segunda-feira, dezembro 09, 2013

Corte de propulsão impediu Cbers-3 de manter órbita, diz Inpe

 Satélite CBERS (Foto: Editoria de Arte/G1)Uma falha na terceira e última etapa do lançamento do satélite sino-brasileiro Cbers-3 fez sua colocação em órbita fracassar, informou nesta segunda-feira (9) o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe).
O motor de propulsão do lançador chinês foi desligado 11 segundos antes do previsto, o que impossibilitou que o equipamento atingisse a velocidade mínima para ser mantido em órbita.
As causas do problema serão investigadas e, para amenizar o impacto da perda do satélite, o Inpe pretende antecipar o lançamento do Cbers 4.
O fracasso do lançamento foi confirmado por técnicos chineses às 4h30 (horário de Brasília). A velocidade mínima horizontal para manter o satélite em órbita é de 7 a 8 km por segundo – a velocidade atingida foi inferior a esse parâmetro. O equipamento atingiu 720 quilômetros de altitude.
No lançamento foi usado o foguete chinês Longa Marcha 4B. Antes do Cbers-3, o modelo operou 34 lançamentos com sucesso. O governo brasileiro investiu R$ 160 milhões no projeto. O satélite não era resguardado por nenhum tipo de seguro.
O prazo previsto para o lançamento do Cbers 4 é de 24 meses, mas a direção do Inpe informou preliminarmente uma nova estimativa de 12 a 14 meses para lançar o novo satélite. A antecipação depende de tratativas com o governo chinês. O órgão assegura que as demandas de programas nacionais não ficarão descobertas neste período. Para isso, o Brasil vai utilizar dados de outros satélites como o indiano Resourcesat-2 e o americano Landsat-8.
Queda
O Inpe não obteve informação a respeito da queda de partes do satélite na Terra. A hipótese é que o equipamento tenha se desintegrado e tenha sido totalmente pulverizado.
Pesquisadores durante coletiva na sede do Inpe em São José dos Campos (Foto: Suellen Fernandes/G1)“Nenhum centro de rastreio conseguiu identificar a trajetória do Cbers na queda. Se é que algum pedaço resistiu, deve ter caído antes de completar a primeira órbita e portanto, pode ter caído no Oceano Antártico. Acreditamos que o satélite tenha tido um comportamento de míssil balístico, caindo imediatamente após atingir a altitude máxima”, disse Oswaldo Duarte Miranda, vice-diretor do Inpe.
Futuro
Apesar do fracasso no lançamento e do prejuízo financeiro, inicialmente não estão previstos cortes na mão de obra ou nos recursos do Inpe para projetar o Cbers-4.
Para a equipe que participou do Cbers-3, a sensação é de frustração. “Perdemos neste primeiro momento o kit de imagens e produtos que o usuário brasileiro anseia. Por outro lado, temos um desafio de colocar o Cbers-4 o mais breve possível em órbita. Enquanto isso, as grandes demandas brasileiras não ficarão descobertas, mesmo que seja necessária a compra de dados”, disse José Carlos Neves Epiphanio, coordenador do segmento de aplicações do Programa Cbers.

Sem revelar detalhes, a direção do Inpe informou que o órgão iniciou tratativas com a China para o lançamento do Cbers 5 e 6.
Atraso na produção
O lançamento aconteceu três anos após a data prevista inicialmente pelo Inpe, que desenvolveu o projeto em parceria com a Cast.
O Cbers-3 foi projetado com quatro câmeras, de diferentes resoluções e capacidade de captação, responsáveis por coletar imagens com maior qualidade de atividades agrícolas e contribuir com o monitoramento da Amazônia, auxiliando no combate de possíveis desmatamentos ilegais e queimadas – foco de projetos ligados também ao Ministério do Meio Ambiente, como o Prodes e o Deter.
Dificuldades para criar novas tecnologias espaciais, consideradas complexas, atrasaram o programa, segundo o diretor do Inpe, Leonel Perondi, que está no país asiático e acompanhou o envio do satélite ao espaço.
O objetivo do Cbers-3 seria preencher um vácuo deixado pelo Cbers-2B, que encerrou suas atividades em 2010. Desde então, o programa sino-brasileiro ficou sem equipamentos para fornecer imagens aos países parceiros. Também foram lançados o Cbers-1 e Cbers-2, que já não funcionam.
O Brasil tem 50% de participação no novo equipamento. Antes, a participação no desenvolvimento de satélites com a China era de 30%.

Reprodução Cidade News Itaú

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