sexta-feira, maio 24, 2013

Após testar prótese, ciclista da Paulista sonha com braço tatuado


David testa a mão biônica, que deve receber em 30 dias (Foto: Luana Eid / G1)

O ciclista que foi atropelado na Avenida Paulista e perdeu o braço fez na manhã desta sexta-feira (24), em Sorocaba (SP), o primeiro teste para a prótese que vai receber. David dos Santos Souza, de 21 anos, ganhou a adaptação biônica de um empresário da cidade e que deve ficar pronta em 30 dias. 
"Vai ter tatuagem, né?", questionou David, logo que chegou à clínica. "Vou malhar tríceps ou bíceps? Tem mais testes? Pra eu cansar vai o dia inteiro". Foi assim, com piadas sobre a própria condição, que David demonstrou que o acidente não o abalou. É esse comportamento que faz com que os fisioterapeutas acreditem no sucesso da adaptação à prótese. "Ele vai conseguir aproveitar a prótese em 100% e é por causa da cabeça dele", comentou o fisioterapeuta Anderson Nolé.
Os fisioterapeutas tiraram moldes para a fabricação da prótese, que vai contar com um cotovelo com comando cerebral e mão biônica controlada pelo bíceps e pelo tríceps. O custo da prótese - a mais moderna disponível no mercado - é de R$ 320 mil. Nelson Nolé, dono da clínica, doou a adaptação a David, além de todo o acompanhamento. "Tudo será revestido por uma luva totalmente tatuada", revelou Anderson Nolé, que vai atender ao pedido do ciclista.

A prótese vai ajudar David em sua nova rotina. Em meio a fisioterapia, aulas e cursos, o jovem conta que a rotina já é outra. "Minha vida está até mais agitada. A semana passa voando. Essa fase de aprendizagem não está difícil, não. Tem gente muito pior do que eu", comentou o rapaz, que anda dispensando cursos de inglês e de desenho por falta de tempo. Ele faz aulas semanais de sertanejo universitário, vai à escola e às sessões de fisioterapia que duram o dia inteiro. "Semana passada eu andei de bicicleta de Diadema a Guarapiranga", contou, surpreso com o próprio desempenho.
David vai começar na próxima segunda-feira (27) um curso de brigadista e socorrista. Assim que terminar já tem emprego garantido. "Vou dar aulas de primeiros-socorros. Quero ensinar as pessoas a socorrer e a agir em casos como o meu, de atropelamento", relata. Com o dinheiro que ganhar, ele planeja fazer faculdade de engenharia civil.

A mãe de David, Antonia Ferreira dos Santos, abandonou o emprego para acompanhar a nova rotina do jovem. "Vou com ele para todos os lugares. Ele até deve enjoar de mim. Só dou sossego quando ele vai na escola ou no baile", conta a mãe, que está admirada com a força de David. "Quando eu entrei no hospital e o vi todo enfaixado, a primeira coisa que ouvi dele é o que me dá forças até hoje. 'Mãe, se fossem os dois braços isso não iria me abater. Imagina um só'. Eu fui para apoiá-lo e quem me apoiou foi ele", conta a mãe, orgulhosa da superação do filho. Ela garante que a felicidade de David hoje é maior do que a da época do acidente.
Sobre a mobilização de pessoas dispostas a ajudar, Antonia se diz muito feliz. "Eu nunca teria condições de dar a ele tudo o que estão oferecendo. Nós dispensamos cursos de inglês, por exemplo, por falta de tempo. Isso me deixa muito emocionada", declara a mãe.
Incentivo
Quando viu o caso de David pela TV, o empresário Amadeu Alexandre Gomes resolveu procurar a clínica em Sorocaba. Ele perdeu o braço em um acidente de empilhadeira. "Eu ainda estava hospitalizado quando vi a matéria sobre ele. É um grande exemplo de superação, principalmente por ele ter perdoado o motorista que o atropelou", conta Amadeu, que agendou sua vinda de Minas Gerais para Sorocaba para, além de buscar sua prótese, conhecer o rapaz.

David trocou experiências com paciente que foi buscar uma prótese (Foto: Luana Eid / G1)

David trocou experiências com Amadeu e, mantendo o bom humor, brincou com a situação. "Agora eu sei como vai ser o meu aperto de mão", disse David, ao cumprimentar o novo amigo. Nelson Nolé é o dono da clínica e conta que o caso de David vai servir de inspiração para outros pacientes. "O caso dele teve repercussão nacional pela brutalidade do acidente. Devolver o sorriso a ele é o que nos deixa feliz. Ele merece", disse Nelson.

Os fisioterapeutas tiraram o molde para a confecção da prótese (Foto: Luana Eid / G1)Os fisioterapeutas tiraram o molde para a
confecção da prótese (Foto: Luana Eid / G1)
Fase de adaptação
Depois que a prótese estiver pronta, David deve passar de três a quatro dias em Sorocaba para sessões intensivas de fisioterapias. Todos os custos serão bancados pela clínica.
"Nós só entregamos uma prótese ao paciente depois que ele estiver em condições de usar e com ele não vai ser diferente. Vamos dar todo o apoio", comentou Nelson Nolé Filho, um dos fisioterapeuras da clínica.

Reprodução Cidade News Itaú

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