva/Cedida)
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e trabalhava na rádio CaicóAM. Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010, deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas F. Gomes não resistiu aos ferimentos.
Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a execução do radialista foi encomendada por R$ 10 mil. Contudo, R$ 8 mil foram pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse fugir”, disse ela, revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o o ex-pastor Gilson Neudo pregava. O restante teria sido pago pelo tenente-coronel Moreira, "que juntou o dinheiro após vender um triciclo", acrescentou Sheila. O dinheiro foi rastreado com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados.
Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias feitas com frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial quando este dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma investigação contra Moreira.
Outro acusado que teve participação decisiva na articulação do crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas, considerado o principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado foi o elo entre o Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão, além de também ter forte amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir daí, eles resolveram matar F. Gomes”, afirmou.
Ainda de acordo com Sheila, foi também pela forte influência e domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi contratado para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando criança. Daí essa frieza dele”, emendou a delegada.
As denúncias
O Gordo da Rodoviária e Dão foram denunciados, respectivamente, por autoria intelectual e material do homicídio. O mototaxista, réu confesso, admitiu ter puxado o gatilho. Já o comerciante, nega ter qualquer envolvimento no crime.
Preso um dia após a morte do radialista, Dão cumpria mandado de prisão preventiva na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, para onde foi reconduzido ao final do júri. Ele deixou o plenário do Fórum Amaro Cavalcante sem dar declarações à imprensa.
A delegada Sheila Freitas, que concluiu as investigações, falou sobre o assassino logo após finalizar o inquérito policial. Segundo ela, “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando criança. Daí essa frieza dele”.
Outros indiciados
Os demais acusados - o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o ex-pastor evangélico Gilson Neudo Soares do Amaral, o tenente-coronel Marcos Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro Medeiros - ainda aguardam sentença de pronúncia, procedimento em que o juiz decidirá se eles também sentarão no banco dos réus ou não. Todos negam.

O tenente-coronel, o soldado e o advogado aguardam a sentença de pronúncia em liberdade. O único que está preso é o ex-pastor, que cumpre pena por tráfico de drogas em Pau dos Ferros.

O soldado Evandro foi o único denunciado por homicídio simples - já que ele foi apontado apenas como o guardião da arma usada para matar o radialista. Se for levado a júri popular e condenado, sua pena pena pode variar de 6 a 20 anos de cadeia. Para os outros (todos denunciados por homicídio triplamente qualificado) a pena é mais rígida e vai de 12 a 30 anos de prisão.
Segundo o promotor criminal Geraldo Rufino, foram levados em consideração três  agravantes: motivo fútil, emboscada e morte mediante promessa de recompensa.

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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