quinta-feira, janeiro 31, 2013

Dinho Ouro Preto diz que Congresso "se lixa para a opinião pública"


Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial
Depois de lançar o novo disco com a música "O Lado Escuro da Lua", que trazia reflexões existenciais --algo condizente com uma banda que completa 30 anos-- o Capital Inicial agora investe em um trabalho mais engajado e político.

"Saquear Brasília", nova música de trabalho do álbum "Saturno", lançado em dezembro de 2012, aponta de forma clara o descontentamento da banda brasiliense com a situação política atual do país.  A faixa está disponível na Rádio UOL.

"Política faz parte das nossas conversas de um modo diário, desde que éramos adolescentes", conta o vocalista Dinho Ouro Preto. "Crescemos num ambiente muito politizado. O Capital cresceu dentro da UnB [Universidade de Brasília]. Sempre houve um debate político acalorado. Eu comecei a escrever a letra durante o julgamento do Mensalão. Mas sou contra o maniqueísmo e quis evitar que fosse vista como um manifesto contra o PT. Para ser sincero, fui eleitor do partido até 2005, desde então voto nulo".

Na letra, não fica claro a referência ao Mensalão nem a qual dos três poderes a indignação se dirige, mas o vocalista faz questão de esclarecer: "Se eu fosse dirigir o meu dedo acusador a alguém, eu dirigiria ao legislativo. É uma coisa mais minha, não posso falar pelo Capital, mas acredito que o Congresso é, de todas, a instituição menos confiável. Li até uma pesquisa que dizia isso. Há uma descrença com a classe política que acredito ser causada mais por uma decepção generalizada com o legislativo e pela percepção de que aquilo é um balcão de negócios. Não tem nada mais emblemático disso do que a eleição do Henrique Alves e do Renan Calheiros [candidatos à presidência da Câmara e do Senado, respectivamente]. É uma instituição que corre na contramão da sociedade, que se lixa para a opinião pública".

Para Dinho, o conteúdo da faixa faz com que quase não seja uma nova música de trabalho. "Para ser de trabalho, pressupõe que seja uma música aceita por todas as rádios e televisões para promover o disco. No caso desta faixa, não é bem isso. Optamos quase por uma operação de guerrilha. Só uma rádio, a UOL 89, se dispôs a tocar. No entanto, a repercussão só por esses meios --UOL 89, nosso site e o Facebook da banda-- tem sido incrível".

"Acho que foi algo de captar o espírito do tempo", diz o vocalista, que está surpreso com a repercussão de "Saquear Brasília".

Dinho acredita que existe no país a percepção de que a classe política está ficando para trás. "A sociedade brasileira percebe isso, daí verem o congresso como instituição menos confiável. Ao mesmo tempo, aquelas pessoas foram colocadas ali por essa sociedade. Se os brasileiros não percebem os políticos como confiáveis e votam neles, é porque não veem alternativas. Acredito que se houvesse uma opção na cédula para anular a eleição, muitos poderiam optar por isso".

Esta é uma proposta que o vocalista do Capital pretende levar adiante. Ele conta que há muito tempo quer fazer um abaixo assinado para a criação de uma lei que anule a eleição no caso de os votos nulos alcançarem um determinado patamar. A ideia de Dinho é colocar estas petições nos shows do Capital para coletar as cerca de 1,4 milhão de assinaturas necessárias para levar um projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso.

O Capital Inicial se apresenta em São Paulo no dia 23 de março, no Credicard Hall. Os ingressos já estão à venda no local, no site www.ticketsforfun.com.br ou pelo telefone 4003-5588, e custam entre R$ 35 e R$ 200.

Reprodução Cidade News Itaú

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