quinta-feira, dezembro 05, 2013

Corinthians e Odebrecht anunciam que estádio ficará pronto em abril

A Odebrecht e o Corinthians informaram na tarde desta quinta-feira (5), em nota conjunta, que o prazo estabelecido como meta para
a entrega da Arena Corinthians é 15 de abril de 2014, menos de dois meses antes da abertura da Copa do Mundo. A data foi decidida em conjunto com o Comitê Organizador Local (COL) e a Fifa. Um acidente no estádio provocou a morte de dois operários na semana passada.


O presidente da Fifa, Joseph Blatter, já havia antecipado nesta quinta-feira que a Arena Corinthians estará pronta no meio de abril. O estádio do Corinthians foi o local escolhido pela Fifa para o jogo de abertura da Copa do Mundo no dia 12 de junho de 2014, que será entre a seleção brasileira e um adversário a ser definido no sorteio das chaves do Mundial nesta sexta-feira (6), na Costa do Sauipe (BA).

Na quarta-feira (27), o tombamento de um guindaste deixou dois operários mortos. O equipamento içava uma pesa de 420 toneladas, último módulo da estrutura da cobertura metálica do estádio.
O tombamento provocou a queda da peça sobre parte da área de circulação do prédio leste – atingindo parcialmente a fachada em LED.  Segundo a Odebrecht, a estrutura da arquibancada não foi comprometida. O estádio terá 48 mil lugares e possibilidade de instalação adicional de 20 mil assentos removíveis durante o período da Copa.
A Defesa Civil embargou 30% da área afetada pelo acidente. O Ministério Público Estadual (MPE) informou que fará uma vistoria nos próximos dias e exigirá laudos da Polícia Técnico-Científica para avaliar se pedirá à Justiça a paralisação total da obra do estádio que receberá a abertura da Copa do Mundo de 2014.

MAPA desabamento Arena Corinthians (28/11) (Foto: Editoria de Arte/G1)
As obras foram retomadas no último dia 2 de dezembro, com 1,3 mil trabalhadores, e seguindo o cronograma normal de trabalho, exceto nos 30% do prédio leste, equivalente a cerca de 5% da obra.

Quando o acidente ocorreu, as obras da Arena Corinthians tinham alcançado 94% da conclusão e havia previsão de que a obra seria entregue em 31 de dezembro de 2013. As obras seguiam concentradas especialmente no acabamento.
Estavam concluídos a maior parte dos banheiros, dos pisos dos prédios leste e oeste, das lojas de concessões e dos vestiários. Foram concluídas também as fachadas de vidro dos prédios oeste e leste, a que foi afetada pelo acidente.
O operador de guindaste José Walter Joaquim, de 56 anos, negou em depoimento na quarta-feira ter cometido qualquer falha que pudesse ter causado o acidente que deixou dois mortos nas obras do estádio do Corinthians.
Tanto o advogado Carlos Kauffmann, que defende o operador, quanto o delegado do caso, Luiz Antonio da Cruz, disseram que Joaquim não soube apontar a causa do tombamento. "Ele sustentou que não falhou em nada. (...) Ele não sabe o que causou a queda", disse o delegado.
Entretanto, defesa e Polícia Civil admitem que o operário relatou ter percebido que havia risco de acidente e tentado corrigir a situação antes do tombamento da peça e da máquina.
Problema no solo
Policiais ouvidos pela reportagem disseram que operador declarou em depoimento que o solo sobre o qual o guindaste estava apoiado apresentou problema.
Parentes de Joaquim que estiveram na delegacia pela manhã também afirmaram que o operador comentou que o solo estava instável. De acordo com essas pessoas, que não quiseram se identificar, o operador deveria sustentar em seu depoimento que o solo cedeu, fazendo com que o equipamento e a peça tombassem.
O depoimento do operador não foi divulgado pela Polícia Civil.
Segundo o advogado, Joaquim percebeu que havia algo errado no procedimento de içamento e que um acidente poderia ocorrer. Após isso, ele fez um alerta por rádio ao encarregado da operação. O advogado afirma que, em seu depoimento, o operador declarou que foi orientado a sair da máquina.
A Polícia Civil quer ouvir o supervisor e o encarregado que acompanharam o içamento. Ao todo, devem depor mais 15 pessoas no inquérito. Entre elas o engenheiro-chefe da Odebrecht.
O acidente
O operador cuidava de um guindaste que suporta carga de até 1,5 mil toneladas. Ele içava uma peça de 420 toneladas quando a estrutura e a máquina tombaram sobre parte do estádio, atingindo o motorista Fábio Luiz Pereira, de 41 anos, e o montador Ronaldo Oliveira dos Santos, de 43. Eles trabalhavam para empresas terceirizadas. A construção do estádio está sendo conduzida pela parceria entre a Odebrecht e o Corinthians.
A “caixa-preta” do guindaste foi retirada na segunda-feira (2) pelos fabricantes do veículo e entregue à perícia da Polícia Técnico-Científica para análise. A informação foi confirmada pelo delegado titular do 65º Distrito Policial.
“O HD [disco rígido] do guindaste foi retirado pelos alemães fabricantes do veículo [Liebherr] e entregue para a perícia do IC [Instituto de Criminalística]”, disse o delegado Luiz Antonio da Cruz. No equipamento constam informações das operações realizadas pelo guindaste.

Além da Polícia Civil, peritos do IC da Polícia Técnico-Científica apuram o caso para descobrir, entre três hipóteses prováveis, se o que o ocorreu foi causado por falha humana (do operador do guindaste), mecânica (devido algum problema da máquina) ou do terreno (pela inconformidade do solo, que teria tombado o aparelho).
A perícia irá analisar os dados do guindaste modelo LR 11350, chamados pelos policiais de “caixa-preta”, para saber o que ocorreu na tarde da última quarta-feira (27). Também será periciado o vídeo que gravou o momento da queda da máquina.

O guindaste foi fabricado pela Liebherr Brasil, empresa de origem alemã. Apesar disso, a máquina pertence à Locar Transportes Técnicos e Guindastes Ltda, que disponibilizou o aparelho e o operador.

Reprodução Cidade News Itaú

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