sexta-feira, setembro 06, 2013

PMDB do RN fala em renovação, mas não dispõe de novidade em seus quadros

Em aparente isolamento político provocado pelo seu ex-principal aliado, o PMDB, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) acompanha – sem se pronunciar – a peleja dos peemedebistas para dar vazão à tese de candidatura própria. Até agora, dos quatro nomes especulados, todos negaram intenção de disputar o Governo do Estado: o ministro da Previdência Social, senador licenciado Garibaldi Alves Filho, o presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, o deputado estadual Walter Alves e o ex-senador e empresário Fernando Bezerra. Dos que estão no bojo das especulações, sobrou apenas o ex-governador e ex-senador Geraldo Melo para salvar o discurso do PMDB. Geraldo, contudo, não está em alta politicamente. A esposa dele, Ednólia Melo – ex-prefeita de Ceará-Mirim – não elegeu o sucessor em 2008 e foi derrotada em 2012. Agora, com o discurso de que é preciso projetar o Rio Grande do Norte para 20 anos – conforme discurso de Henrique Alves – Geraldo Melo ressurge das cinzas e, até o momento, figura como o único que teria interesse na disputa majoritária.

Ocorre que ao propagar discurso de renovação, de que é preciso um governante que recupere a imagem do Rio Grande do Norte e concretize projetos para o futuro, o PMDB esqueceu o principal: combinar com a história política do próprio RN. Dos nomes postos, nenhum atenderia aos adjetivos elencados durante a reunião realizada na semana passada e que culminou com o rompimento político da legenda com a governadora Rosalba Ciarlini e, consequentemente, com o Democratas potiguar. Embora o presidente nacional do DEM, José Agripino Maia, insista na tese de que é possível o seu partido se aliar ao PMDB à formação da chapa proporcional.

A análise que se pode fazer é que o PMDB não tem tanta certeza de que sairá com uma candidatura própria ao Governo do Estado. É que, a partir do momento em que suas principais lideranças negam interesse, passa a ideia de que temem alguma coisa. E vem a dúvida: o que o PMDB teme? Enfrentar a governadora Rosalba Ciarlini? O desgaste de uma candidatura antecipada e vivenciar o que passou em 2006, quando Garibaldi Filho era tido como governador de férias e foi derrotado duas vezes pela então governadora Wilma de Faria (no primeiro e segundo turnos)? As respostas ainda não são possíveis.

Contudo, pelo desenrolar futuro dos emaranhados políticos provocados pela decisão do PMDB, já se vislumbra que o plano não saiu totalmente como o esperado. Primeiro porque o PR não seguiu a lógica peemedebista e adiou para outubro a reunião que decidirá os rumos da legenda. O segundo ponto diz respeito à manutenção de uma aliança com o DEM quando o PMDB está rompido com a governadora democrata.

São teses que, com análise aprofundada, externam posicionamento dúbio de todos os lados. Do PMDB: não faz sentido se projetar a discussão de candidatura própria ao Governo quando todos negam interesse e tal situação remete à afirmação de que os peemedebistas tendem a apoiar nome de outro partido. Caso venha a se concretizar, cai por terra a história de falta de diálogo e se efetiva a tese de que o PMDB se afastou do governo Rosalba Ciarlini para evitar ser pego pela onda negativa administrativa por qual passa a gestão estadual.

Além disso, não faz sentido negação sistemática de candidatura (por parte de Garibaldi, Henrique e Walter Alves), pois o principal motivo foi de que o PMDB teria candidato próprio. Com isso, surge outra especulação: a de que o rompimento do PMDB com o governo Rosalba não teria se dado por questões políticas administrativas. E sim pessoais, as quais envolveria o secretário do Gabinete Civil, Carlos Augusto Rosado, Garibaldi Filho e Walter Alves.



Nomes do PMDB

Garibaldi Alves Filho – Governador duas vezes e está no segundo mandato no Senado Federal. Ele renovou o mandato de governador em plena suspeição relacionada à venda da Cosern

Geraldo Melo – Foi governador e senador. Na sua passagem pelo Governo, a marca negativa foi o tratamento dispensado aos professores. Era do PSDB, mas perdeu o comando da sigla tucana para Rogério Marinho. Encontrou apoio no PMDB

Henrique Eduardo Alves – Está no décimo primeiro mandato na Câmara Federal. Ocupa atualmente a presidência da Casa. Tentou ser prefeito de Natal e governador do RN sem êxito.

Walter Alves – Está no segundo mandato na Assembleia Legislativa. Aos 33 anos, não teria idade suficiente para a disputa majoritária.

Carlos Eduardo Alves – Foi deputado estadual, vice-prefeito e prefeito de Natal. Retornou à Prefeitura da capital em 2012. Em 2010 se candidatou ao Governo do Estado, sem êxito.



Carlos Eduardo, a solução caseira os Alves

Sem nome disposto à disputa pelo Governo do Estado, o PMDB trata de procurar suporte na família para desatar o nó dado pelo rompimento político com o governo da democrata Rosalba Ciarlini. Como Garibaldi Alves, Henrique Alves e Walter Alves não querem admitir publicamente o desejo da disputa majoritária, além do fator de que lançar Geraldo Melo seria contrastar a tese de renovação com um candidato das antigas – os peemedebistas começam a buscar alternativas caseiras. Ou melhor: familiares.

O prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), tem sido sondado pelos primos que comandam o PMDB. Na terça-feira passada, o prefeito se encontrou em Brasília com o ministro Garibaldi Filho e postou, em sua conta pessoal no Twitter, que o papo sobre política predominou.

Carlos Eduardo, que disputou o Governo do Estado em 2010, só retornou à Prefeitura de Natal em 2012 e sabe que, caso aceite a oferta do PMDB, tal projeto não tende a ser bem digerido pelos eleitores. É que ele retornou ao Executivo natalense com a promessa de tirar a capital do Estado do ostracismo administrativo imposto pela gestão da jornalista Micarla de Sousa. Como ele pouco tem conseguido concretizar e teria que deixar o cargo em abril próximo, tal decisão seria uma arma para seus adversários. Com o convite a Carlos Eduardo, o PMDB evidencia que governar o Rio Grande do Norte não se trata de nenhum projeto administrativo e sim familiar.

O nome de Garibaldi Filho ainda é prioridade no PMDB. Ele tende a se lançar candidato em março ou abril. E mesmo assim somente depois que tiver certeza que a governadora Rosalba Ciarlini não apresentar ameaça. Afinal, Garibaldi sabe perfeitamente que é possível que o governo estadual se recupere.

Reprodução Cidade News Itaú

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