quarta-feira, julho 10, 2013

Egito investigará 650 suspeitos por mortes; ONU pede transparência

A Procuradoria-Geral do Egito iniciou nesta terça-feira (9) a investigação de 650 pessoas suspeitas de envolvimento na morte de ao menos 55 pessoas em massacre ocorrido em frente a um complexo militar no Cairo. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal. Na última segunda-feira (8), soldados abriram fogo contra uma multidão que protestava contra a derrubada do presidente Mohamed Mursi pelos militares, na semana passada.

Militares e manifestantes dão versões diferentes sobre o episódio. A Irmandade Muçulmana, instituição a que Mursi pertence, e sobreviventes da violência disseram que estavam realizando pacificamente as preces da madrugada quando forças de segurança começaram a atirar contra eles, sem que tivessem sido provocadas.

Já os militares afirmam que homens armados atacaram soldados na área ao redor do complexo da Guarda Republicana, causando a morte de um militar e ferimentos em outros 42.

A agência estatal egípcia de notícias Mena informou que os suspeitos estão sendo acusados de crimes como assassinato, tentativa de assassinato, "vandalismo", porte de armas e munição sem licença, obtenção de explosivos, comprometimento da segurança pública "com finalidade terrorista" e bloqueio de vias.

A notícia não especifica quem está sob investigação, mas se refere ao incidente como "um ataque de grupos terroristas contra soldados e oficiais das Forças Armadas".

O governo interino do Egito havia anunciado na segunda-feira ter formado um comitê judicial para investigar a matança.

ONU pede transparência
A ONU pediu hoje uma investigação transparente, independente e imparcial das mortes. A alta comissária dos Direitos Humanos, Navi Pillay, reiterou em nota que as investigações das mortes no Egito devem ser conduzidas por uma entidade independente, imparcial e que os resultados sejam tornados públicos.

A porta-voz de Navi Pillay, Cécile Pouilly, pediu que todas as partes mantenham o caráter pacífico das manifestações em curso no Egito. Na sua nota, a alta comissaria pede máxima contenção aos militares e polícias, e que garantam o cumprimento das obrigações internacionais de direitos humanos e das normas internacionais de policiamento.

Pillay lembra às autoridades egípcias que quaisquer incidentes que resultem em mortes e ferimentos requerem uma investigação imediata, completa e transparente, e que os declarados culpados sejam levados à justiça.

A ONU instou ao diálogo construtivo entre as partes, num processo amplo e inclusivo para que o país siga adiante. Após as mortes, o Secretário-Geral condenou os atos e pediu que estas sejam averiguadas de forma exaustiva. Um apelo foi lançado aos egípcios para que façam de tudo para evitar uma escalada da violência.

Deste o início da atual crise política que levou à deposição do ex-presidente Mohamed Mursi, no dia 3 de julho, pelo menos 81 pessoas foram mortas e outras 1,3 mil ficaram feridas no país do norte de África.

Reprodução Cidade News Itaú

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